Cidades

Covid-19: Relatório de riscos do Hran aponta níveis críticos de insumos

O documento aponta ainda déficit evidente de profissionais de enfermagem para prestação de assistência segura ao paciente. A Secretaria de Saúde afirma que não há falta de equipamentos

O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, o Conselho Regional de Enfermagem e o Sindicatos dos Enfermeiros realizaram, na última semana, uma fiscalização no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) para avaliar as condições de atendimento da unidade selecionada pelo GDF para tratamento exclusivo dos casos de coronavírus da capital. O relatório final, divulgado nesta segunda-feira (13/04), apontou níveis críticos de insumos e equipamento de proteção individual (EPIs), além de déficit de profissionais da área de enfermagem. 

De acordo com o documento, o hospital tem mantido o estoque de máscaras e macacões por meio de doações. No momento da fiscalização, havia apenas 50 unidades de cada item. Outra preocupação levantada pelos órgãos é o número de profissionais para atender casos da Covid-19. Segundo o levantamento, 628 funcionários da enfermagem atuam na unidade, sendo 136 enfermeiros e 492 técnicos e auxiliares em enfermagem. O déficit é calculado em 118 enfermeiros, 368 técnicos e auxiliares. 

Segundo Francielle Martins, responsável pela clínica médica do Hran, houve a contratação, pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGESDF), de mais profissionais médicos para atuarem na emergência do hospital durante a pandemia. No entanto, “o processo de admissão não exige a formação de residência em clínica médica, o que preocupa a direção do hospital quanto à contratação de médicos recém-formados ou menos experientes, sem vivência em UTI, para conduzirem pacientes graves e complexos, vítima de uma doença de curso ainda obscuro”.

Segundo a Secretaria de Saúde, a pasta tem ciência dos apontamentos dos conselhos e sindicato, e trabalha para atender as recomendações descritas no relatório. Ainda assim, a pasta destaca que não há falta de equipamentos de proteção. “A distribuição foi modificada para que neste momento não haja desperdício nas unidades e seu uso seja o mais consciente possível para que não falte a nenhum profissional de saúde", informou a secretaria. 

A unidade de Plano Piloto têm, até o momento, 33 casos suspeitos da doença, internados, e cinco casos positivos de pacientes isolados na unidade de terapia intensiva (UTI) do hospital. Restam 58 leitos disponíveis.

Outros problemas

A fiscalização também apontou outras demandas e preocupações dos setores de saúde. De acordo com o documento, há equipamentos antigos sem contrato de manutenção para respiradores e bombas, que estão sendo mantidos com doação de prestadores de serviços, e não há climatização adequada no Pronto Socorro, o que dificulta a locomoção dos servidores que utilizam a paramentação completa.

Além disso, não há sistema de pressão de ar negativa nem filtros HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance) para exaustores nas enfermarias do hospital. Os filtros purificam o ar de ambientes fechados e são capazes de eliminar bactérias e vírus.