Cidades

Morte chega ao Centro-Oeste

Moradora de Luziânia, de 66 anos, é a primeira vítima na região. Óbito foi registrado em hospital de Goiânia. Ela esteve em Brasília há 10 dias, antes de apresentar os sintomas. Esposo está internado e filha terá de ficar isolada. Goiás tem 38 casos da doença



O Centro-Oeste registrou a primeira morte por coronavírus. A vítima é uma técnica de enfermagem aposentada de 66 anos, moradora de Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, segundo informou a Secretaria de Saúde do Estado de Goiás. A idosa morreu na madrugada de ontem no Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), em Goiânia. Até o fechamento desta edição, Goiás contabilizava 38 casos da doença, conforme o último boletim divulgado pela pasta.

A idosa deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Ingá, em Luziânia, na madrugada de segunda para terça-feira, com os sintomas da doença — tosse seca, febre e problemas respiratórios. De acordo com relatório médico obtido pelo Correio e com o relato da filha da paciente, que pediu para não ter identidade revelada, a mulher chegou a ser examinada, anteriormente, em um hospital particular no qual iniciou tratamento para pneumonia. “Falaram que ela precisaria de oxigênio e seria bom que fosse para a sala vermelha, mas que não teria como interná-la”, disse.

Na UPA, a mulher realizou nova radiografia, que acusou quadro sugestivo de pneumonia viral. “Devendo-se considerar a possibilidade de infecção viral, em especial Covid-19”, informou o relatório médico. Ainda no documento, consta que a unidade entrou em contato com a Vigilância Epidemiológica que “excluiu a paciente da coleta de exames por estar fora do período do decreto de transmissão comunitária”. Contudo, solicitaram o isolamento. “Ela estava consciente, tanto que não queria ser entubada. Foi um dos pedidos que ela me fez. Mas, ao transferi-lá, convenceram que seria melhor para ela”, detalhou a filha.

Segundo a família, a equipe médica da UPA pediu para que a paciente fosse transferida ao Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT). “Quando chegamos, ficamos cerca de 50 minutos na porta, porque a equipe não estava pronta para receber e disseram que houve uma falha na comunicação, mas era tarde”, contou.

Em nota oficial, a Secretaria de Saúde de Goiás esclareceu que a mulher apresentava comorbidades como, hipertensão arterial, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica, além de histórico recente de dengue. O órgão informou, ainda, que a paciente esteve em Brasília há 10 dias, antes de apresentar os primeiros sintomas da doença. Questionada sobre o motivo da transferência da idosa de uma unidade de saúde para outra, a pasta não se manifestou até o fechamento desta edição.

O esposo da mulher, de 73 anos, está internado na UPA do Jardim Ingá, com os sintomas de coronavírus. “O controle fugiu das minhas mãos. Eu terei de me isolar agora. Meu pai é um homem muito resistente e forte. Ele é um trabalhador rural. Nos últimos exames, teve um quadro de pré-diabetes, mas também é hipertenso”, disse a filha.

Denúncia

Conforme consta no relatório, equipes de limpeza, enfermagem, radiologia e médica da UPA do Jardim Ingá relataram que foram expostos “sem nenhum EPIs (equipamentos de proteção)”. No documento, os profissionais ainda denunciam a falta de luvas, máscaras e outros materiais para prevenção à doença. A Secretaria de Saúde de Goiás não se posicionou sobre o assunto.

De acordo com a filha da vítima, o corpo da mãe terá de ser cremado. A Secretaria de Saúde de Goiás não se posicionou sobre o procedimento.


Os números

Casos confirmados de coronavírus em Goiás
  • Goiânia: 21
  • Rio Verde: 6
  • Anápolis: 3
  • Aparecida de Goiânia: 2
  • Valparaíso de Goiás: 2
  • Jataí: 1
  • Catalão: 1
  • Silvânia: 1
  • Luziânia: 1