Estamos em contagem regressiva para a fase mais dramática da Covid-19 e, quanto mais tempo perdermos com falsas polêmicas, as consequências serão mais nefastas. Os países com líderes responsáveis estão tomando medidas drásticas de isolamento social e de amparo às empresas e aos trabalhadores. Mesmo assim, enfrentam muitas dificuldades terríveis, com mortes, contaminação, falta de leitos, equipamentos precários e colapso no sistema de saúde.
Agora, imagine se, no meio da guerra, o comandante vacile e emita ordens erráticas, contraditórias, equivocadas e baseadas no que diz o tiozão que faz churrasquinho, e não em evidências científicas. O desastre será iminente.
Os dados todos estão colocados na mesa. É falsa, neste momento, a opção de privilegiar a economia em detrimento da saúde. Essa alternativa foi testada na Itália, com o desenlace trágico que conhecemos, a ponto de o prefeito de Milão pedir desculpas por ter apoiado a campanha Milão não pode parar.
Em vez de perder tempo com falsas questões, o governo deveria agir, com urgência, no sentido de distribuir cestas básicas para os mais pobres. E, também, de pagar os R$ 600 prometidos e alardeados. Toda a demora, retórica vazia e desatenção às recomendações científicas terão um preço alto.
Ante a situação, as divergências entre esquerda e direita foram superadas, em um gesto de maturidade. Misturar política com saúde pública só atrapalha. A opção é clara. É ficar do lado da ciência ou da ignorância. O achismo pode ser tolerado em determinadas circunstâncias apenas como tolice. Mas existem situações em que ele se reveste de um sentido grave. A ignorância mata.
Como disse o papa Francisco, que elogiou como exemplar a postura da maioria dos países em privilegiar a vida sobre a economia: “Seria triste se o contrário fosse escolhido, o que levaria à morte de muita gente, algo como um genocídio viral”.