Cidades

Alerta máximo ao sair de casa

Especialistas reforçam que população só deve deixar o isolamento social em casos de extrema necessidade. Medidas de higiene devem receber atenção redobrada. Brasilienses se preparam para a obrigatoriedade do uso de máscaras



O mês de abril se aproxima do fim e a população do Distrito Federal vive expectativas de relaxamento das medidas de distanciamento social implementadas com vigor durante o período de pandemia. Escolas, shoppings e diferentes setores do comércio fecharam as portas para reforçar a importância de ficar em casa para combater o novo coronavírus. Porém, o governo já informou estudar a possibilidade de retorno de algumas atividades nas próximas semanas, considerando o resultado do isolamento até o fim deste mês e as estatísticas futuras do avanço da Covid-19 na capital. Neste momento, se faz ainda mais necessário ouvir especialistas sobre qual é o momento certo para sair de casa.

Ana Helena Germoglio, infectologista do Hospital Brasília, lembra que devemos nos atentar às orientações que vêm sendo divulgadas mesmo que mudem os decretos e alguns estabelecimentos voltem a funcionar. “Mesmo com a abertura do comércio, shoppings e outros, é preciso evitar aglomerações e restringir a saída às atividades estritamente necessárias. Algumas orientações já foram feitas pelo próprio governo, como manter distância entre as pessoas, aumentar frequência de higienização de móveis e utensílios, evitar sair em horários de maior pico e evitar aglomeração em transporte público”, detalha. A especialista também diz que as máscaras ajudam a combater o vírus, mas a higienização das mãos não deve ser colocada em segundo plano por conta disso.

Yasmin Amany, 24, é cientista social e cumpre à risca o isolamento e a higiene. Exceto nos casos de necessidade, os quais ela conta nos dedos, Yasmin não sai de casa desde o fim de março. Ela lembra ter ido duas vezes ao supermercado e uma vez à padaria, apenas. “Minha rotina mudou completamente. Tive até que parar de trabalhar por conta da pandemia. Mas acredito que o isolamento é a única medida eficaz contra o coronavírus, porque a partir do momento em que a pessoa se isola, ela fecha uma porta para a doença não entrar em casa”, avalia.

Para ela, é necessário ainda se preocupar com outras infecções além da Covid-19 antes de sair do isolamento. “Sou contra o afrouxamento do isolamento social no momento em que mais doenças são comuns no DF, como gripes, bronquite e outras que podem nos deixar mais vulneráveis ao coronavírus”, ressalta.

Outra preocupação da cientista social é a falta de um tratamento específico para a enfermidade. Atualmente, não há cura para o coronavírus, apenas os sintomas podem ser combatidos. “Como a gente não tem nenhuma vacina ou remédio cientificamente comprovado, não tem como ficar à mercê da doença”, disse. No entanto, ela diz ter observado que as pessoas estão saindo mais às ruas.

“Muita gente começou a observar o coronavírus como algo sem importância. Foram perdendo o medo. Moro em Samambaia e vejo um movimento grande de pessoas nas ruas, gente que até passeia com crianças pequenas, idosos. É complicado, porque não adianta somente parte da população se isolar, é um dever de todos”, relata.

A moradora de Águas Claras Yasmin Gurgel, 21, também redobrou os cuidados. Para momentos em que é necessário sair de casa, ela começou a utilizar máscaras de fabricação caseira. “Minha mãe começou a produzir no começo do mês de abril, quando já estávamos sabendo sobre a dificuldade para encontrar em farmácias. As que a gente encontrava eram cirúrgicas, que serviam mais para os profissionais da saúde”, disse. No lar, só ela e a mãe saem para ir ao supermercado. “As máscaras foram feitas para nós duas, pois, aqui em casa quem sai somos nós, pois meu pai faz parte do grupo de risco”, conta.