Cidades

'Só com testes vamos saber número real de casos', diz infectologista

Segundo a infectologista Ana Helena Germóglio, 70% das pessoas infectadas terão sintomas leves e, sem teste, dificilmente serão apontadas como potenciais transmissores do vírus

Infectologista do Hran e do Hospital de Águas Claras, Ana Helena Germóglio explica que a realização de testes em massa, como a iniciada ontem no Distrito Federal, é a única forma de as autoridades de uma cidade, um estado ou um país terem a verdadeira dimensão da presença do novo coronavírus.

A especialista lembra que a medida é uma das duas ações recomendadas pela Organização Mundial de Saúde para combater a pandemia de Covid-19. A outra é o isolamento social. Leia a seguir a entrevista com a médica.
 
O teste em massa é uma boa opção nesse momento?
Como diz o presidente da OMS (Organização Mundial da Saúde), umas das principais medidas, além do distanciamento social, é a testagem. Só assim vamos saber o número real de casos. No início da pandemia, pela escassez de recurso nos hospitais públicos e privados, os testes eram realizados em pacientes em estado grave e os que estavam internados. Até então, não sabia o real número de casos. Com essa testagem em massa, acredito que vamos ter números mais precisos dos casos no DF.

A ação pode ajudar no controle da doença no DF?
Muitos pacientes não foram diagnosticados, porque eram casos leves. Cerca de 70% da população acometida vai ter caso leve. Com a realização da sorologia e a testagem em massa, vai ter um aumento nos casos, mas, provavelmente, muitos já estão curados. O paciente que apresentar anticorpo, a gente vai saber que ele já tem imunidade. Quanto maior o número de pessoas que vierem com IgG positivo, melhor. É o que chamamos de imunidade em rebanho.

O resultado da testagem pode ser um aval para a reabertura dos comércios?
Não pode ser um aval, mas pode ajudar o governo a programar melhor a reabertura dos comércios. Acredito que a medida tem esse objetivo.

A medida deixa a população mais alarmada?
Hoje (ontem), por coincidência, passei por dois pontos de testagens, em frente à Unieuro e perto da casa do governador, em Águas Claras. As filas estavam enormes. A população não deve ficar buscando tanto pelo teste, porque existe um critério para essa testagem. A gente entende que há curiosidade para saber como é feito e se pode dar positivo. Mas vai chegar a hora para todos. O momento é de obedecer às normas para usar os testes naqueles que apresentam sintomas.