Cidades

Aninha sepultada sob forte tensão popular

Realizou-se ontem às 10h horas, no cemitério de Brasília, o sepultamento da menina Ana Lídia Braga, raptada na terça-feira.

Esta matéria foi publicada originalmente na edição de 14 de setembro de 1973 do Correio. Sua republicação faz parte do projeto Brasília Sexagenária, que até 21 de abril de 2020 trará, diariamente, reportagens e fotos marcantes da história da capital. Acompanhe a série no site especial e no nosso Instagram

O sepultamento da menina Ana Lídia Braga, raptada terça-feira e cujo cadáver foi encontrado no dia seguinte, num matagal da Asa Norte, realizou-se, ontem às 10 horas, no cemitério de Brasília. Além dos pais e outros familiares, grande número de pessoas esteve presente, incluindo amigos e colegas de trabalho do casal Álvaro e Heloisa Braga, alunas e religiosas do Colégio Madre Carmem Salles, onde a menor estudava. 

 

Por decisão dos pais de Aninha, o velório prolongou-se por uma hora além do previsto, na esperança de que parentes residentes na Guanabara viessem assistir ao enterro. O atraso contribuiu para aumentar o clima de tensão e nervosismo que reinava no cemitério.  

Versões

Enquanto velavam o corpo da menor, os presentes não falavam noutra coisa, a não ser no trágico desfecho. Várias suposições foram levantadas na ocasião, contribuindo para o surgimento de diferentes versões. A idéia de que o assassino podia ser uma pessoa que desfrutasse da confiança da menina, foi aventada. 

 

Para justificar esse ponto-de-vista, citou-se a indiferença do jardineiro do colégio Madre Carmem Salles, cuja atitude teria sido outra se a menina tivesse saída acompanhada por um estranho. Destacou-se, também, o “trancamento” normal das crianças quando abordados por desconhecidos. 

 

Outra versão sugerida nas conversas que tratavam no cemitério, foi a de que o criminoso teria sido um tarado de Belo Horizonte, que havia fugido para Brasília. As mães de família presentes eram as que demonstravam maior preocupação, afirmando que, “agora, não teremos um minuto de paz, enquanto o homem não for capturado”.  

Tranquilizantes 

Em meio ao ambiente de tensão, nervosismo e expectativa reinante no cemitério, quem se mantinha em melhor controle e mais calmos, eram os pais de Ana Lídia, Álvaro e Heloisa Braga, funcionários do DASP há mais de 20 anos. Informou-se que eles estavam sob o efeito de tranquilizantes. Durante todo o tempo do velório, dona Heloisa permaneceu dentro de um carro oficial preto, tendo sida acometida de ligeira crise nervosa ao receber a solidariedade de um sobrinho que acabar de chegar do Rio de Janeiro. 

Rebate falso 

No momento em que se faziam conjecturas sobre quem poderia ter sido o “monstro da L2 Norte”, uma mulher teve sua atenção despertada para um rapaz alto, claro e louro (características conhecidas do criminoso), que acompanhava os fato do lado de fora, através das cercas do cemitério.

 

Ao seu grito de “pega o assassino”, todos deram pela presença do jovem e saíram correndo em sua direção, numa tentativa de linchamento. O rapaz conseguiu escapar da multidão mas, foi detido e submetido a interrogatório pela polícia, constatando-se que nada tinha a ver com o caso. Apenas morava nas proximidades e,  como muitos outros curiosos, fora assistir ao enterro.  

Polícia sem pista 

Até as últimas horas de ontem, a polícia ainda não havia conseguido nenhuma piusta do assassino da menor Ana Lídia Braga, fato ocorrido, segundo laudos periciais, entre 4 e 6 horas da manhã de quarta-feira passada. 

 

O caso sobre o assassinato passou para a Delegacia de Homicídios, em razão de estatutos da Secretaria de Segurança Pública, que diz que “todo homicídio de autoria desconhecida, deve ser resolvido por aquela especializada”. O titular da DH, Mario Gustavo Stuart, é o atual responsável pelas diligências. 

 

Nenhum suspeito

Os policiais estão trabalhando dentro de um esquema previamente elaborado, tentando tudo, para que o crime seja resolvido dentro do menor tempo possível.

 

Dezenas de informações estão chegando de momento a momento à Delegacia de Homicídios, por parte do público em geral. Todas elas estão sendo checadas pela polícia. 

 

Todos os elementos que nos últimos três meses deixaram os presídios desta Capital já foram interrogados pela polícia, mas todos eles estão fora de suspeita. 

