Esta matéria foi publicada originalmente na edição de 16 de janeiro de 1985 do Correio. Sua republicação faz parte do projeto Brasília Sexagenária, que até 21 de abril de 2020 trará, diariamente, reportagens e fotos marcantes da história da capital. Acompanhe a série no site especial e no nosso Instagram.
O presidente Tancredo Neves afirmou, em seu primeiro discurso à Nação após vencer o Colégio Eleitoral, que assumirá o poder disposto a honrar seu compromisso de “resgatar duas aspirações que, nos últimos anos, sustentaram, com penosa obstinação, a esperança do povo: esta foi a última eleição indireta do País; e venho para realizar urgentes e corajosas mudanças políticas, sociais e econômicas, indispensáveis ao bem-estar do povo”.
No plenário da Câmara dos Deputados, completamente tomado por parlamentares, políticos e jornalistas, Tancredo deixou claro, durante o discurso, seu comprometimento com as mudanças, exaltando o fervor cívico dos brasileiros na campanha pelas diretas e convocando a classe política à conciliação “para a defesa da soberania do povo, para a restauração democrática, para o combate à inflação, para que haja trabalho e prosperidade em nossa Pátria”.
Em termos institucionais, Tancredo Neves conclamou todo o Brasil a mobilizar-se em torno da discussão da Assembléia Nacional Constituinte, dizendo que ela não se restringe a juristas e políticos, “não pode ser um ato de elites”. Na área econômica, o novo Presidente frisou que sua prioridade será combater a inflação, “sem cairmos no erro grosseiro de recorrer à recessão”. “Vamos promover a retomada do crescimento, estimulando o risco empresarial e, gradativamente, eliminando as hipertrofias do egoísmo e da ganância”.