Cidades

Coronavírus: cafeterias apostam no delivery para continuar funcionando

Com o decreto do GDF determinando fechamento do comércio, cafeterias recorrem ao delivery, ao voucher e a outras medidas criativas para continuarem funcionando. O amparo aos funcionários é um dos principais desafios desses estabelecimentos

Com decorações cheias de charme e receitas deliciosas, os cafés proporcionam lugares para conversas, encontros ou, simplesmente, descanso. A portas fechadas, devido ao decreto que visa combater a disseminação do coronavírus, alguns desses estabelecimentos mudaram de rotina: agora vão até a casa do cliente.

O café especial da servidora pública Raquel Moreira, 35 anos, passou a chegar, em grãos, na porta da casa dela. Os acompanhamentos que ela costumava pedir quando ia ao Minimalize Café, em Águas Claras, também estão disponíveis. “Semanalmente, encomendo o meu café e eles entregam. Também peço outros produtos, como o pão e o brownie que costumo comer com a bebida. É muito legal. Além de vender os alimentos, eles dão instruções de como conservá-los”, diz a cliente.

Beatriz Teixeira, umas das sócias do Minimalize, destaca que, desde a publicação do decreto determinando o fechamento do comércio, os empresários começaram a procurar alternativas para se manterem. “A nossa maior preocupação foi com os funcionários. Temos três, que têm família e dependem da gente. Decidimos dar férias para dois, e um deles continua aqui com a gente ajudando nas encomendas”, afirma.
 
Alternativas
Os 300 cafés do Distrito Federal são inclusos no setor de hotéis, bares, restaurantes e similares. O Sindhobar, sindicato do ramo, estima que na próxima semana todo o segmento deve contabilizar 6,8 mil demissões.

Para aliviar os empresários, a entidade tem buscado alternativas. “Demos a oportunidade deles anteciparem as férias dos funcionários, e não há necessidade de pagar tudo de uma vez. Você pode dividir o pagamento das férias em três meses”, comenta o presidente do sindicato, Jael Silva.  
No momento, o Sindhobar trabalha para aliviar o bolso dos empresários e garantir o mínimo de demissões. “Fizemos uma suspensão do contrato de trabalho, com pagamento de 50% do salário agora. O que todos estamos aguardando é a medida provisória do governo que vai pagar os salários dos nossos empregados. Se ela sair, vai evitar o fechamento das empresas e diminuir as demissões”, completa Jael. 

A antecipação das férias dos funcionários foi a alternativa encontrada pelos empresários do Jacket Café. A marca também está trabalhando com vouchers, vendas por aplicativo e retirada no local. “O voucher está saindo mais para clientes que já conhecem a gente. Pela manhã há muito delivery. A gente tem o combo, com café, ovo, panqueca”, diz Talita Borges, uma das sócias do empreendimento. A empresária conta que as entregas ainda são poucas e representam cerca de 10% do faturamento normal do estabelecimento, mas têm sido uma alternativa para não ficar com o caixa vazio.

Otimismo
Para Flávio Hideo Mikami, do espaço de coworking 365, esse é o momento de inovar e de levar otimismo para dentro da casa dos consumidores. “Pense em algo diferente e mantenha a qualidade dos produtos. Leve o café para a casa das pessoas e faça com que elas lembrem do ambiente agradável dos estabelecimento. Envie recados de otimismo com os produtos”, aconselha o empresário.

 Flávio alerta que é preciso ficar atento às mudanças que a tecnologia pode gerar no comércio. “Depois da quarentena, muita gente vai ter receio de sair, e pode ser que esse tipo de venda se mantenha. As pessoas estão vendo a possibilidade do conforto. Comprar pela internet pode se tornar um hábito do brasiliense”, ressalta. 

E foi justamente na tecnologia que as empresárias do Gentil Café encontraram uma forma de manter o funcionamento do estabelecimento. Além dos aplicativos de delivery, a empresa recebe encomendas e vende vouchers pelo WhatsApp. “São cinco tipos de voucher, com valores diferentes. A gente vai deixar eles livres, sem data de validade”, detalha Cristine Gentil, uma das sócias do café. As encomendas podem ser feitas até quarta-feira, e as entregas ocorrem na sexta. O cliente tem a opção de retirar no local. 

As empresárias também inventaram o clube do bolo. “Funciona como assinatura. As pessoas pagam de uma vez e recebem um bolo diferente a cada sexta-feira, por quatro semanas”, comenta.