Cidades

Obrigado, minha mãe!

Mãe, uma palavra capaz de sintetizar memórias, afetos, cheiros, características, sorrisos e carinhos; um substantivo que é, ao mesmo tempo, forte e delicado; um nome que guarda tantos outros em um só. Hoje, o Correio pede licença às notícias da pandemia do novo coronavírus para preencher essas páginas com muito carinho. Se, por um momento, as mães renunciam à presença dos filhos que precisam se ausentar para atuar nos serviços essenciais nesse período difícil ou não estão presentes por desejo do destino, neste Dia das Mães, eles provam que não importa a distância ou a presença física. 
O amor materno é a vacina para esses momentos difíceis.


Uma saudade imensa
“Mamis, obrigada por você ser a minha luz e ter permitido que eu crescesse cercada das melhores coisas do mundo! Obrigada por estar sempre ao meu lado, pronta para receber e compartilhar tudo o que a vida me trouxe. Desde os primeiros desafios, como a entrada na universidade e a ansiedade pelo resultado que nós duas esperamos juntas. Pela incansável espera durante os longos meses em que morei fora, sem você nunca criticar e sempre confiando que voltaria mais madura e fortalecida. O auxílio e o apoio incondicional durante os difíceis dois anos de internato do meu curso de formação, quando você arrumava tempo para me ligar bem cedinho para dar bom dia e falar de horóscopo, mesmo que eu só tivesse 30 segundos livres.

Você nunca reclamou da ausência, apenas exaltava os momentos juntos. Passamos por um período muito difícil ao encarar a doença e a perda da vó, quando eu tive oportunidade de tentar estar lá para você, como você sempre esteve para mim. E, finalmente, agora você segue me ajudando a construir minha família, sempre com uma paciência eterna. Nosso último abraço foi em 18 de março. Ficar um tempinho sem abraçar garante que estejamos juntas por  muitos anos futuros. Te amo até o infinito!”

Ana Brito do Amaral Cotrim, 31, capitã do Corpo de Bombeiros Militar do DF



“Vamos lutar juntas”
“Mãe, desde que voltei para casa, há sete anos, esse será nosso primeiro Dia das Mães assim, sem seu abraço, seu carinho, seu colo. Para suportar essa distância, eu tento vê-la como eu via minha filha dentro do meu ventre: segura, protegida, apenas esperando o momento certo para tê-la em meus braços. Tudo isso vai passar, mãe! Pois tudo na vida passa, tanto as coisas boas quanto as ruins. Essa distância é necessária, mesmo que pareça exagero e que seja difícil para a senhora aceitar isso. Nós ainda nos alegraremos por termos lutado para estarmos juntas novamente! Outras pessoas podem  sentir culpa por terem feito pouco ou por não terem feito tudo o que poderiam fazer para protegerem uns aos outros, mas nós, não! Amo a senhora, mãe! Nós sempre andamos juntas, passaremos por esse desafio e continuaremos nossa caminhada. Uma ao lado da outra, sendo uma o suporte da outra, como sempre fizemos.

Minha mãe e eu sempre fomos muito apegadas e o ‘braço direito’ uma da outra. A forma como organizávamos nossa rotina fazia com que eu me sentisse a benfeitora de todos, a cuidadora de todos, aquela com quem todos podiam contar. Então, veio essa pandemia e mudou tudo nas nossas vidas. Por trabalhar numa empresa pública, que presta serviço essencial, no dia em que voltei ao trabalho, no início da pandemia, deixei de ser quem protegia e me tornei a principal possível fonte de contaminação da minha família. Acho que entender que eu representava um risco para todos eles foi a parte mais difícil, mais dolorida, e ainda é.

Tivemos que reorganizar tudo. Hoje, estão isolados em casa, sem sair para absolutamente nada: minha mãe, meu padrasto, minha filha e meu irmão, que também tem asma, mas deixou a esposa e o filho de  um  ano em outra unidade da federação para prestar a assistência que eu não posso mais prestar.
Aceitei meu papel de proteção a distância, mas ainda é muito dolorido ver as pessoas que amo por uma janela, com máscara, não poder dar colo para a minha filha quando ela chora e ter que fugir da minha mãe quando ela caminha em minha direção, com saudade da minha companhia.”