 

Simples passageiro

O Chefe da Polícia Civil, Bel. Aderbal Silva, em entrevista coletiva, na Delegacia de Homicídios, afirmou que o detento Jaime Rubinstein Junior, responsável pela morte da universitária Maria Tereza, está totalmente fora de suspeita pois o mesmo não deixou o Núcleo de Custódia, local onde se encontra detido, aguardando julgamento.

 

Apelo

Aquele titular, por intermédio da imprensa local, fez um apelo ao motorista que transportou o homicida e a menor pedindo-lhe que se apresente, pois com seu auxílio serão facilitadas as buscas. Afirmou que o mesmo nada tem a ver com a morte de Ana Lídia, pois três testemunhas afirmaram que o táxi ia passando, quando o assassino fez com que o veículo parasse. Assim sendo, continuou, aquela autoridade, o motorista do “táxi vermelho” nada tem a ver com a questão, podendo comparecer à Delegacia de Homicídio, auxiliando a polícia na localização do criminoso. 

 

Reuniões

Os titulares Aderbal Silva, Orestes Bastos, Armando de Carvalho, Jairo Alexandre, Coordenador de Polícia e o titular da DH Mario Gustavo Stuart, estiveram reunidos desde às 14 horas de ontem, quando deliberaram sobre o prosseguimento das diligências. 

 

As medidas que serão tomadas de agora em diante não foram reveladas à imprensa. 

 

Segundo as autoridades, a divulgação poderia dificultar os trabalhos. 

 

Na tarde de ontem, o Chefe da Polícia Civil Aderbal Silva esteve em conferência particular com o Secretário de Segurança Pública, Aimé Lamaison, dando-lhe ciência de tudo aquilo que será feito desta manhã em diante. 

 

Primeiramente, a polícia centralizou suas vistas somente na localização do corpo da menor Ana Lídia, com a sua descoberta, os policiais passaram a agir para a localização do assassino. 

 

Policiamento

Segundo informações prestadas à reportagem por autoridades da Delegacia de Homicídios, a Secretaria de Segurança Pública nada revelou sobre o policiamento nas imediações dos colégios. Acrescentaram que o problema agora é a prisão do assassino. Em seguida, o Cel. Aimé Lamaison, titular da Secretaria de Segurança Pública, irá resolver esta questão, talvez colocando os conhecidos “Cosme e Damião” nas imediações dos estabelecimentos de ensino.

Proteção 

Para solicitar à Secretaria de Segurança medidas de proteção nas escolas, vinte e oito diretores de estabelecimentos particulares estiveram reunidos na última quarta-feira, sob a direção do padre Nazaré. Na ocasião foi elaborado um ofício, dirigido ao coronel Lamaison, solicitando a presença de um policial nas imediações de cada escola. 

 

Durante o encontro os dirigentes das escolas particulares fizeram numerosas sugestões no sentido de reforçar o sistema de proteção aos alunos. Ontem cada escola, através da Associação de Pais e Mestres, estavam convocando os pais que pudessem de alguma forma abreviar o atendimento do pedido, feito ao Secretário de Segurança, visto que o rapto de Ana Lídia alertou os dirigentes e responsáveis pelas crianças. 

 

Numerosas escolas, há algum tempo, têm encaminhado ofícios solicitando medidas de segurança. A preocupação, já antiga, prendia-se ao problema de trânsito, o que para eles não seria suficiente já que este guarda estaria mais ligado ao tráfego. O que eles declararam necessitar urgentemente é de um patrulheiro que possa verificar os tipos de pessoas que muitas vezes pulam as cercas das escolas, durante o período de aula, sem que seus dirigentes possam evitar. 

 

As diretoras de Escola-Classe, em geral, não podem vigiar os arredores do estabelecimento ou deslocar um auxiliar para não decair o sistema de administração. Mesmo porque, as pessoas que normalmente invadem estes locais são maus elementos e não respeitam a autoridade de uma mulher, no caso de diretoras. Todos os responsáveis por escolas principalmente das públicas consideram-se totalmente desguarnecidas e uma medida de proteção é urgente. 

 

A escola é responsável pelos alunos no horário estabelecido para as aulas, mas muitos pais, por motivo de trabalho, não podem apanhar seus filhos na hora certa. É muito comum se encontrar crianças, sozinhas, de 12 às 14 horas, sem almoço, ou a partir das 18 horas, quando os professores voltam para casa. Neste horário os serventes se ocupam da arrumação das salas de aula e limpeza do pátio, sem condições de vigiar estes alunos. 

