Cidades

'O momento não é de disputa'


Em entrevista ao CB.Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília — a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) falou sobre a liberação de R$ 23 milhões para o Governo do Distrito Federal destinar à assistência social, comentou sobre a atuação do Executivo local no combate ao coronavírus e sobre o aumento de casos de violência contra a mulher durante a pandemia. A parlamentar defendeu ainda o trabalho conjunto dos Três Poderes no combate ao vírus e reprovou manifestações contra a democracia. Confira os principais trechos da entrevista:


A senhora aprovou na Câmara um projeto que autoriza os Fundos de Assistência Social dos estados a repassar valores para os municípios. Qual o valor desse  benefício e como as famílias serão beneficiadas?
É um projeto que retoma os fundos que desde dezembro de 2019 estavam parados. São recursos da assistência social que somam o montante de R$ 1,5 bilhão. A assistência social é um dos grandes gargalos que a população tem vivido nesse tempo de pandemia. As pessoas estão passando por muitas necessidades, precisando de auxílios, inclusive auxílios novos, que não eram corriqueiros, como para catadores e carroceiros. Só para exemplificar, para o Distrito Federal, isso vai significar R$ 23 milhões que estavam parados no fundo e voltariam para a União e que, agora, o Governo do Distrito Federal poderá usar para assistência. Algo essencial para a população, que está sofrendo tanto.

Como a senhora avalia a atuação do governador Ibaneis Rocha (MDB) durante a pandemia?
Acho que o governador foi muito feliz em ter saído à frente nas medidas de isolamento. Isso está provado nos números. O índice está muito abaixo do esperado. Agora, ele precisa ter cautela, não pode errar.

Existe uma pressão do comércio em relação ao retorno das atividades, como a senhora acha que isso pode ser feito?
Primeiramente, a gente tem que pensar em recursos para esses trabalhadores, eles precisam de uma ajuda financeira para não fecharem seus negócios. A gente tem recebido algumas reclamações de pessoas que não conseguiram ter acesso ao crédito no Banco de Brasília (BRB). Isso precisa ser avaliado. A população tem sofrido em todos os aspectos: sociais, econômicos e da saúde. A gente precisa pensar em cada caso. Quando o governador tomou essa medida de fechar o comércio, tomou uma medida arrojada, mas muito bem colocada e no momento correto. Agora também necessita ter muita cautela. Qualquer movimentação errada, pode colocar tudo a perder. Ao mesmo tempo, existem pessoas que precisam voltar. Então, tudo precisa ser muito bem conversado com a sociedade, pensado pelo governo, para isso não causar nenhum prejuízo, tanto na saúde quanto na economia.
 
Como a senhora avalia a atuação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)?
A gente tem um único inimigo comum a todos, que é o vírus. Esse é o foco. O momento não é de criticar, nem para um lado nem para o outro. O momento é de engrandecer o debate e trazer as responsabilidades tanto para Executivo, como para Legislativo e Judiciário, de um momento em que o país espera de todos nós o posicionamento como referência não só dos exemplos a serem seguidos, mas das medidas a adotadas e dos resultados que isso tem trazido. Nós, enquanto parlamentares, temos feito a nossa parte. A gente aprovou um auxílio emergencial de R$ 600. Isso tem sido uma grande ajuda para a população. Mas a gente precisa lembrar que muitas pessoas ainda não foram atendidas.

Esse protagonismo do Congresso não é o reflexo de uma falta de  eficiência do Poder Executivo?
O momento não é de disputa ou protagonismo. Todo mundo precisa estar desprovido de vaidade e de qualquer tipo de pensamento que não seja o combate ao vírus. A união dos Três Poderes é fundamental.

A senhora é coordenadora da Comissão de Combate à violência contra a mulher, que são crimes que geralmente ocorrem dentro de casa. Como está sendo esse trabalho? Aumentou o número de casos de violência nesse período de isolamento?
Infelizmente, esse número cresceu no mundo inteiro. Devido ao isolamento, as mulheres têm sido vítimas de todos os tipos de violência dentro de casa. Uma violência muitas vezes silenciosa. Em um momento em que pedimos para as pessoas ficarem em casa, a casa tem sido para muitas delas o lugar mais perigoso. Nesse momento é muito importante a denúncia, não só por parte das vítimas, mas também daqueles que ouvem as agressões. Temos o Disque 180 e muitas plataformas de atendimento e de recursos para que essas mulheres busquem socorro.

Recentemente, vimos manifestações antidemocráticas, pedindo o fechamento de Congresso. Como avalia isso?
A gente demorou muito tempo para conquistar a democracia e isso é irreversível. Não podemos admitir nenhum tipo de manifestação ou de falas antidemocráticas. Eu quero deixar registrado o papel fundamental que a imprensa tem tido nesse momento. Ela é uma das grandes conquistas nesse Estado democrático de direito. Além dos poderes: Legislativo, Judiciário e Executivo. Nós somos um tripé que forma o Estado democrático de direito. Isso não pode ser discutido ou debatido. É criminoso quem defende a volta de qualquer regime autoritário ou que derrube a democracia.