Clarissa Pacífico, 38 anos, agente metroviária


Sempre estará presente
“Mesmo com a preocupação da minha mãe, há quase dois anos sou policial penal do Distrito Federal. Mais difícil do que falar sobre toda a distância que as pessoas estão de suas mães, é conseguir resumir o que tenho para falar  em um só texto e em um só dia. Ela sempre foi o apoio que precisei. No momento difícil,  tinha o melhor conselho, o melhor colo, o carinho. Sua fé inabalável, que sempre me protegeu, e que até hoje protege. A sua forma de lidar com as adversidades e situações. Não teria como resumir o quão importante ela é para mim: me ajudou a escrever várias páginas da minha vida. Não poderei passar esse dia especial com a minha mãe, porque, há quase dois meses, ela se foi  depois de uma batalha contra o câncer. Mas, mesmo não passando o Dia das Mães com ela, eu sei que ela vai passar esse e todos os outros dias comigo.

Mãe, hoje a saudade é imensa, o coração fica apertado, mas sabemos que a vontade de Deus prevaleceu, e a senhora permanece em nossos corações com todo o amor e a sabedoria que sempre nos ensinou, e o mais importante, a memória daquele belo sorriso seu, que, por muitas 
vezes, nos alegrou.”

Ricardo Aurélio Reis, 31, agente penitenciário



“Logo estaremos juntos”

“Como moro em um apartamento pequeno e não tinha como manter o isolamento, optei por afastá-los, pois trabalho no hospital que recebe os pacientes positivos para a covid-19. Foi uma decisão muito difícil, de muito medo e incerteza de não voltar a vê-los, pois sei que é muito grande o número de profissionais que se contaminam. Cada dia que chegava em casa, minha pequena Sophia, de 3 anos, vinha correndo me abraçar, e eu tinha que fugir. Cada vez que minha mãe tossia ou espirrava, me cortava o coração.

Meu filho Jean, de 17 anos, tem bronquite asmática desde pequeno. Minha mãe é imunodeprimida, diabética, hipertensa e tem artrite reumatoide. Então, pensei muito e resolvi interromper os tratamentos dela e pedir para ela voltar para o interior de Goiás, em Cavalcante, levando meus dois filhos.

Minha mãe é o meu mundo, minha fortaleza e, ao mesmo tempo, meu cristal frágil, que morro de medo de quebrar. É na minha mãe que me inspiro e encontro força para levantar todos os dias e lutar, trabalhar e cuidar dos meus filhos. Com ela, aprendi que, independentemente de ter ou não um pai, somos os  responsáveis pelos nossos filhos. Ela sempre deu a vida e o sangue por nós. Amor incondicional.

Hoje, gostaria de dizer a ela: mãe, te amo e me orgulho muito por tudo que fez por mim. Obrigada. Nos momentos de solidão, penso muito em minha família e peço muita proteção para que Deus os proteja, cuide de cada um deles e me dê a chance de vê-los novamente e poder dar um abraço bem apertado em cada um deles. O que me faz continuar  é a promessa que fiz quando eles saíram de casa: que logo estaríamos juntos e que, assim que encontrá-los, farei a festa dos aniversários dos meus dois filhos, nas quais não estive presente pela primeira vez desde que nasceram. Amo-os sem medidas e espero logo estar bem pertinho deles com abraços e beijos. Mãe, te amo. Filho, você é minha vida. Filha, te amo, minha princesa. Vocês são minha razão de viver.”

Thaís Xavier Rege, 40, técnica de enfermagem no Hran



“Pode contar comigo”
“Minha mãe está internada, mas tento visitá-la com frequência. Ela representa tudo na minha vida. Apesar de a gente não morar junto, ela é meu grande alicerce. Hoje, quero dizer que ela pode contar comigo para o que der e vier e que ela é o grande amor da minha vida. Difícil falar de um momento marcante, todo dia tem uma história e vivemos uma relação muito feliz.”

