Cidades

Quarentena derruba o movimento nos pet shops do Distrito Federal

A nova realidade do vírus traz vários desafios àqueles que cuidam de animais de estimação

O isolamento em virtude da pandemia de Covid-19 também acaba afetando os animais de estimação, que passam a quarentena com os donos. Consequentemente, os pet shops sentem os impactos da crise do coronavírus. 

Para se adequar às políticas de prevenção, Jessyka Stelzner, 26 anos, proprietária do HVSA Petshop, teve de recusar muitas demandas, o que resultou em uma redução de 40% da receita do estabelecimento. “Temos muita procura por banhos e tosas, mas o Conselho Veterinário instruiu que a parte estética deve ser evitada. Portanto, acabamos orientando aos nossos clientes que façam a higienização em casa, até acabar a quarentena”, diz. 

A nova realidade do vírus traz vários desafios àqueles que cuidam de animais de estimação. Fernanda Martins, 26 anos, está com tempo de sobra para Lupita, sua cachorrinha. “A gente costumava levá-la para tomar banho no pet shop uma vez por semana, e mandava tosar a cada dois meses. Com a restrição, compramos todo tipo de produto para fazer isso em casa”, conta a advogada. 

Apesar do faturamento reduzido, há oportunidades para o comércio pet. A venda de alimentação e de medicamentos deve contribuir com o orçamento, enquanto o cardápio de serviços estiver suspenso. Estes produtos figuram como itens de primeira necessidade, assim como aqueles do setor varejista de supermercados.

“A procura está maior, então, estamos reforçando as vendas de insumos alimentícios e de roupas cirúrgicas para compensar as atividades de higienização e pet sitter, que é o passeio guiado com cães”, afirma Jessyka. Para ela, este é o momento de ampliar as estratégias de cuidados no hospital veterinário e equilibrar a balança de gastos e lucro. 

Higienização
A regra é clara, fique em casa. Mas para quem não pode deixar de ir à rua com seu animal, precisa caprichar na higienização quando regressar ao lar. “Antes da quarentena, levamos a Lupita para dar uma voltinha na rua. Quando chegamos, limpamos as patinhas dela com álcool em gel. Agora, nem a tiramos mais de casa, pois o quintal é razoavelmente grande”, conta Fernanda. 

* Estagiária sob supervisão de Adson Boaventura


Três perguntas para Natássia Miranda, médica veterinária 

Algum cuidado especial com os animais durante os passeios? Eles não desenvolvem a doença, mas podem ser um agente transmissor.
Para aqueles cãezinhos que não conseguem fazer suas necessidades em casa e, impreterivelmente, precisam ir para a rua, o ideal é levar em locais mais afastados, e que seja o mais breve possível. Por mais que necessitamos passear com eles diariamente, precisamos ter em mente que nessa situação de quarentena, quanto menos tempo de exposição, melhor. 

Como proceder com a limpeza do pet após o passeio? Qual produto usar na higienização? Pode com álcool 70%, como indicado para humanos?
É importante lembrar que as patinhas dos animais ficam em contato direto com a rua, e podem levar o vírus para dentro de casa. Com isso, vale tentar protegê-las, antes do passeio, com os sapatinhos apropriados. Outra opção mais leve do que as botinhas, e mais interessante por poder ser descartável, é o balão de festa. Ele pode ser colocado nas patinhas antes de sair, e ao chegar na porta de casa ser retirado e jogado fora. Caso não seja possível proteger as patinhas, vale a limpeza após os passeios. As farmácias de manipulação animal fazem produtos específicos que realizam a assepsia do local, sem prejudicar os coxins (almofadinhas). O álcool 70% puro pode ressecar muito a pele deles, além do cheiro ser bem forte e incomodar muitos bichinhos.

Deve-se aumentar a frequência dos banhos neste período?
Isso pode ser algo bem negativo para um cão que tem pele sensível. Se o animal vai muito à rua, vale adquirir aqueles xampus a seco. Esse tipo de xampu limpa, sem irritar a pele, como pode acontecer com banhos normais. Também é possível encontrar esses produtos em farmácias de manipulação veterinária.