Cidades

GDF contesta boletim do Ministério da Saúde e pede mais ajuda da União

O secretário de Saúde, Francisco Araújo Filho, nega que o DF esteja prestes a entrar na etapa de crescimento descontrolado da contaminação do novo coronavírus

Na sala de crise do gabinete do governador Ibaneis Rocha (MDB), o cenário da pandemia do novo coronavírus no Distrito Federal parece sob controle. As projeções dos especialistas têm se confirmado e o sistema de saúde da capital está longe de um colapso. O secretário de Saúde da capital do país, Francisco Araújo Filho, contesta o relatório do Ministério da Saúde,.

 

“Não é verdade que estejamos à beira do caos. Sabemos da gravidade da pandemia, mas estamos tomando as providências necessárias”, explicou. E criticou: “Se o Ministério da Saúde acha que estamos neste nível de gravidade, por que não libera mais recursos para o DF? Eles repassaram apenas R$ 15,7 milhões para o combate à Covid-19, mas não deu para nada. Além disso, mandaram álcool em gel e aventais impróprios para uso”, reclamou.

 

A advertência do Ministério leva em conta a proporção de infectados em relação à população. O DF lidera esse ranking, com 14,9 casos a cada 100 mil pessoas, bem acima da média nacional, que está em 4,9 infectados por 100 mil.

 

O governador também não gostou dos dados sobre o D, divulgados pelo ministério. “Estamos avançando dentro dos nossos cálculos. Mas, quando sai uma informação como essa, a rede fica sobrecarregada porque 800 pessoas, só hoje (ontem), nos procuraram para fazer o exame”, afirmou Ibaneis, que ainda disse que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não está dialogando como deveria com os governadores. “Está parecendo o presidente Bolsonaro”, criticou.

 

A Secretaria de Saúde espera a ajuda do Ministério para a compra de respiradores — essenciais para a manutenção da vida de pacientes mais graves —, EPIs e leitos. Segundo boletim da pasta, nesse sábado (4/4) à noite .

 

Situação no país

O ministério informou, também no sábado, . Foram 1.222 novas pessoas infectadas e 73 novos óbitos em relação à sexta-feira. Seguindo uma tendência dos últimos boletins epidemiológicos que a pasta divulgou, as novas ocorrências, tanto de casos confirmados quanto de mortes, voltaram a registrar o maior crescimento para um intervalo de 24 horas. “Provavelmente, todos os dias o número de pessoas contaminadas e de óbitos vai bater um recorde em relação ao dia anterior, pelo menos até um dado momento”, comentou o secretário executivo do Ministério, João Gabbardo dos Reis.

 

A quantidade de pessoas diagnosticadas com a doença cresceu 13,5%, e a de mortes, 20,3%. Apesar disso, segundo Gabbardo, as taxas estão dentro do que o ministério previa. “Nós imaginávamos que teríamos um crescimento na ordem de 30%, 33% diariamente, o que corresponderia a duplicar o número de casos a cada três dias”, comentou. Ele ponderou, contudo, que o ministério não tem uma estimativa de quantas pessoas morrerão no país pelo novo coronavírus. “Não vamos apresentar cenários de óbitos, nem máximos, nem mínimos e nem médios.”

 

Apesar disso, ele disse que, por mais que a população se resguarde e evite sair às ruas durante esse período de pandemia, em algum momento todos serão infectados. Segundo Gabbardo, “o dia em que sairmos da nossa bolha, todos vamos ter contato com a Covid-19”.

 

“É uma questão de tempo. O que a gente espera é que a transmissão ocorra numa velocidade baixa para que o nosso sistema de saúde possa dar conta do número de pessoas doentes”, explicou.

 

O secretário informou que o fluxo de transmissão do vírus vai passar a reduzir apenas quando 50% dos brasileiros estiverem imunizados — ou seja, quando metade da população contrair o vírus e criar anticorpos contra a Covid-19. Na estimativa do ministério, é possível que 86% da população seja infectada pelo SARS-CoV-2, mas não perceba e nem tenha sintomas, a depender de fatores como condição de saúde, idade e imunidade. Os 14% restantes podem precisar de auxílio médico e, desse percentual, menos de 3% devem evoluir para óbito, segundo Gabbardo.

 

“O vírus vai se transmitir, e a gente imagina que pelo menos 50% das pessoas vão ter contato e vão criar imunização. Isso vai diminuira capacidade de transmissão. Vai acontecer lentamente. Hoje, queremos transmissão com velocidade baixa para que os equipamentos de saúde possam dar conta”, frisou.