Cidades

Após prisão de integrante do PCC, polícia tenta localizar outros aliados

Fabiano, de 36 anos, é acusado de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. Agentes da 14ª Delegacia de Polícia (Gama) o prenderam em uma lanchonete na QNN 21, em Ceilândia Norte

Após a prisão de um dos integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), a polícia segue com as investigações para localizar outros aliados da facção criminosa no Distrito Federal. O suspeito, identificado como Fabiano, de 36 anos, é acusado de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. Agentes da 14ª Delegacia de Polícia (Gama) o prenderam nesta terça-feira (7/4), em uma lanchonete na QNN 21, em Ceilândia Norte. 

O suspeito morava escondido com uma companheira em Ceilândia há cerca de dois anos. Ele veio, foragido da Justiça, de Rondônia, após a polícia deflagrar a Operação Alpargatas. Ele participava de uma quadrilha especializada no tráfico internacional de drogas e no garimpo ilegal de pedras preciosas em terras indígenas do município de Guajará-Mirim.

Segundo o delegado à frente do caso, Willian Andrade, na facção criminosa, o acusado era responsável por trazer drogas da cidade de Guayaramerín, na Bolívia, para o Brasil. “Ele falou que ganhava cerca de R$ 300 por quilo e fazia essa ponte entre o país e o exterior”, afirmou. As substâncias eram transportadas em carros e caminhões para várias cidades brasileiras.

Agentes da 14ª DP o localizaram em uma lanchonete da região. “Quando o abordamos, ele nos apresentou uma identidade falsa, mas confessou o verdadeiro nome no interrogatório. Aqui, na delegacia, ele responderá pelo crime de uso de documento falso, mas há, ainda, um mandado de prisão em aberto”, detalhou o delegado. 

Facções

Investigadores da Polícia Civil monitoram, ao menos, 300 integrantes de facções criminosas custodiados no Complexo Penitenciário da Papuda. De acordo com o delegado Willian Andrade, o trabalho da polícia para combater o avanço dessas organizações na capital é árduo e exige estudo. “A PCDF vem desarticulando essa facções, primeiramente, chegando aos líderes, ou seja, os cabeças dos grupos. A partir daí, chegamos a outros integrantes”, ressalta. 

Em entrevista ao Correio, o delegado-chefe da Divisão de Repressão e Facções (Difac), Guilherme Sousa Melo, analisa o cenário. “Visto como uma rota estratégica de distribuição de drogas trazidas do Paraguai, Brasília interessa a esses grupos simbolicamente por ser o pólo político-decisório do país, cujo domínio significaria concretamente um duro golpe no 'sistema', conforme ensinado na doutrina contida no estatuto do PCC”, destacou. 

Segundo ele, a PCDF atua preventivamente no monitoramento da presença de integrantes nos sistemas penitenciários do Entorno e do DF, além da correlação com criminosos locais. “Repressivamente, realizamos operações policiais periódicas com histórico de dezenas de prisões simultâneas, visando desmantelar a estrutura organizacional do grupo que lhes permitiria instalarem-se definitivamente”, afirmou. 

Como estratégia de monitoramento, ao chegarem às unidades prisionais, policiais penais promovem a catalogação dos faccionados e adicionam ao sistema informações do acusado, de maneira que os presos sejam devidamente identificados e constantemente fiscalizados.
 
 
A Penitenciária Federal em Brasília abriga um dos líderes do PCC. Marcos Willians Camacho, o Marcola, foi transferido, pela primeira vez, para o sistema penitenciário do DF, em 2001. À época, ele ficou no Centro de Internação e Reeducação (CIR), na Papupa. A permanência durou até 8 de fevereiro de 2002. Ele voltou ao DF em 22 de março de 2019. Em dezembro, suspeitas de um plano de fuga para resgatar o chefe do PCC mobilizaram equipes do Exército, do Comando Militar do Planalto e da Força Nacional. O resgate custaria mais de R$ 80 milhões.