Cidades

Quase 23% dos servidores da UPA de Samambaia estão com coronavírus

Dos 249 servidores, 57 testaram positivo, sendo que 55 profissionais estão afastados em acompanhamento domiciliar e dois cumpriram o período de quarentena e puderam voltar às atividades

Em Samambaia, o aumento do número de casos confirmados do novo coronavírus tem impactado diretamente os servidores da saúde. De acordo com o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IGES-DF), quase 23% dos colaboradores que atuam na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade foram diagnosticados com a covid-19 nos últimos 41 dias. Entre eles, estão técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos.

Ao todo, a UPA de Samambaia conta com 249 servidores. Deste universo, 57 testaram positivo para o novo vírus, sendo que 55 profissionais estão afastados em acompanhamento domiciliar e dois cumpriram o período de quarentena e puderam voltar às atividades. 

Saiba Mais

O Instituto esclarece que, desde o início da pandemia, adotou, na unidade de saúde, todas as medidas em conformidade com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e com o Ministério da Saúde (MS) para realizar o atendimento de casos suspeitos ou confirmados de covid-19. Da mesma forma, foram aplicados protocolos para garantir a segurança dos profissionais e pacientes. 

"Os equipamentos de proteção individual (EPIs) estão disponíveis e, assim como em todas as unidades administradas pelo IGESDF, a UPA passa diariamente por desinfecção geral em todos os seus ambientes", informaram. 

O alto índice de contaminação dos servidores, para o Instituto, decorre do aumento de casos em Samambaia - a quarta com o maior número de infectados no DF de acordo com boletim da Secretaria de Saúde divulgado neste domingo (17/5).

Em média, a UPA realiza 12 mil atendimentos mensais. Apesar do impacto da chegada da covid-19, o IGES-DF garante que não houve restrição nos serviços. Para equilibrar o déficit causadopelos afastamentos dos servidores, o Instituto contratou equipes temporárias treinadas e ativas em outras unidades. Até esta terça-feira (19/5), 20 colaboradores passarão a compor a equipe da UPA de Samambaia. 

Além da testagem de todos os servidores com ou sem sintomas e o afastamento imediato dos profissionais com casos confirmados, o Instituto garante realizar ainda a testagem dos familiares desses servidores. Também providencia a instalação de uma cabine de desinfecção e de salas de paramentação e desparamentação, bem como a restrição do acesso, por parte dos colaboradores, ao refeitório. 

"O IGES- DF também tem realizado assistência emocional e psicológica aos colaboradores. Há, ainda, o reforço no treinamento para o uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPIs), e conscientização da extrema necessidade de que sejam usados, além de orientação para paramentação e desparamentação também tem sido feitos pela gestão", concluem em nota. 


Interdição

Na sexta-feira (15/5), o Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro-DF) e a Ação Conjunta contra a covid-19, formada por integrantes do Conselho Regional de Enfermagem do DF, da Ordem dos Advogados do DF, do Conselho de Saúde de Brasília, do Conselho de Saúde do DF e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa, realizaram uma visita na UPA de Samambaia. 

Diante das denúncias e da situação encontrada, o sindicato deve enviar, até esta quinta-feira (21/5), um pedido para que o Ministério Público do DF (MPDFT) avalie a necessidade de interdição e desinfecção da unidade. 

Restrição à EPIs, profissionais contaminados pelo novo coronavírus, unidade sem protocolo para admissão de pacientes com o vírus são algumas das irregularidades apontadas. Na avaliação do sindicato, os fatos em Samambaia são dramáticos.

Lista de irregularidades encontradas na visita à UPA de Samambaia:

– Restrição à EPIs;
– 50 profissionais com Covid;
– Unidade sem protocolo para admissão de pacientes com Covid;
– Apenas uma enfermeira para coletar swab, fazer classificação e atender no covidário;
– Gerência assumiu no meio da pandemia;
– UPA atualmente sem gerência administrativa, pois quase todo o administrativo está contaminado;
– Supervisão de enfermagem afastada;
– UTI Vida desparamentada, utilizando apenas máscaras;
– Funcionários novos chegando sem treinamento.