Cidades

Covid-19: protocolo limita acesso de idosos à UTI do Hran

Segundo denúncia recebida pela OAB/DF, protocolo enviado pela diretoria do hospital determina que pacientes geriátricos em estado grave não sejam encaminhados à UTI. Secretaria de Saúde afirma que esse fluxo nunca foi adotado na unidade e que todos os pacientes são tratados igualitariamente

Correio Braziliense
postado em 20/05/2020 17:13
Segundo denúncia, funcionários do Hran receberem protocolo que discrimina idososFrente à crise de saúde causada pela pandemia do novo coronavírus, profissionais questionam protocolo de atendimento do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) destinado a pacientes com covid-19. Segundo fontes ouvidas pelo Correio, o documento discrimina pacientes idosos em estado grave, pois sugere que, a depender da lotação da unidade de saúde, o grupo não tenha acesso à UTI do hospital. A Secretaria de Saúde afirma, no entanto, que a medida nunca foi adotada e que todos os pacientes são tratados igualitariamente.

O protocolo, enviado em 4 de abril, via Sistema Eletrônico de Informações (SEI), com informações para encaminhamento de pacientes em caso grave foi questionado pelos funcionários do Hran. De acordo com a regra, pacientes do grupo 1, com bom prognóstico e do grupo 2, dialíticos, devem ser encaminhados para as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) 1 e 2, box e ala 2, caso UTI esteja lotada. O grupo 3 (geriátrico) teria acesso apenas a Ala 1.
 
Contudo, de acordo com denúncia anônima, recebida pela Presidente da Comissão de Direito à Saúde da OAB/DF, Alexandra Moreschi, o local destinado aos idosos não possui estrutura para os cuidados necessários de pacientes infectados com o coronavírus. Veja documento abaixo.

Segundo denúncia recebida pela OAB/DF, protocolo enviado pela diretoria do hospital determina que pacientes geriátricos em estado grave não sejam encaminhados à UTI. Secretaria de Saúde afirma que esse fluxo nunca foi adotado na unidade e que todos os pacientes são tratados igualitariamente

Em trechos de documento enviado ao gabinete de crise do hospital, a que o Correio teve acesso, os profissionais declaram a insatisfação com o protocolo. "Tal fluxo carece de justificativas ético-legais em relação à escolha de pacientes críticos e destitui informalmente a regulação de leitos do DF como responsável em realizar a triagem dos pacientes com indicação de UTI", esclarece trecho do documento.

"Não vamos nos posicionar ainda, porque vamos fazer uma nova vistoria para verificar a situação no Hran, isso deve acontecer nos próximos dias. Depois dessa vistoria, em ação conjunta com outros órgãos, vamos tomar as providências, provavelmente encaminhar para o Ministério Público e pedir informações para a secretaria. Mas isso só depois da vistoria in loco no Hran", afirma Alexandra Moreschi. 
 
Em contrapartida, a Secretaria de Saúde afirma que o protocolo foi alterado ainda em março e que fluxograma "nunca chegou a ser adotado pela unidade, embora o documento tivesse sido disparado no sistema", explicou, em nota. A pasta ainda acrescentou que todos os pacientes da unidade hospitalar da Asa Norte são tratados igualitariamente. "Não há separação por comorbidade, conforme sugere a denúncia.Atualmente, não há divisão por casos, todos no pronto-socorro são positivos. A separação dos pacientes é feita por alas, sendo as alas 1 e 2 para os mais graves, 3 e 4 para os mais estáveis", acrescentou a secretaria.

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