 

Conscientização

Com os comentários a respeito do crime de terça-feira, as crianças se mostravam muito preocupadas com a situação no dia de ontem. Os diretores, por sua vez, cuidaram de orientá-las no sentido de tomar mais cuidado com pessoas desconhecidas. Muitos acham inclusive que os pais e empregadas não deviam permitir que as crianças saíssem de casa muito antes do início das aulas; nem ficar na rua depois dos estudos. 

 

Alguns sugeriram a presença dos rapazes que servem o Exército, visto que o número de policiais é reduzido para este trabalho mais rígido. O quadro de servidores de uma escola é insuficiente para este trabalho. Assim, na opinião das diretoras, o ideal seria que pais, mestres e os próprios empregados das famílias ensinassem às crianças todos os meios possíveis de defesa, não só na escola como também em outros setores de sua vida social. 

 

Particulares

Nos estabelecimentos particulares, apesar das melhores condições de proteção, a preocupação é geral. No colégio Pio XII, segundo afirmação da diretora, irmã Aparecida, as religiosas e jovens internas ficam esperando, com as crianças, a chegada dos pais. Esta equipe conhece todas as pessoas que têm autorização de apanhar as crianças e quando muda o motorista ou empregada o aluno só sai mediante confirmação da família. Ainda assim, há algum tempo, a direção do estabelecimento vem solicitando a presença de um policial nas imediações, durante o dia. 

 

No Jardim de Infância Chapeuzinho Vermelho a criança só é tirada do local mediante apresentação da identidade estudantil, e por pessoa conhecida da direção. Há alguns dias uma criança não fora entregue ao próprio pai, porque nunca aparecera na escola. Lá também existe o protocolo de um ofício encaminhado à SEP solicitando a presença de uma guarda de trânsito, que também cuidadesse das pessoas desconhecidas que se aproximassem do local. 

 

Pais de alunos do Colégio Maria Auxiliadora estão realizando uma série de reuniões, visando uma medida de proteção. Nestes encontros já foram apresentadas sugestões como: a volta da dupla policial, junto aos limites da escola; contratar um guarda particular para reforçar o serviço; conscientizar os próprios pais a respeito à chegada e saída de seus filhos da escola. Porém eles esperam confiantes uma colaboração por parte da Secretaria de Segurança.  

Rubinstein  

“Ao que conta neste Juízo, o réu Jaime de Rubinstein Júnior, acha-se efetivamente preso em um Núcleo de Custódia, aguardando seu julgamento pelo júri, adiado em razão de ordem do ministro Barros Monteiro, relator do “habeas-corpus” impetrado em seus favor, sobre fundamento da imunidade de parte do processo”, disse o Juiz Substituto em exercício José Manoel Coelho, da 1ª Vara Criminal a que está afeto o processo crime deste réu. 

 

“Este Juízo - acrescentou - já autorizou expressamente algumas saídas do referido réu, devidamente escoltado por guardas do presídio, para tratamento dentário. Estas permissões constam do processo e foram provocadas mediante petição da defesa.”

 

Tais explicações foram dadas em virtude de rumores que circulavam pela cidade, dnado conta de que fora ele o autor da morte da menor Ana Lídia. 

 

“Há mais de um mês que não me ausento do Núcleo de Custódia”, afirmou ontem o presidiário Jaime Rubinstein Jr., desmentindo rumores que circulavam na Capital de que teria sido ele o assassino da estudante Ana Lídia Braga. Rubinstein está para ser julgado brevemente porque matou com requintes de crueldade a universitária Maria Cecília Mansur Leite. 

 

Hoje ele goza de regalias no presídio “onde trabalha no bar” e o pai dele, o policial Jaime Rubinstein, enviou ofício ao Núcleo de Custódia com relação de 14 pessoas que podem visitar o filho, a maioria familiares, segundo revelação de funcionários do estabelecimento penal, explicando que o caso é único. Contudo, não se identificaram. 

 

Como está

Sem barba, cabelo curto, pele queimada pelo Sol e bem vestido em relação aos colegas de cela, Jaime Rubinstein Jr. está bem diferente da época em que matou a estudante do CEUB. Quem entra no Núcleo de Custódia e pede para falar com ele num dia de visitas como ontem, é logo levado a uma sala onde os policiais mostram uma lista com a relação das 14 pessoas que podem vê-lo. “Essa lista foi determinada pelo pai do presidiário”, disse um policial. Na lista aparecem, entre outros nomes, o de Amada e Leda Rubestein, mãe e irmã de Jaime, que é visto logo na entrada do presídio atendendo os que procuram o bar. 

 

Como o nome do repórter não constava na lista, o policial logo disse que o contato seria impossível. Contudo, diante da insistência, Jaime Rubinstein Jr. apareceu na sala onde está afixada a lista enviada pelo pai. Trajava camisa cor de vinho, calça mostarda e calçava sandálias. No pescoço um colar. 

