Esta matéria foi publicada originalmente na edição de 30 de agosto de 1978 do Correio. Sua republicação faz parte do projeto Brasília Sexagenária, que até 21 de abril de 2020 trará, diariamente, reportagens e fotos marcantes da história da capital. Acompanhe a série no site especial e no nosso Instagram.
O Vale do Amanhecer, uma instituição marcantemente espiritualista, com uma doutrina já definida também como “um sincretismo espírita-católico-hindu-indígena-africano”, pode mudar sua base física, atualmente em Planaltina, para o município de Formosa, distante 90 quilômetros de Brasília
Tia Neiva, é a fundadora da Ordem Espiritualista Cristã, que em termos oficiais tem o nome de Obras Sociais da Ordem Espiritualista Cristã. A clarividente do Vale do Amanhecer, disse que “a minha obra só visa a ajuda ao próximo, fazer o bem em todas as dimensões no plano espiritual e no plano humanístico” mas que só ficará onde se encontra atualmente “até o dia em que as autoridades quiserem”.
Comenta-se que uma acentuada parte do Vale do Amanhecer, onde já estão construídas quase cem casas, a maioria de alvenaria pode desaprecer quando da construção do lago São Bartolomeu que terá 2 bilhões e 600 milhões de metros cúbicos de água, volume seis vezes maior do que o do lago Paranoá.
Jaguar do Amanhecer
Tia Neiva disse que está disposta a ir para Formosa para continuar a sua obra que começou juntamente com Brasília, ainda ao tempo da Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante, nos idos de 1956/57. Ali pretende criar o que classifica de “continuidade do Vale do Amanhecer” que passará a se chamar Jaguar do Amanhecer ou Jaguar 108.
Tia Neiva
Tia Neiva diz que a sua filosofia “é unir a todos”, embora cada um tenha o livre abrítrio para professar esta ou aquela crença, uma determinada linha religiosa. Exemplificou que no Vale do Amanhecer tanto a Umbanda como o Candomblé se sentem bem, não havendo nenhuma restrição, entre as diversas correntes.
Caso as águas do lago São Bartolomeu, no futuro, não atinjam a área onde se situa o Vale do Amanhecer, distante cerca de 40 quilômetros do Plano Piloto, e cinco da cidade-satélite de Planaltina, Tia Neiva tenciona ampliar os orfanatos que já existem naquele local.
Ela diz aliás que a Estrela Candente há alguns dias ficou 40 minutos iluminada, jogando energias o que pode ser um sinal de que o Vale do Amanhecer poderá permanecer onde se encontra.
Destaca que, o novo Templo também em formato elíptico arredondado “vai ser um encanto, um prosseguimento da doutrina, fundamentada num só sentido: singeleza, humildade, bondade, caridade e amor”.
Lar da Criança de Matildes
No Vale, o Lar da Criança de Matildes está sendo mantido “com o auxílio do nosso povo” e a despesa só com arroz, feijão e óleo para as crianças - algumas já na fase da adolescência - alcança 60 mil cruzeiros todo mês.
Embora já firmemente inclinada a morar no Jaguar 108, em Formosa, Tia Neiva, confessa que o seu grande ideal é se fixar na Ceilândia, considerado como o grande bolsão de pobreza do novo Distrito Federal e que conta hoje com mais de 140 mil habitantes.
Ela explica que numa área de 50 alqueires na Ceilândia, a obra teria uma amplitude para desempenhar a sua missão junto a uma comunidade “muito carente” e atender aos outros setores do Distrito Federal e das diversas regiões do país e dos estrangeiro como acontece com o Vale, lá em Planaltina.
Brasilinha, igualmente nas imediações de Planaltina, é outra meta para se criar uma continuação do Vale do Amanhecer, cuja doutrina, conforme é enfatizada por Mário Sassi, Mestre Jaguar Tumochy e um dos seus dirigentes, não é expansionista, apenas acatando o chamamento dos irmãos.
O novo templo
Distante três quilômetros de Formosa, no morro de São Pedro, entre o bairro de Formosinha, a Volta do Brejo e os córregos Josefa Gomes e Registro será erguido, na mesma forma elíptica do atual templo do Vale do Amanhecer. O novo, será construído em sistema de mutirão.
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