Correio Braziliense
postado em 24/04/2020 06:00
O vice-presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), deputado distrital Rodrigo Delmasso (Republicanos), defendeu a flexibilização das restrições do comércio na capital. O parlamentar destacou que é preciso fazer uma transição de isolamento, autorizando o retorno das atividades econômicas, gradativamente, para então chegar ao isolamento vertical, no qual apenas as pessoas em grupo de risco ficam de quarentena.O tema foi discutido em entrevista no programa CB.Poder — parceira do Correio com a TV Brasília. O distrital destacou, também, a importância dos servidores públicos para recuperar a economia após a pandemia e analisou positivamente a aproximação do governador Ibaneis Rocha (MDB) com o presidente Jair Bolsonaro.
Como o senhor está vendo essa decisão do governo do DF de reabrir o comércio? O senhor também está propondo a reabertura dos templos religiosos. Como avalia isso?
O governo precisa fazer uma espécie de transição. Começou com modelo de isolamento horizontal, ou seja o isolamento social de todos para evitar o contágio, e agora é necessário que se faça a transição para o isolamento intermitente, abrindo aos poucos as atividades econômicas, principalmente aquelas que não geram aglomeração de pessoas, até que se chegue ao isolamento vertical, isolando somente a população de risco. Em relação aos templos religiosos, nós tivemos uma reunião com o chefe da Casa Civil e sugerimos alguns critérios para autorizar a realização de celebrações presenciais. A nossa proposta está de acordo com a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS): distanciamento de quatro metros quadrados (dois de cada lado), uso de máscara, a disponibilização de álcool em gel na entrada, além da orientação de membros acima de 60 anos e crianças abaixo de 10 não frequentem as celebrações durante esse período.
E as escolas? É preciso dar um tempo maior para a reabertura? Qual a sua opinião?
A Comissão de Educação da Câmara fez uma reunião com os pais das escolas militares, que foram citados inicialmente nessa reabertura. Todos os pais foram contrários à abertura das escolas neste momento, mas o governador foi a público explicar que ele pediu à Secretaria de Educação um estudo, em 10 dias, para saber como voltar às aulas com segurança em 31 de maio. Da mesma forma que outros setores da economia estão abrindo, é importante a educação também ter um plano. Para mim, o prazo vai depender muito dos números. No DF não teve aquele o aumento que se esperava. Isso porque nós nos antecipamos nas medidas e estamos colhendo os frutos dessa antecipação.
Mas a gente não coloca em risco todos os ganhos?
Acredito que não. O governo está fazendo, paralelamente, a testagem em massa. Com isso, a gente consegue isolar quem está com o vírus e liberar quem está saudável. Mas, claro, o retorno de qualquer atividade precisa ter um plano de contingência e os cuidados com a biossegurança.
O que a Câmara Legislativa tem feito nesse período de pandemia?
Queria destacar alguns projetos de lei que foram aprovados e estão aguardando a sanção do governador: o que estabelece o método de negociação das mensalidades escolares; o de criar o plano emergencial de manutenção da renda, um benefício de um salário mínimo durante três meses para trabalhadores que perderam o emprego, por causa da pandemia — esse benefício não vai gerar nenhum ônus ao governo, porque será remanejado um recurso da Fundação de Apoio à pesquisa; e o terceiro, é o que obriga a utilização de máscaras para todos no DF — além de outras propostas relacionadas à higienização do transporte público. A Câmara tem aprovado, por sessão remota, em média, 20 projetos de lei. Realizamos seis ou sete sessões, devemos estar com mais de 140 projetos aprovados.
Sobre a aproximação do governador com o presidente, como o senhor avalia?
Avalio como uma estratégia muito inteligente de ambos os lados. O presidente está se aproximando do governador da capital da República e o governador Ibaneis se aproximando do presidente, dono do Fundo Constitucional do Distrito Federal, que paga a nossa segurança, saúde e parte da educação.
O governo editou uma medida provisória facilitando as negociações das empresas do setor privado, reduzindo os salários em 25%. Os servidores precisam dar a cota deles? Até agora nada foi feito em relação ao funcionalismo.
Eu acredito que a gente precisa fazer essa avaliação com muita cautela. Na minha visão, a grande mola propulsora para o retorno do crescimento da economia vão ser os investimentos públicos. O governo vai precisar fazer investimentos em obras, em infraestrutura. E cortar salário de servidor neste momento não é inteligente. É ele que vai pegar esse recurso público e colocar no mercado. Se você cortar o salário dele, esse recurso vai ficar parado em algum lugar.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.