Idosos abrigados no Distrito Federal não olham mais o relógio aguardando com ansiedade o horário das visitas. A pandemia do coronavírus mudou a rotina dos lares de acolhimento na capital. Classificam como grupo de risco da nova doença, que registrou quatro mortes no DF nas últimas semanas, os idosos de abrigos do DF estão ainda mais sensíveis neste momento por conta do isolamento e da falta de recursos. Visitantes estão temporariamente proibidos, atividades ao ar livre foram suspensas e os alimentos e produtos básicos que chegavam por meio de doações começaram a faltar nas prateleiras.
No Lar dos Velhinhos Bezerra de Menezes, por exemplo, os 75 funcionários adotaram outra dinâmica de trabalho. “Passamos por duas questões: ter um serviço considerado essencial e atender pessoas que fazem parte do grupo mais suscetível às complicações da doença. Por isso, mudamos muitas ações”, diz Inês Miranda, diretora voluntária. Antes de começar o trabalho, os assistentes passam por uma série de procedimentos de prevenção. “Quem chega ao lar, imediatamente, começa a higienização. Lava as mãos, troca as roupas e mede a temperatura para, depois, iniciar a rotina”, explica Inês.
No dia a dia, quase todas as atividades tiveram que ser repensadas. Os abrigos costumavam proporcionar passeios, festas e ações lúdicas para distrair e contribuir com a saúde dos idosos, mas a recomendação de especialistas para evitar aglomerações e manter um isolamento social obrigou novas práticas. “Eles poderiam ficar muito expostos indo à rua, como antes, então tivemos de mudar isso. Hoje, temos mais atividades internas, tentando trabalhar ao máximo nosso espaço, distribuindo os moradores para evitar muita proximidade”, conta a voluntária. Inês também encontrou na música um caminho para deixar o dia mais leve. “Eles gostam muito de ouvir canções antigas e relaxar, divertirem-se. Então colocamos caixas de som espalhadas pelo lar para dar esse entretenimento e tentar melhorar o humor”, relata.
Corpo e mente
A suspensão de visitas para evitar contaminações é uma medida recomendada pelos especialistas para preservar a saúde física dos idosos do DF, mas os moradores dos abrigos, inevitavelmente, sentem falta de companhia e precisam ter atenção também com a saúde mental. Por isso, o trabalho de psicólogos é reforçado neste período de pandemia, como acontece na Casa do Candango, em Sobradinho. “Muitos abrigados têm alzheimer e ficam sem noção do que está acontecendo no mundo, mas outros sabem, preocupam-se e precisam de orientações. Então, a psicóloga vai explicando, trabalha essa questão, informa sobre o autocuidado, higienização e tudo mais”, detalha Keite Hellen, auxiliar administrativa.
Para amenizar a solidão, a Casa do Candango passou a incentivar mais as ligações telefônicas entre os idosos e os familiares e pensar em novas atividades dentro do lar. “Essas coisas pesam, eles sentem falta dos parentes, das visitas e acabam criando uma ansiedade, mas a gente tenta driblar isso como pode”, diz.
Outra dificuldade constantemente enfrentada se reflete nos recursos. As doações diminuíram neste período de quarentena e os funcionários enfrentam problemas nas aquisições de materiais básicos. “Nossas compras sempre são caras, porque adquirimos em grandes quantidades. Com poucas doações, temos de nos virar. Precisamos muito de alimentos, fraldas, itens de limpeza e higiene. Agora, também há a necessidade específica de álcool em gel, luvas e máscaras, que são equipamentos que estamos utilizando para proteção dos moradores”, relata Keite.
A população que pode contribuir com os abrigos precisa entrar em contato por telefone para tirar dúvidas sobre os itens de maior necessidade no momento e agendar a entrega. Também há a possibilidade de doações em dinheiro em algumas unidades, que podem informar a conta bancária a quem desejar. “O que a gente pede é que os moradores do DF também olhem para nós, não só o nosso abrigo, mas todos os outros da capital, que com certeza enfrentam situações bem críticas”, desabafa a auxiliar.
Atualmente, a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) administra duas unidades de abrigo de idosos e é parceira de quatro locais. Em nota, a pasta informou que “essas entidades recebem mensalmente investimento do GDF por força de contrato”, mas que o governo “propôs uma campanha de doações”.
Serviço
Doações GDF
O Governo do Distrito Federal (GDF) instituiu o Comitê de Emergência Covid-19, que vai ajudar no combate ao coronavírus com doações na capital. Saiba como ajudar:
Contribuições em dinheiro
BRB (Banco 070), Agência 0100-7, conta-corrente n° 062.958-6, CNPJ 00.394.684/0001-53.
Bens móveis e imóveis, insumos e equipamentos
Entrega à Secretaria de Economia (CNPJ 00.394.684/0001-53), SIA – SAPS, Trecho 1, Lote H, Brasília, DF.
A população que quiser tirar dúvidas sobre as doações pode entrar em contato com a Central de Atendimento 156.
Abrigos de idosos
Unidades de acolhimentos para a terceira idade, de administração ou de parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social do DF
Unidade de Acolhimento para Idosos (Unai)
Endereço: QNF 24 Área Especial, em Taguatinga Norte
E-mail: casaviva@sedestmidh.df.gov.br
Telefones: 3245-5825 e 3346-7960
Unidade de Acolhimento para Adultos e Famílias (Unaf)
Endereço: QS 9, lotes 1/7, em Águas Claras
E-mail: unaf-areal@sedestmidh.df.gov.br
Telefones: 3356-4390 e 3356-4872
Casa do Candango
Endereço: Quadra 14, AE 17/18, Módulo 1, Sobradinho
E-mail: larsaojose@casadocandango.org.br
Telefone: 3591-1051
Lar dos Velhinhos Bezerra de Menezes
Endereço: Quadra 14, AE 1, Módulo 1, lotes 17 e 18, Sobradinho
E-mail: contato@lardosvelhinhos.org.br
Telefone: 3591-3039
Instituto Integridade Maria Madalena
Endereço: SMPW Trecho 3, AE 1, Park Way
E-mail: lvmm.as3@gmail.com
Telefone: 3552-0504
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