 

Logo que chegou demonstrando educação, cumprimentou o repórter e disse que “tudo vai bem comigo: estou aqui há um ano e seis meses e o tratamento é dos melhores”. Indagado sobre sua última saída do presídio respondeu que “não me ausento há mais de um mês”. A entrevista com a reportagem foi rápida, embora Rubinstein não tivesse pressa. É que os policiais mostravam-se interessados na saída dos repórteres “porque, afinal, há uma determinação quanto às visitas ao presidiário e, além disso, o diretor do núcleo não se encontra”. 

 

O pai

 O policial Jaime Rubinstein também desmentiu que fosse o seu filho o assassino de Ana Lídia Braga, embora tenha dito, inicialmente que “só quem pode falar sobre o caso é o advogado”.

 

Rumores

Foi no fim da manhã que os rumores começaram a surgir falando, inclusive, que Jaime Rubinstein Jr. teria sido preso na porta de um dos colégios ao volante de um Volks vermelho. Mas o pai declarou que “isso não procede em hipótese alguma, pois meu filho encontra-se aguardando pronunciamento da Justiça e interno no Núcleo de Custódia”. 

Punição 

Enquanto era apresentado projeto de lei na Câmara estabelecendo a pena de morte para “os crimes de morte com seviciamente sexual de menor”, subscrito pelos deputados Wilmar Dallanhol (SC), Moacir Chiesse (RJ) e Ary Lima (PR), da ARENA, um memorial assinado por 16 outros deputados de ambos os partidos foi encaminhado ao ministro da Justiça no sentido de que crimes como o do rapto e morte da Ana Lídia sejam processados e julgados na forma do decreto-lei que define os delitos contra a segurança nacional que, dentre outras penalidades, implica na pena capital. 

 

Além da proposição e do memorial, vários deputados ocuparam a tribuna para manifestar, em termos inflamados, sua repulsa ao crime cometido, dia 11, por uma maníaco-sexual contra a escolar de apenas 7 anos, Ana Lídia, e o srs. Adhema Ghisi (ARENA-SC), Eloy Lenzy (MDB-RS) e Siqueira Campos (ARENA-GO) denunciaram que Jaime Rubinstein, responsável pelo seviciamento e assassinato, em 1972, de uma universitária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), estava circulando livremente na Capital Federal.

 

Pavor

Ambas as Casas do Congresso viveram durante o dia a tragédia que abateu sobre Brasília, com o sequestro e morte de Ana Lídia por um maníaco-sexual. Fora dos PLenários do Congresso, o coronel Perachi Barcelos, diretor do Banco do Brasil e ex-governador do Rio Grande do Sul, revelou que os funcionários estabelecimento bancário oficial em Brasília estão de tal forma temerosos que venha a ocorrer um caso semelhante com seus filhos que se propuseram a organizar uma polícia particular para montar guarda nas quadras onde residem, como a Superquadra Sul 114, onde frequentemente desocupados fazem investidas contra menores, abusando da inocência das crianças. 

 

O projeto de lei que institui a pena capital para os autores de “crimes de morte com seviciamento sexual de menor” para indivíduos maiores de 21 anos, tem como justificativa o argumento de que “desde que o Estado não pode proteger a sociedade contra a ação assassina de um maníaco-sexual, que pelo menos se livre desse indivíduo que potencialmente é uma ameaça permanente a uma, cem, mil crianças indefesas”. Continuando na justificativa, os deputados Wilmar Dallanhol, Moacir Chiesse e Ary Lima lembram que recentemente nos Estados Unidos um criminoso sexual pôs fim às vidades de mais de trinta adolescentes e, os jornais de hoje publicam que, em São Paulo, um gráfico, Oscar Antônio da Silva, “já violentou nada menos que 33 menores”, dando-se ao escárnio de, após cada atentado, deixar um bilhete zombeteiro junto ao pequeno corpo de sua pequena vítima. 

 

Rubinstein

Enquanto Cesar Nascimento da tribuna, dizia que “há na imagem de Brasília um clima de tristeza e de dor”, em decorrência do bárbaro assassinato de Ana Lídia Braga, crime que não deve ficar sem reparação, os deputados Eloy Lenzi, Adhemar Ghisi e Siqueira Campos denunciavam que Jaime Rubinstein, assassino-sexual que vitimou a universitária no ano passado, estava solto pelas ruas de Brasília, dirigindo um táxi. Eloy Lenzi reclamou do Governo do Distrito Federal para que ponha fim ao regime de impunidade que está marcando a Capital Federal. Criticou a direção dos colégios que só permitem o ingresso dos alunos no recinto das escolas assim que começam as aulas, ficando as crianças sujeitas às investidas de indivíduos desclassificados. 

