No Paranoá, Renata Pain, 37 anos, lida há seis anos com o diagnóstico de hipertensão arterial pulmonar (HAP). Viver em isolamento, para ela, não representou uma mudança tão significativa no dia a dia. "A HAP tirou tudo o que eu tinha. Não saio mais, canso para tudo, para ir ao banheiro, para lavar o cabelo, para tomar banho e, às vezes, até para me alimentar. Qualquer esforço físico é muito", relata. As saídas eram restritas às consultas e à busca de remédio na Farmácia de Alto Custo. Além do próprio quadro, um dos filhos de Renata, Lucas, de 8 anos, tem Charcot–Marie–Tooth, doença nervosa degenerativa, e usa cadeiras de rodas para se locomover. Conviver com a pandemia é, no relato de Renata, reforçar cuidados, realizar apenas as consultas necessárias e, quando sair, usar máscara e álcool em gel. "Vivo mais em relação ao medo do vírus. Você já tem uma doença de base perigosa, progressiva e sem cura", desabafa.
A endocrinologista Eliziane Brandão Leite, responsável pela Clínica de Endocrinologia Diabetes Brasília, alerta que uma interrupção no tratamento, a depender do tipo de doença, vai ser mais ou menos grave. Todo o tempo ganho até este momento pode se perder, e o paciente vai começar o tratamento do zero. "Toda doença crônica precisa ter um monitoramento continuado, necessita usar adequadamente as medicações, ajustar as doses”, esclarece. Em uma situação de pandemia como esta, se uma pessoa descontrolada, com níveis alterados, deixa de ter contato com o profissional da saúde, só vai ficar mais vulnerável. A interrupção do tratamento, mesmo que seja transitória, piora a predisposição do paciente para uma doença terrível como é a Covid-19", esclarece. "Com a autorização para a telemedicina e a teleconsulta, não há desassistência”, comenta.