Cidades

População adere ao uso de máscaras; fiscalização já está valendo

PM, Bombeiros e DF Legal são responsáveis por checar quem cumpre a medida e começam a fiscalizar o uso do equipamento nas ruas. Ontem, uma mulher foi levada à delegacia após se recusar a usar a proteção

A circulação de pessoas com máscaras faciais se tornou parte do cenário do Distrito Federal. Medida importante para evitar a disseminação da covid-19, o uso do equipamento de proteção individual em espaços públicos se tornou obrigatório em 30 de abril. Porém, apenas ontem a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e a Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) passaram a fiscalizar quem descumpre a regra. O cidadão flagrado sem o equipamento pode responder por infração sanitária e receber multa de R$ 2 mil.


De acordo com a norma, o acessório deve ser usado em todos os espaços públicos, vias, equipamentos de transporte coletivo, como ônibus e metrô, estabelecimentos comerciais, industriais e de serviços da capital. Entretanto, ontem, o Correio flagrou algumas pessoas que descumpriam a regra e circulavam sem a máscara. No início da tarde, havia dezenas de vendedores ambulantes na Rodoviária do Plano Piloto, alguns deles sem o equipamento. Os comerciantes também não se inibiam com a presença de policiais militares e de agentes do DF Legal que percorriam o terminal. Segundo a secretaria,  foram realizadas diversas apreensões de produtos vendidos irregularmente.

Infração sanitária

O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), ressaltou que a fiscalização das máscaras terá objetivo educativo e que a multa será aplicada apenas em casos de resistência. “Pensamos em conscientizar a população e entregar máscaras. A partir de hoje, vamos ter equipe nas ruas fazendo uma campanha não punitiva, mas educativa, para que as pessoas utilizem a máscara antes da reabertura do comércio”, destacou Ibaneis.

Entretanto, a abordagem educativa não surtiu efeitos em um supermercado do Sudoeste e a falta de máscara se tornou caso de polícia. Uma bióloga de 46 anos foi levada à 5ª Delegacia de Polícia (área central de Brasília) por se recusar a colocar o equipamento. Ela disse que foi barrada em frente ao mercado no Sudoeste, onde compraria alimento para os filhos. Para descumprir a regra, a mulher alegou que cabe à Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinar o uso, e não ao GDF.

Entretanto, a recomendação do uso de máscaras caseiras está prevista no site oficial da autarquia, que orienta ainda o cidadão a seguir as normas do Ministério da Saúde. Segundo informações da PM, como a acusada se recusou a assinar o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), ela foi levada à delegacia. De acordo com a Polícia Civil, ela responderá por infração de medida sanitária preventiva. Na unidade policial, a mulher assinou o TCO e foi liberada.

Cuidados


A maior parte da população, no entanto, tem aderido à recomendação. A auxiliar de serviços gerais Valdelice Ferreira de Albuquerque, 61 anos, está afastada do trabalho há mais de um mês. Quando precisa ir às ruas, sempre está de máscara. “Antes de ser obrigatório eu já usava. Essa doença mudou completamente nossa rotina e temos que nos adaptar”, ressaltou.

 

 


Para Vinicius Alves de Oliveira, 22, auxiliar de serviços gerais, o equipamento também se tornou parte da rotina. “No meu serviço, sempre foi obrigatório, e passei a usar fora dele também, antes de ser regra. Moro com meus avós, que são idosos, e preciso protegê-los”, ressaltou. De acordo com o jovem, até nas reuniões de família todos estão mantendo distância e usando o item.

O médico especialista em operações humanitárias e desastres no Brasil e no exterior Hemerson Luz, que atua nos hospitais de Base e das Forças Armadas, ressalta que o novo coronavírus é uma doença que evolui muito rápido. “No começo, as máscaras eram exigidas só para os profissionais de saúde. Porém, foi observado que nas regiões onde todo mundo usava o equipamento, a contaminação era menor”, explicou.

De acordo com o estudioso, a máscara é uma ferramenta para diminuir a disseminação da 
covid-19 na sociedade. “É como se fosse uma barreira. O vírus é transmitido por gotículas e a proteção facial evita que isso passe para outras pessoas”, frisa. Hemerson também orienta que todos tenham cuidado com a higienização das máscaras, para que o uso dela seja efetivo. “O ideal é que elas sejam trocadas a cada quatro horas e sejam manipuladas apenas pelos elásticos. Também não deve ser apoiada no queixo ou pescoço”, orienta.

Transporte privado

Motoristas e passageiros de táxis e de transportes por aplicativo também precisarão usar máscara de proteção facial. Ontem, portaria publicada pela Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) no Diário Oficial do DF (DODF) tornou a medida obrigatória na capital. Além disso, a regra prevê que os vidros dos veículos permaneçam abertos e que os pontos de maior contato, como maçanetas, bancos, volantes, apoios de braços e cinto de seguranças, tenham a higienização intensificada. O texto também prorroga até 31 de maio todas as autorizações do Serviço de Táxi do DF. A Semob também suspendeu novos pedidos de transferências relacionados à documentação de táxi previstos até a mesma data.