Cidades

Em duas semanas,151 máscaras



Um dos reflexos da pandemia é a alta procura e, consequente, a falta de insumos para profissionais da saúde, sobretudo máscaras de proteção. Uma alternativa é o uso de face shields, máscara com barreira de acrílico que protege e evita contaminações. Foi essa possibilidade que movimentou a professora Andrea Santos, do Departamento de Engenharia de Produção da Faculdade de Tecnologia da UnB. Ela reuniu os alunos e, juntos, no Laboratório Aberto da universidade, deram início à produção dos equipamentos para doação à rede pública de saúde.

Em duas semanas, eles confeccionaram 151 máscaras do tipo. “Era agora ou nunca. Se pensasse demais, não fazia”, declara. “Foi um plano de contingência. A gente tinha feito o projeto inicial de pesquisa, e partimos para a produção, que é temporária e de emergência. Nosso papel não é ser uma fábrica, mas, em virtude do coronavírus, vimos a necessidade de atender prontamente à comunidade.”

Até o momento, as doações foram para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Hospital Odontológico de Taguatinga, Hospital Regional do Gama (HRG), Instituto de Química da UnB e Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). A equipe, composta por 10 alunos dos cursos de engenharia de produção, mecânica e mecatrônica, trabalha em três turnos para aumentar a produção, feita graças aos recursos do laboratório e de iniciativas privadas. O objetivo agora é ter 30 alunos na equipe.

Estudos práticos

Uma das perguntas mais feitas em relação à Covid-19 é sobre medicações eficazes contra o vírus. O uso da hidroxicloroquina, por exemplo, tem sido amplamente debatido, dentro e fora do meio científico. Para verificar a real eficácia deste e outros medicamentos, a professora do Departamento de Medicina da UnB e chefe do serviço de hematologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Flávia Xavier, dará início a uma pesquisa que vai avaliar o uso da hidroxicloroquina, azitromicina e imunoglobulina em pacientes de coronavírus internados em estado grave. 

O estudo, aprovado pela FAP, aguarda a autorização do Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). “Estamos ouvindo falar muito do assunto na mídia, mas, para colocar em prática uma medicação, são necessários ensaios clínicos randomizados para se ter maior evidência”, explica. Segundo a médica, será avaliado um grupo de 317 pacientes, submetidos às substâncias aleatoriamente. O orçamento necessário está previsto em R$ 2,2 milhões e terá colaboração do Hran e de 48 hospitais universitários da rede Ebserh (que administra o HUB).

O objetivo é concluir tanto a eficácia dos compostos quanto os efeitos adversos. No caso da hidroxicloroquina, isso inclui arritmia cardíaca e retinopatia. “O surto está chegando muito rápido e está causando uma resposta inflamatória sistêmica no paciente, o que leva a intubações traqueais muito longas. Se todos os leitos estão ocupados ao mesmo tempo, isso pode levar a uma sobrecarga do sistema”, alerta. “Os estudos clínicos visam descobrir como encurtar o tempo de UTI e conseguir dar alta mais precocemente.”