O comércio do Distrito Federal completa 20 dias de fechamento nesta semana. Um dos seguimentos severamente afetados são as academias de ginástica. Com cerca de 1,2 mil empresas em atividade no DF, as entidades que representam as categorias estão preocupadas com o futuro, principalmente, no que diz respeito a pequenos negócios e à manutenção de empregos.
Franquias consolidadas de grande porte adotaram medidas rápidas com o intuito de não perder o cliente. Algumas cessaram a cobrança das mensalidades imediatamente e outras pretendem fazer a isenção de pagamentos ao fim do contrato. Ou seja, o aluno vai poder usar o espaço por determinado espaço de tempo sem pagar.
No caso da servidora pública Mileide Alves Martins, de 30 anos, matriculada numa franquia de grande porte, houve suspensão da cobrança. “Seria abuso cobrar por um serviço que não está sendo prestado”, destaca a moradora da Asa Sul. Frequentadora diária do espaço, ela acredita que a atividade física é fundamental para a saúde emocional, física, principalmente, mental. Para suprir a falta da rotina, ela tem apostado em meditação e adotou a prática de subir e descer os cinco andares do local de trabalho pelas escadas.
No entanto, as academias de menor porte e os professores particulares correm sérios riscos. “Estamos prevendo cerca de 40% de perdas. Seja com demissões ou com fechamento de empresas”, lamenta a presidente do Sindicato das Academias do DF (Sindac), Thaís Yeleni. A representante da categoria diz que algumas instituições já começaram a vender os equipamentos sinalizando o encerramento das atividades.
“Como qualquer outro setor afetado, lidamos com comerciantes que precisam manter os negócios funcionando, honrar com compromissos e pagar funcionários. Nosso pedido ao cidadão é: não cancelem as matrículas”, clama Yeleni.
A representante das academias acredita que medidas do governo federal são importantes. Uma delas é a possibilidade de suspensão de salários para a manutenção de empregos.
No mesmo caminho, o presidente do Conselho Regional de Educação Física do DF (Cref7), Patrick Aguiar, convoca à comunidade a honrar com os compromissos financeiros. “Se o cliente quiser realmente cancelar a matrícula ou o plano, espere 90 dias. É o tempo em que o empresário tem para se planejar e fazer os estornos devidos com menores impactos. Cancelamentos, agora, provocariam uma quebra generalizada no setor”, explica. “Além disso, fizemos vários encontros com profissionais do setor para que preparem e entregues serviços e produtos ainda melhores na volta às atividades. Esse vai ser o diferencial”, destaca.
Parta amenizar o impacto, o Cref7 articula com o Banco de Brasília (BRB) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) uma abertura de crédito em conta para os empresários, bem como ampliação dos prazos para pagamento. Outras medidas como crédito também para os profissionais e solicitação junto ao Governo do Distrito Federal (GDF) para reabertura controlada e gradual das academias também estão na pauta.
Profissional no fogo cruzado
Para o professor Antônio Carlos Júnior, 35, há mais de 10 anos no mercado, nunca houve uma situação tão complicada. Ele dá aulas em uma academia e tem seis clientes como personal trainer. “Parei de dar as aulas particulares devido fechamentos da academia e parques. Não tive o que fazer. Alguns contratos foram rescindidos. Recebemos para trabalhar e, com isso, sem trabalhar, ficamos sem receber”, defini a situação.
No local onde trabalha, todos os profissionais – professores, equipe administrativa, pessoal de limpeza e asseio, e gerência – foram colocados de férias. Segundo o departamento de pessoal, vão pagar os honorários das férias em até 120 dias. Quanto aos alunos, não ocorreu ainda qualquer acerto.
O que diz o Procon
De acordo com o Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-DF), a orientação é que exista bom senso entre as partes, pois é um momento atípico para todos os setores e para o consumidor também.
Ainda conforme explica o órgão, a academia deve informar aos consumidores como pretende agir em relação às mensalidades. É preciso, nesse caso, considerar que a não integralidade ou suspensão da prestação não foi causada por nenhuma das partes envolvidas no contrato.
Por fim o Procon recomenda que, caso o consumidor se sinta lesado e verifique a falta de negociação entre as partes, ele deve acionar a entidade pelo 151 ou www.procon.df.org.br e registrar reclamação, ou acessar o site consumidor.gov.br e registrar reclamação.