 

O memorial enviado ao professor Alfredo Buzaid pelos 16 deputados, diz que “profundamente atingidos pelo brutal sequestro e assassínio da menor Ana Lídia Braga, vem apelar à autoridade do ministro da Justiça no sentido de que o autor dessa ignomínia, eventualmente, seja processado e julgado na forma do Decreto-Lei nº 898, de 29 de setembro de 1969, que “define os crimes contra a Segurança Nacional, a Ordem Política e Social, estabelece seu processo e julgamento, e dá outras providências”, cujo artigo 28 e seu parágrafo único estão assim redigidos: “Devastar, assaltar, roubar, sequestrar, incendiar, depredar ou praticar atentado pessoal, ato de massacre, sabotagem ou terrorismo. Pena: 12 a 30 anos. Se, da prática do ato, resultar morte: pena: prisão perpétua, em gráu mínimo, e morte, em gráu máximo”.

 

“Os crimes dessa natureza”, justificam os parlamentares, “podem e devem ser caracterizados como atentatórios à Segurança e à Ordem Política e Social. Atingem o País violentamente na mais estável de suas instituições - a Família. Traumatizam a alma nacional, trazendo-lhe inescondível inquietação. Parece-nos que a caracterização do crime contra a Segurança Nacional não deve ser aferida, apenas pela intenção do autor, sempre difícil de distinguir, mas, também, pelos seus efeitos e consequências”. 

 

Assinaram o documento os deputados Leopoldo Peres (ARENA-AM), Florim Coutinho (MDB-GB), Leão Sampaio (PE), Célio Marques Fernandes (RS), Nosser Almeida (AC), Eurípedes Cardoso (GB), da ARENA; Júlio Viveiros (MSB-PA), Arnaldo Busato (médico, da ARENA-PR), Mario Stamm (PR), Passos Porto (SE), Juvêncio Dias (PA), Lopes da Costa (MT), Paulo Alberto (SP), Flávio Fiovine (PR), da ARENA; Vinícius Cansanção (MSB-AL) e Aldo Lupo (ARENA-SP).    

Repercussão: Lei

O escrivão do Tribunal do Júri, Décio Alfrânio de Oliveira acredita que o assassinato de Ana Lídia seja “uma tragédia praticada por uma pessoa com excesso de periculosidade, que causou um drama total na população de Brasília”.

 

Para Luiz Antonio Pimentel de Araújo, também advogado, “a ausência de um policiamento ostensivo junto às escolas, é um dos principais estímulos aos marginais. Havendo policiais, poderia ser oferecida maior segurança às crianças, protegendo-as de possíveis investidas de maníacos e pervertidos. De fato, nota-se uma lacuna no policiamento do Distrito Federal, não apenas na proteção de menores, como também da população em geral”. 

Repercussão: Opinião 

Hellé Caiado, diretora da “Cada do Candango”, considera o caso de Ana Lídia “tão bárbaro quanto os mais bárbaros. Toda a cidade está traumatizada com o acontecido, não se admite que exista uma pessoa capaz de levar uma criança a tal sofrimento. no entanto, acredito em nossa Polícia, e, como puder, a estimulo”.

 

A diretora da “Casa do Ceará”, Mary Calmon acha que a polícia terá algumas dificuldades em descobrir o assassino da menina. Mas, “quando descoberto, deverá ser encaminhado a uma casa de doentes mentais, pois só assim se justifica seu comportamento. Quando à sua punição, sendo normal, não deveria ultrapassar o limite humano”.  

Repercussão: Insegurança 

A maioria das mães entrevistadas se encontram totalmente inseguras quanto à guarde de seus filhos, durante o período em que se acham estudando. Muitas delas, a propósito do assassinato de Ana Lídia, condenam a vigilância das próprias professoras que, quando se encerram as aulas, consideram finda sua responsabilidade. 

 

Maria Francisca Coutinho, futura advogada e mãe de uma menina de nove anos, afirma que “as escolas de Brasília oferecem nenhuma proteção às crianças, uma vez que podem ser abordadas por qualquer tipo de pessoa ao saírem do colégio”.

 

Angela Maria Paredes e Regina Granjeiro têm seus filhos matriculados no Colégio Imaculada Conceição. Ambas afirmam que não existem segurança para as crianças nas escolas. Uma possível solução seria entregar aos pais um cartão que identificasse seus filhos. Somente de posse dele, um adulto poderia acompanhar a criança. 

Alencar/D.A Press -
Arquivo CB -