Abaixo as fake news
Os efeitos colaterais do coronavírus me atingiram em cheio. Vejam, não se trata da infecção. Eu me refiro ao cansaço que se apossa do corpo diante de tamanha energia gasta com o esforço para combater fake news e se informar em velocidade semelhante à da proliferação do vírus que assusta a humanidade ao se espalhar por todos os continentes do planeta.
É justamente a informação a maior arma no combate à doença. São as poucas evidências científicas disponíveis até o momento a respeito do Covid-19 que, compartilhadas por meios de comunicação confiáveis, permitem seguir a vida com menos preocupações.
Pelo menos isso a pandemia nos ensina: buscar fontes oficiais e de credibilidade. Base do jornalismo de qualidade, esse preceito muitas vezes fica de lado, preterido diante da rapidez exigida pelos dados que navegam na web de um lado a outro do mundo. Uma série de regras e de cuidados quase que institucionalizados nas redações, no entanto, devem garantir que o mínimo de erros seja cometido. É esse o esforço que, pessoalmente, tenho feito a cada dia com mais vigor.
Não é fácil, e as falhas e os problemas também surgem diariamente. Mas consiste em um exercício necessário e que só me ensina mais a cada palavra redigida e a cada texto publicado.
Costumo pensar em trilhas sonoras para momentos críticos como o que vivemos atualmente. Mas, dessa vez, a inspiração me foge. Se algum leitor tiver sugestões, sou toda ouvidos (literalmente). Quem sabe a próxima crônica venha devidamente acompanhada dos acordes e versos de uma canção?
Certa vez, escrevi sobre um cenário apocalíptico. Um dos primeiros textos que publiquei neste espaço. Longe de acreditar em profecia ou qualquer coisa do tipo, mas lembro-me que o cenário era justamente uma Esplanada dos Ministérios vazia, abandonada em um futuro distópico. Tratava-se apenas de devaneio de uma noite mal-dormida.
Agora, novamente, eu me deparo com noites em claro, por razões diversas e que nada têm a ver com o vírus. Mas o cansaço causado pelos efeitos colaterais dele também é real. Torço para que as medidas adotadas pelo governo sejam suficientes para reduzir ao mínimo o sofrimento da população e acredito, de verdade, que isso acontecerá caso o meu esforço e o dos colegas em combater as fake news saiam vencedores nessa equação.