João Paulo Borges Miranda, 27, entregador 



Muito carinho e doação
“Minha mãe representa tudo para mim. Representa uma mulher guerreira, que abdicou de muitas coisas para nos criar, sozinha. Hoje, gostaria de dizer a ela que eu não vejo a hora de essa fase passar, para que eu possa, novamente, abraçá-la e levá-la para viajar, como fazemos todos os anos. A palavra mãe me lembra carinho e doação, mas também me lembra renúncia. Foi o que eu e a minha irmã presenciamos. Para que pudéssemos estudar em bons colégios, ter acesso a esportes, à língua estrangeira e a uma boa faculdade, vimos o quanto ela abriu mão de fazer as coisas para ela. Minha mãe é também uma ótima companheira. Procuro presenteá-la sempre que possível, levá-la ao cinema, levá-la para comer fora e para viajar comigo. Uma forma de tê-la por perto e de retribuir pelo menos um pouco tudo que ela já fez.”

Bruno Mendes de Oliveira, 36, 
sargento da Polícia Militar


“Meu apoio incondicional”
“Eu sou e serei eternamente grata por tudo o que minha mãe fez e faz por mim. Apesar da distância, a senhora se faz presente em todas as fases da minha vida, sejam elas de alegria, de vitória, sejam de tristeza ou de derrota. Mãe, a senhora é o meu alicerce, meu apoio incondicional, é aquela que supriu sempre minhas necessidades. É aquela que me deu vida, amor, cuidado, enxugou as minhas lágrimas, corrigiu meus erros, me levantou dos meus tombos, me deu conselhos, disse não na hora certa. Muitas vezes, a senhora colocou meu bem-estar à frente do seu.

A senhora é uma grande amiga, é a única pessoa que consegue ser todas ao mesmo tempo, e que sempre comemorou as minhas conquistas. Para esta mulher incrível, eis minha declaração incondicional de amor! Feliz Dia das Mães. Te amo.”

Oldenice de Souza Lopes Mascarenhas, 40, 
gerente de supermercado


“Uma fé inabalável”
“Minha rainha, Samira, mãezinha, por 30 anos tive o privilégio de comemorar o Dia das Mães compartilhando e celebrando esta data ao seu lado e, há três anos, com os meus filhos juntos, a gente sempre ao redor da mesa. Esta é a primeira data em que não estamos juntas presencialmente, mas que em nada impacta a nossa relação, pois ela sempre foi firmada no amor. E esse é inabalável. Amor esse transbordante que a senhora tem passado à nova geração, que é apaixonada na ‘vovó mais espetacular’ que eles poderiam ter.

A senhora, para mim, traduz, como eu sempre digo, o cuidado e o amor de Deus sobre a minha vida e sobre os meus. É uma das minhas maiores inspirações de amor, de comprometimento, de comunhão, de compromisso, de excelência e de senso de propósito, motivo pelo qual sei que hoje, especificamente, a senhora entende o motivo de não estar presente celebrando a vida, recebendo o seu abraço, comendo da sua comida e desfrutando desta data tão especial.

Aprendi desde cedo com a senhora e com o meu pai que de nada vale a nossa vida, se ela não for compartilhada com pessoas, e se, de nós, não saírem virtudes ou se não refletirmos Cristo na vida das pessoas. Nesta última semana, como em todas as outras, a senhora acompanhou de perto o meu trabalho, que, ultimamente, tem exigido muito de mim. Além do desafio de me afastar de vocês, o cuidado redobrado com a minha casa e com todos os outros fatores e sentimentos envolvidos.

Não é fácil deixar os meus para cuidar de tantos outros, mas o que me mantém no foco é o senso de propósito em cada plantão, em meio a essa pandemia, e o fato de poder ser relevante na vida de tantos pacientes e familiares. Sei que, por vezes, a senhora chora e se preocupa comigo, com a minha saúde e com a minha vida, mas o mesmo Deus que me deu o privilégio de ser gerada no seu ventre, ser diariamente ensinada e inspirada pela senhora, que me deu o privilégio de ser mãe e que, depois disso, me fez te amar ainda mais, é o mesmo Deus que há de cumprir todos os planos a respeito da nossa família, da minha vida e de todas as outras coisas. Que seja breve até o nosso próximo abraço. Feliz Dia das Mães. Te amo, além do infinito. Sua caçula.”

Danielle Arabi Lopes Frazão, 31, 
médica residente do do Hospital Regional de Santa Maria