Cidades

Covid-19: Projeto firma parceria com produtores rurais atingidos pela crise

Com insumos comprados pelo próprio estabelecimento foi lançada uma linha especial com sabores do cerrado. Parte da venda será destinada a produtores parceiros

Correio Braziliense
postado em 13/04/2020 06:00
O chef Guillaume Petitgas se une ao projeto Cerrado no Prato para apoiar agroextrativistas e agricultores familiaresO projeto Cerrado no Prato e a La Boulangerie criaram ações de apoio aos agroextrativistas e agricultores familiares que foram impactados com as medidas de isolamento social decorrentes da pandemia de Covid-19. Com insumos comprados pelo próprio estabelecimento, fundado há 12 anos pelo francês Guillaume Petitgas, foi lançada uma linha especial com sabores do cerrado.

Dela fazem parte a tartelete de cajuzinho-do-cerrado de Vão das Almas (GO) a R$ 10,50; o cookie baru feito com a castanha de baru, chocolate branco e chocolate meio-amargo por R$ 4,50 a unidade e o pão com pimenta-de-macaco e linguiça de porco por R$ 8,50. As três especialidades estão sendo comercializadas nas duas lojas da rede de panificação e doces (306 Sul e 212 Norte) e pelo serviço de delivery, que entrega a encomenda em casa, com pedidos pelo telefone 3244-1394. Parte da renda é destinada aos pequenos produtores rurais que fazem parte do projeto.

O chef boulanger Guillaume Petitgas ressalta que está reeditando a receita da tartelete, que “fez muito sucesso no 1º Festival Gastronômico Cerrado no Prato, realizado em janeiro, por isso decidimos colocá-la no cardápio devido à fácil aceitação”. Cerca de 20kg de cajuzinhos colhidos durante a safra de 2019 vieram do Quilombo Kalunga, no interior de Goiás. Além disso, o chef francês conseguiu doação de outros insumos usados na receita, “assim toda a renda da tartelete irá para a família do Calisto e da Fiota, quilombolas de Vão das Almas”, destaca a pesquisadora Ana Paula Jacques, curadora do Projeto Cerrado no Prato e professora de gastronomia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB).

Para fazer o cookie de baru, foram comprados castanha e mesocarpo (polpa) diretamente da agricultora familiar Maria Madalena Soares, conhecida por Madá, do assentamento Vereda II, município de Padre Bernardo (GO), que comercializa seus produtos no mercadinho da Ceasa, reaberta. Já o delicioso pão apimentado (vai bem com cerveja e até com vinho tinto) teve um dos ingredientes, a linguiça suína, doada pela Casa do Holandês, enquanto a pimenta-de-macaco foi adquirida do casal Ana Maria e Zilas, que se dedica à agricultura extrativista em área rural também de Padre Bernardo.

Da venda do cookie e do pão serão destinados 25% para apoiar produtores assistidos pelo projeto Cerrado no Prato, que tem como idealizadores um coletivo de chefs e pesquisadores de Brasília, Goiânia e São Paulo, que promovem a valorização e uso sustentável dos produtos regionais na gastronomia e no turismo.

Segundo maior bioma do Brasil, o cerrado ocupa cerca de 22% do território nacional. Ele abrange toda a região do Centro-Oeste, além de parte do Tocantins, o sul do Pará e do Maranhão, o oeste da Bahia e de Minas Gerais, e o norte de São Paulo. No cerrado, existem mais de 11 mil espécies de plantas nativas catalogadas, por isso esse bioma é reconhecido como a savana mais rica do mundo. Nela, a biodiversidade resulta na riquíssima variedade de insumos que encanta os cozinheiros e todas as pessoas que se dedicam à gastronomia.
 

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