O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar-DF), Jael Silva, afirmou que propôs, na quinta-feira, em reunião com o governador e alguns secretários do governo, a possibilidade de os estabelecimentos do setor retornarem às atividades, desde que baseados em um conjunto de regras. “Vamos abrir (lojas) de forma gradativa, com um protocolo de segurança. Até terça-feira, encaminharemos o documento ao gabinete de crise”, adiantou.
Entre os critérios submetidos ao governo, o Sindhobar ressaltou o distanciamento entre pessoas, para evitar aglomerações; o reforço na higienização das lojas e dos funcionários; e a observação da distância mínima de, no mínimo, dois metros entre as mesas. “A população tem de estar tranquila quando abrirmos. Temos um número muito grande de empresas fechadas. Quanto mais ficarmos assim, são mais empresas que estão quebrando e mais gente sendo demitida”, alertou Jael.
Na avaliação de Beto Pinheiro, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o protocolo de segurança elaborado pelo Sindhobar é suficiente para respaldar comerciantes e clientes no momento em que as portas reabrirem. “Temos alguns procedimentos para fazer a tarefa de casa. Vamos construir todo o protocolo. Várias cidades estão liberando a abertura”, argumentou. De acordo com ele, medidas como a disponibilização de álcool em gel em cada mesa, a utilização de máscaras e até a medição de temperatura dos funcionários deverão ser adotadas.
Receio
Alguns empresários, no entanto, temem a reabertura e preveem baixo faturamento nas vendas. É o caso do gerente da pizzaria Casa Baco, Wagner Luiz Moreira. Com o estabelecimento fechado desde 1° de abril, ele diz que, primeiramente, deve-se ter o controle total da pandemia. “Os restaurantes são ambientes propícios à contaminação. As pessoas ficam próximas uma das outras, e disso não sou a favor. Voltar de uma vez não será legal, até porque os clientes estarão receosos e não sairão tão rápido de casa. Então, vai abrir para aparecer ninguém?”, questionou.Atiê Araújo, 35, é proprietário de um bar na 206 Sul. Ele fechou o estabelecimento antes da publicação do decreto do GDF. Mesmo em um período de poucas vendas, o empresário acredita na retomada do setor. “Tomamos uma medida de segurança mais drástica e optamos por não trabalhar com delivery, por questão de segurança. Se for para reabrir, que seja de forma gradativa, mantendo distância uns dos outros e tomando todas as precauções”, destacou.
Além da reabertura do comércio, o governo local esclareceu, em nota, que os shopping centers da capital podem ser incluídos na lista. Contudo, o GDF informou que esses estabelecimentos terão de testar os funcionários e oferecer máscaras para clientes e trabalhadores. Os lojistas precisarão, ainda, usar aparelhos para medir a temperatura dos clientes.
Kamila Castro, 33, é dona de loja de artigos infantis no Brasília Shopping. Desde o fechamento, a loja implementou o delivery para não perder clientes. Segundo ela, as vendas caíram em mais de 90%. “Sou a favor de abrir o shopping. Aqui, por ser uma loja para crianças, eu tomo os devidos cuidados com a limpeza, e continuaremos mantendo com a reabertura. O nosso estabelecimento tem um fluxo menor; então, não gera aglomeração”, alega.
A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) informou que vem “mantendo diálogos constantes com as autoridades sobre a possibilidade da reabertura dos estabelecimentos”. Em nota, a entidade reforçou que a decisão para reabrir é do poder público, que tem capacidade técnica e responsabilidade de definir o melhor momento para o retorno das operações. O Conjunto Nacional esclareceu que analisará as novas determinações das autoridades, mas assegura que a prioridade é garantir a saúde e a segurança de todos que frequentam o centro comercial, como colaboradores, lojistas e clientes.
» Colaborou Matheus Ferrari