Cidades

Prevenção em táxis e apps

Álcool em gel tornou-se utensílio de trabalho para ambas as categorias. Além das medidas de proteção contra o coronavírus, os motoristas ainda lidam com a diminuição no número de passageiros à procura do serviço

O aumento dos casos de coronavírus no Distrito Federal deixa a população em alerta, principalmente quem depende de transporte. Enquanto muitos adotam o home office, outros têm as ruas como local de trabalho. Entre eles, estão os motoristas de táxis e de transporte por aplicativo. Para evitar a disseminação da Covid-19, esses profissionais tomam medidas de prevenção. Álcool em gel e janelas abertas são algumas das mudanças de hábitos (veja Previna-se).

Dentro do grupo de risco, pela idade, o taxista Pedro Pereira, 69 anos, tem o álcool em gel como ferramenta de trabalho. “Estou usando com frequência e evitando andar com o ar-condicionado ligado, a não ser quando o passageiro exige”, comenta. Nos transportes por aplicativo, não tem sido diferente. “Tento não ligar o ar-condicionado e estou passando álcool em gel sempre. Só ando com o vidro fechado se o passageiro pedir, mas a maioria está entendendo a necessidade de andar com as janelas abertas”, diz o motorista por aplicativo Érbio Faria, 64.

Tanto as empresas quanto os sindicatos orientam a categoria em relação aos cuidados com a saúde. O Sindicato dos Permissionários e Motoristas Auxiliares de Táxi (Sinpetax) recomendou que os trabalhadores caprichem na limpeza e evitem o contato direto com os passageiros. O Sindicato dos Motoristas Autônomos por Aplicativos do DF (Sindmaap) faz campanha para conscientizar os condutores, disponibilizando uma cartilha com medidas de prevenção e informações sobre o coronavírus.

As empresas também se manifestaram. A Uber oferece recursos para ajudar os profissionais a manterem os carros limpos e destacou, em nota oficial, que há a possibilidade de “suspensão temporária de contas de usuários ou motoristas após a confirmação de que contraíram a Covid-19”. A empresa ainda dispõe de assistência financeira por 14 dias para trabalhadores afetados pelo vírus. A 99 criou um fundo mundial de US$ 10 milhões para apoiar os profissionais diagnosticados com a doença e trabalha a possibilidade de suspensão provisória de contas de motoristas infectados pelo micro-organismo.

Queda no movimento

As medidas de suspensões e as orientações do governo para que a população evite sair de casa também alcança a clientela de taxistas e motoristas do sistema de transporte por aplicativo. A professora Wilda Gonçalves, 33, usava o serviço por app pelo menos duas vezes na semana. “O meu filho faz terapia e, até a semana passada, eu o levava de Uber. Eu via os motoristas com álcool em gel nos carros, mas, mesmo assim, por medo, eu achei melhor não ir mais. Os meus pais são idosos, a minha mãe tem asma; então, preferi não arriscar”, conta.

A falta de clientes reflete no bolso dos trabalhadores, que, em alguns casos, têm a atividade como principal fonte de renda. É o caso do motorista por aplicativo Sandro Danilo da Silva, 38. “Senti uma queda de 80% no meu rendimento, mas a gente continua trabalhando. Estou me cuidando, andando com álcool em gel, procurando me alimentar bem para manter a saúde em dia”, destaca.

O Sindmaap estima redução de 50% a 60% no movimento. “Temos motoristas esperando 40 minutos por um chamado. Geralmente, o tempo de espera entre uma corrida e outra é de 10 a 15 minutos”, ressalta o presidente do sindicato, Marcelo Chaves. Os taxistas estimam até 90% de queda em alguns pontos, como no aeroporto e nos setores hoteleiros. “Tem taxista que fazia cerca de 10 corridas por dia e, agora, está fazendo uma”, lamentou o presidente do sindicato da categoria, Sued Souza.

 

Previna-se

» Use álcool em gel 70%, com frequência, para higienizar as mãos

» Passe álcool com frequência nas maçanetas e nos lugares onde os passageiros costumam tocar

» Não cumprimente os passageiros com apertos de mão

» Evitar circular com as janelas fechadas

» Passageiros e motoristas com sintomas não devem pedir ou fazer corridas

Fonte: Alexandre Cunha, infectologista