Cidades

Cardápio do chef



Restaurantes fechados, e população isolada em casa. Nada disso é motivo para comer mal. Para quem não sabe, não gosta ou tem preguiça de testar as habilidades no fogão, existe a opção de entrega em domicílio. O recurso foi adotado também por chefs e estabelecimentos renomados da cidade. Com alguns toques em um aplicativo de entrega, pratos elaborados por quem entende muito bem do assunto chegam na mesa de casa.

Há dois anos, o restaurante de comida mexicana El Paso aderiu à ferramenta. “Estamos há 25 anos no mercado, e eu sempre pensei que delivery não seria uma boa para a gente, porque nosso nicho é de experiência local, com a decoração, música, tudo escolhido por mim. Mas, graças a Deus, me deixei convencer”, relata David Lechtig, 52 anos, proprietário do restaurante. Com a experiência que já tinha, ele conseguiu, rapidamente, se adaptar à nova logística exigida durante a pandemia, como a inclusão de novos pratos.

É preciso muito mais perfeição ao se trabalhar com entregas. “Se você erra no restaurante, a cozinha está ali em cima, então pode corrigir na mesma hora. Em casa, o cliente espera por 40 minutos, então a expectativa e a fome aumentam. Se a entrega tem algum erro, é muito mais difícil corrigir.” Reticente no início, ele acredita que o delivery deve continuar intenso após a crise. “Prevejo que 30% a 40% do meu faturamento passem a ser dessa forma. As pessoas já se acostumaram a receber em casa, e se sentem seguras.”

Veio para ficar

A sensação não é só dele. Paulo Mello, 59 anos, chef do restaurante Dona Lenha, afirma que as entregas vieram para ficar. “Quem não tinha o serviço, agora faz, e vai continuar depois que tudo passar. E quem não tinha o hábito de pedir, passou a fazer e não vai parar mais”, afirma. Se, antes da crise, o foco dele era no delivery de pizzas, agora todo o cardápio é oferecido. “Se precisamos prestar esse serviço, que seja completo. É uma forma de agradar o cliente.”

O filé à parmegiana, favorito da clientela, é o prato mais pedido, mas ele conta que as saladas também têm boa saída. “Faz sentido, porque é uma coisa de todo dia, sempre fresca. Para fazer em casa, a pessoa tem de ir todo dia ao mercado, e com tudo o que acontece, é mais difícil”, pondera. “Quem quer se aventurar na cozinha pode, por exemplo, fazer o básico em casa, o arroz e feijão, e pedir por aplicativo só a salada ou proteína. Assim dá pra comer alguma coisa diferente e não gastar tanto.” Os chefs garantem: é possível, mesmo com o transporte, manter a qualidade dos pratos.