Cidades

Família diz que idoso acusado de atropelar PM foi espancado

Valdez Santiago Gomes, 77 anos, teve traumatismo craniano, rachadura na face próximo ao glóbulo ocular e pode ficar cego

Um idoso de 77 anos, envolvido em um acidente na DF-001, sentido Brazlândia, no último sábado (2/5), foi examinado nesta segunda-feira (4/5) pelo Instituto de Medicina Legal (IML). A família alega que Valdez Santiago Gomes foi espancado até ficar inconsciente por um sargento da Polícia Militar e pelo irmão dele, que o acusam de atropelamento. Ambos estavam de bicicleta.

De acordo com o filho de Valdez, Carlos Eduardo da Silva Gomes, o idoso teve traumatismo craniano e rachadura óssea na face próximo ao glóbulo ocular, além de vários hematomas pelo corpo. Ele poderá perder a visão de um dos olhos e sofrer sequelas neurológicas.

A ocorrência informada pela Polícia Militar alega que, na ocasião, Valdez foi preso em flagrante por embriaguez ao volante. Segundo consta na ocorrência, o teste do bafômetro teria apontado 0,76 mg/L. A família contesta a versão. Segundo o filho, o idoso não foi submetido a nenhum teste no local do acidente e que também não foi feita perícia para confirmar o atropelamento.

"Quando cheguei ao local do acidente, só havia uma viatura do Samu tentando estabilizar os sinais vitais do meu pai. Ele estava todo machucado e desacordado. Minha irmã o acompanhou até o HRT (Hospital Regional de Taguatinga e, lá, a ameaçaram e a retiraram de perto do meu pai. Se fizeram o bafômetro, foi no hospital, e não no local do acidente. Esse não é o procedimento. Eles tinham de ter feito um exame de sangue. Como fazem bafômetro em um homem desacordado?", questiona Carlos.
 
Segundo a família, Valdez não chegou a atropelar o ciclista. "Meu pai saiu do condomínio e estava escuro. Ele tinha que subir uma rampa de terra e não viu o ciclista, mas não o atropelou, apenas o derrubou da bicicleta. Uma testemunha que interviu na situação nos contou que, logo em seguida, o ciclista que caiu e o outro que vinha logo atrás começaram a agredir o meu pai ainda dentro do carro. Depois, o retiraram e continuaram batendo. O carro está cheio de sangue", detalha o filho da vítima.

Outra versão
 
A PM informou que chegou ao local do acidente apenas após a saída do idoso para o hospital e que a perícia ficou sob responsabilidade da Polícia Civil. O ciclista atropelado informou aos agentes que atenderam a ocorrência que machucou a clavícula, desmaiou e que não viu o que aconteceu. Mas o filho de Valdez, que estava no local, dá outra versão.

"Depois que o levaram para o HRT, chegaram cerca de 20 viaturas e policiais. Pedi para que identificassem os dois que fizeram aquilo com meu pai, mas me agrediram e me ameaçaram. Tomaram até meu telefone, além de ameaçar as outras testemunhas. Diziam que, se não sumissem, levariam todos presos", conta. "Um policial chegou a chutar o retrovisor do carro do meu pai e disse que era para simular o atropelamento. Mas o carro do meu pai não tem um amassado, um arranhão, nada que indique que o ciclista foi a vítima", complementa.

De acordo com a família, a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Contra Pessoa Idosa (Decrin) foi acionada e um boletim de ocorrência, registrado na 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro). 

Em nota, a Polícia Militar apenas reafirmou as informações do atropelamento e não rebateu as acusações da família.
 
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