Cidades

Aulas sem data para retorno

Governador usou as redes sociais para afirmar que não há previsão para que os alunos voltem às instituições de ensino. Decreto determinou o fechamento das escolas até 31 de maio devido ao coronavírus


Em mais um capítulo da polêmica sobre a reabertura ou não das escolas do Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha (MDB) usou as redes sociais para se pronunciar, e afirmou que não há previsão para a retomada das atividades dentro das instituições de ensino. Em uma publicação no Instagram e Facebook, o chefe do Executivo local informa que as secretarias de Educação e Saúde analisam de que forma poderá ser feita a volta às aulas. “Não há data prevista. O importante é ter segurança e responsabilidade para salvar vidas”, diz o comunicado. Em 12 de março, o Governo do Distrito Federal (GDF) publicou, no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), decreto determinando a suspensão das aulas nas redes pública e privada de ensino. O prazo, até o momento, é de que as escolas permaneçam com os portões fechados até 31 de maio.

O secretário de Educação, João Pedro Ferraz, contudo, havia informado a possibilidade de retorno dos alunos às salas de aulas em meados de maio. Em entrevista ao Correio, o titular da pasta deu detalhes sobre como isso será feito. Segundo ele, os estudantes precisarão seguir regras de proteção. O órgão irá adquirir equipamentos, como novos lavatórios e termômetros para medir a temperatura dos alunos. Quem tiver febre será enviado de volta para casa. O secretário, também, participou de uma live sobre o plano de retomada gradual, e afirmou que o ano letivo de 2020 será concluído até o fim deste ano.

Em nota oficial, a Secretaria de Educação informou que está mantida a previsão de reabertura em 31 de maio. “Para isso, a pasta precisa de informações relacionadas às condições de saúde dos servidores a fim de tomar todas as medidas cabíveis com relação aos profissionais que estão no grupo de risco.”

Dias antes, Ibaneis havia se reunido com o presidente da República, Jair Bolsonaro, para debater a reabertura dos colégios cívico-militares, possibilidade que não agradou aos pais. Uma petição on-line reúne, até o momento, mais de 19 mil assinaturas de pessoas insatisfeitas, pedindo a manutenção da quarentena. O receio é de que, com a aglomeração de crianças e adolescentes nas escolas, muitos acabem contraindo a Covid-19.

Novos casos

Até o fechamento desta edição, o Distrito Federal acumulava 1.253 casos de coronavírus, dos quais 682 pacientes haviam se recuperado. Ontem, mais 105 brasilienses receberam o diagnóstico da doença. Homens continuam sendo maioria, com 712 infectados, contra 413 mulheres. A faixa etária em que o vírus tem mais incidência é em pessoas entre 30 e 39 anos, sendo 27,53% do total das ocorrências.

O Plano Piloto continua sendo a região administrativa mais atingida, com 207 diagnósticos da Covid-19, seguido de Águas Claras (97), e Lago Sul (67). Até sábado, o Varjão não tinha nenhum morador infectado mas, agora, há um registro. Apenas Fercal não tem nenhum morador com a confirmação da doença. Enquanto isso, cresce a transmissão dentro do sistema carcerário, com 161 infectados.

No sábado, o DF chegou ao número de 27 mortes por coronavírus, após o falecimento da professora aposentada Celina Xavier Gontijo, 63 anos. Moradora de Águas Claras, ela esteve internada por 25 dias, na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital das Forças Armadas (HFA). A Secretaria de Saúde divulgou que a paciente tinha distúrbios metabólicos, o que foi negado pela família.

Em nota oficial, o órgão informou que, em função do sigilo do prontuário, não pode detalhar a comorbidade. “Minha mãe não tinha nenhum problema de saúde. Ela era muito saudável”, afirma a bancária Camila Gontijo, 39 anos. Ela conta que os primeiros sintomas apareceram em 21 de março, quando a mãe apresentou coriza. Uma semana depois, teve febre baixa — 37,5 ºC —, o que acendeu o sinal de alerta. “Pensamos que fosse uma sinusite e ficamos com medo dela ir imediatamente ao hospital. Contudo, como ela começou a ter muito cansaço e fadiga, insistimos para que fosse.”

Celina deu entrada no hospital em 31 de março, e logo foi internada na UTI. “Do momento que ela foi entubada, não apresentou nenhuma melhora significativa. Por isso, se eu puder deixar uma mensagem para as famílias, é para que cuidem uns dos outros”, destaca. Camila reforça a importância do isolamento. “Ficar em casa não é muito bom, ninguém gosta, mas é a única forma de preservar quem se ama. É a maior prova de amor que a gente pode dar para os nossos vizinhos, filhos, netos mas, principalmente, pais e avós.”

Por região
Veja quais as cinco regiões com mais casos de Covid-19 no DF
Plano Piloto 207
Águas Claras 97
Lago Sul 67
Guará 56
Ceilândia 48

Alento
Em tempos de quarentena, a arte é mais que necessária. Pensando em alegrar as pessoas durante o período de isolamento, Tico Moraes e Alexandre Raichenok se juntaram e decidiram levar um pouco de música para os prédios da capital. O projeto Varanda Musical Itinerante está na quarta edição. A última ocorreu, ontem no fim da tarde, na quadra 302 do Sudoeste. Da janela, moradores da região assistiam, aplaudiam e dançavam ao som do repertório dos músicos. Para quem quiser acompanhar, as apresentações também são transmitidas nas redes sociais do projeto, além de poder conferir a programação completa da dupla @varandamusicalbsb.