Cidades

Celebração on-line

Em meio ao isolamento social, cristãos vivenciam a Semana Santa em casa, assistindo a missas e a cultos pelas redes sociais



Nos bancos da igreja, nenhum fiel. Estão todos em suas casas, assistindo ao padre que, do altar, celebra a missa olhando para um celular. Em tempos de pandemia, essa é a realidade que os católicos têm vivido. E, durante a semana santa, não poderia ser diferente: esse importante momento de fé para centenas de cristãos é vivenciado por meio de transmissões feitas pelas redes sociais.

A Semana Santa começa com o Domingo de Ramos, em que é celebrada a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, e termina com sua ressurreição no Domingo de Páscoa, no próximo dia 12. O vigário da Paróquia Nossa Senhora do Lago, Wilker Ferreira Lima, explica a importância da data. “Para nós, é vista como a ressurreição de nosso senhor Jesus Cristo. É o período solene, a grande semana, em que preparamos nossas famílias e nossos corações para receber e aceitar aquele que morreu e ressuscitou por nós”, afirma.

Wilker diz que a celebração durante esses dias ocorre para que os cristãos vivam um período de meditação quanto à maneira como cada um vive. “É para percebermos que, ainda hoje, temos as mesmas atitudes. Proclamamos Jesus como filho de Davi, como rei da nossa vida, e, aos poucos, por conta dos problemas do mundo e de tudo aquilo que estamos vivendo, fazemos a opção de esquecê-lo. Isso demonstra uma espécie de traição, a exemplo de Judas.”

O vigário ressalta que, anualmente, a tradição é que os fiéis participem das celebrações solenes e, mesmo que estejam todos em quarentena, isso não deve mudar. Segundo Wilker, a orientação é de que todos permaneçam em suas casas: “Aconselhamos que os fiéis reúnam suas famílias para assistirem às missas diárias e celebrem a Semana Santa em ritmo de alegria. Ela não pode ser vista com tristeza, pois celebramos a morte para, assim, comemorarmos a ressurreição, a vida eterna.”






Esperança e fé

Positivismo. Esse é o lema que as irmãs Camila e Carolina David Miranda, 22 e 26 anos, respectivamente, têm buscado seguir durante esta semana. Elas contam que a tradição da família vai se manter neste ano, com uma mudança: não poderão ir até a igreja. “No primeiro momento, isso quebrou o nosso coração, porque é um período único. Mesmo que muitos não entendam o significado, nós sabemos a falta que faz”, lamenta a universitária Camila. “Ficar distante da Santa Eucaristia, o corpo de Cristo, tem sido muito duro”, completa a engenheira civil Carolina.

Apesar de a tristeza ter abraçado a família em um primeiro momento, elas explicam que tentam não se abalar. “Quero pensar que este tempo de recolhimento que Deus nos deu sirva para aprendermos a viver melhor a Semana Santa. Então, farei com que seja a melhor vivida por mim”, exalta Camila. Para Carolina, não é diferente. Ela acredita que o momento pede ao povo mais fé e esperança. “Deus permitiu que isso acontecesse neste momento, então o que precisamos fazer é vivenciá-lo em oração, nas nossas casas, com nossas famílias. É voltar o nosso interior para Cristo mais do que nunca”, reforça.

As irmãs dizem que a tradição será mantida pela família. “Vamos sempre às celebrações durante toda a semana. No Domingo de Páscoa, reunimos a família em um almoço e vamos à missa. Este ano, faremos tudo da mesma forma, com a diferença de que todas as celebrações serão acompanhadas pela televisão”, explica Carolina. Para Camila, a mensagem é clara: “Usem este momento a favor de vocês. Por mais difícil e complicado que possa parecer, não é hora de enfraquecer na fé, mas, sim, se erguer. Se querem nos tirar do calvário, que possamos manter nossa intercessão por aqueles que estão lá, principalmente nossos sacerdotes”, pede.


A programação da Arquidiocese de Brasília

As celebrações serão transmitidas pelo Instagram (@arqbrasilia) e site da arquidiocese (www.arqbrasilia.com.br).

Quinta-feira Santa: o Lava-Pés, já opcional, e a procissão ao fim da missa na Ceia do Senhor foram omitidos. O Santíssimo Sacramento será mantido no tabernáculo. Horário da missa: 20h.

Sexta-feira Santa: à celebração da Paixão do Senhor, às 15h, na Oração Universal, deve ser acrescentada uma prece especial “pelos que padecem a pandemia do Covid-19”. A coleta para os Lugares Santos será transferida para uma data a ser oportunamente divulgada.

Sábado Santo: omite-se o acender o fogo e acende-se o círio e, omitindo a procissão, segue-se o Precônio Pascal. Horário da Vigília Pascal: 15h.

Domingo de Páscoa: missa às 10h30


Cultos
A celebração do Domingo de Páscoa na Igreja Cristã Evangélica (ICE) Águas Claras será transmitida às 10h e às 19h pela página do Facebook (www.facebook.com/ iceaguasclaras).