Hoje considerada uma pandemia, a Covid-19 registra mais de 125 mil casos confirmados e 4,6 mil mortes em todo o mundo, segundo os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Distrito Federal, três pessoas testaram positivo para a doença: uma mulher, de 52 anos, internada em estado grave no Hospital Regional da Asa Norte (Hran); o marido dela, em isolamento domiciliar e sem sintomas; além do vice-presidente de embaixadas e consulados do Flamengo, Maurício Gomes de Mattos. Esse último fez dois exames até o fechamento desta edição: o primeiro testou positivo para Covid-19, mas o segundo deu inconclusivo.
Ainda sem vacina disponível, médicos e especialistas vão, aos poucos, desvendando o comportamento do vírus, descoberto na cidade de Wuhan, na China. Segundo a OMS, os sintomas mais comuns são febre, cansaço e tosse seca. Alguns pacientes relataram dores musculares, congestão nasal, nariz escorrendo, garganta inflamada ou diarreia. Essas características são suaves e surgem gradativamente.
O órgão esclarece que algumas pessoas sequer apresentam sintomas e que cerca de 80% dos infectados se recuperam sem precisar de tratamento especial. Em média, de uma em cada seis pessoas diagnosticadas com o vírus apresenta quadro grave e dificuldades respiratórias. Idosos e pacientes com comorbidades, como hipertensão, problemas cardíacos ou diabetes, têm chance de ter o estado de saúde agravado.
O Correio preparou uma lista de tópicos explicativos a partir de informações divulgadas por órgãos como OMS, Organização Panamericana de Saúde (Opas), Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde do DF para esclarecer as principais questões e preocupações a respeito do coronavírus.
No detalhe
Incubação e transmissão
O período de incubação, ou seja, o tempo que leva para o aparecimento dos primeiros sintomas, varia de dois a 14 dias, sendo o período médio de 5 dias. A transmissão é possível apenas enquanto duram os sintomas e acontece, principalmente, por gotículas respiratórias (saliva) ou contato. Espirros, tosses, catarro, abraços, apertos de mão ou o contato com superfícies contaminadas também podem transmitir a doença.
De acordo com o Ministério da Saúde, a transmissibilidade acontece, em média, sete dias após o surgimento dos sintomas. No entanto, podem ocorrer também em casos assintomáticos. Qualquer pessoa em contato a menos de um metro de distância com alguém que apresente os sintomas respiratórios está sob risco de infecção.
Proteção e cuidados
Algumas ações simples são recomendadas para reduzir as chances de ser infectado ou de transmitir o vírus. Uma das principais é lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos, principalmente antes de ingerir alimentos ou após utilizar transporte público e visitar locais com grande fluxo de pessoas. Essa ação pode ser substituída pela utilização de álcool e gel a 70%.
Também não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, pratos e copos. Não toque nas mucosas dos olhos, nariz e boca sem antes higienizar as mãos. Mantenha os ambientes bem ventilados e evite o contato com pessoas que apresentem os sintomas da doença. Ao tossir, cubra a boca com a dobra do cotovelo, jamais com as mãos. Outra opção é proteger boca e nariz com um lenço de papel descartável e higienizar as mãos imediatamente.
Ao procurar uma unidade de saúde
Segundo a OMS, pessoas com febre, tosse e dificuldades respiratórias devem procurar assistência médica. A Opas recomenda que quem viajou para áreas onde circula o vírus, ou esteve em contato com alguém diagnosticado, ou que apresente febre, tosse ou dificuldade para respirar, busque atendimento médico imediato. A automedicação é contraindicada.
Para determinar o padrão de atendimento em casos suspeitos de coronavírus, a Secretaria de Saúde elaborou um plano de contingência. As normas seguem aquelas adotadas em fase de contenção, na qual o Brasil se encontra atualmente. Casos suspeitos são aqueles em que a pessoa esteve em um dos países definidos pelo Ministério da Saúde como os de maior risco para contágio da Covid-19, ou daqueles que tiveram contato com esses viajantes.
No DF, o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) disponibiliza o telefone (61) 99221-9439 para assistência profissional à população. Pelo número, é possível solicitar a visita de um técnico para coleta de material em caso suspeito de coronavírus.
Uso de máscaras
De acordo com a OMS, apenas utilize a máscara se você estiver infectado pela Covid-19 e apresente os sintomas (especialmente tosse), ou se estiver cuidando de alguém que pode estar infectado. Se não é o caso, trata-se de desperdício de material. Máscaras descartáveis podem ser usadas uma única vez. Antes de colocá-la, limpe as mãos com álcool em gel ou com água e sabão. Cubra a boca e o nariz e certifique-se de que não há vãos entre o rosto e a proteção. Evite tocar na máscara durante o uso. Se fizer isso, higienize as mãos em seguida.
Medicamentos e tratamento
O Ministério da Saúde explica que não há, ainda, tratamento específico para coronavírus. A indicação é de repouso e consumo de água. Os médicos indicam remédios para dor e febre e uso de umidificador. Banhos quentes podem aliviar a dor de garganta e a tosse. Antibióticos não são indicados, uma vez que servem para tratamento contra bactérias. Ainda não há uma vacina indicada para a Covid-19. A OMS informa que diversos testes clínicos estão em andamento tanto na medicina oriental como na ocidental, e uma possível vacina ou tratamentos com medicamentos são estudados.
Animais: contágio e transmissão
Embora haja, até agora, o registro de um cachorro, em Hong Kong, infectado, não há evidências que comprovem que animais de estimação possam transmitir a Covid-19. Outros tipos de coronavírus são comuns em animais. O Sars-CoV, por exemplo, é associado a gatos, e o Mers-CoV, transmitido por dromedários. Contudo, não há confirmações de animais fontes da Covid-19, doença que afeta os humanos.
Exames na rede pública e privada
As unidades de atendimento da rede pública referências no atendimento do novo coronavírus são, de acordo com o governo, o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) (foto) e o Hospital de Base do DF. Nessas unidades, pacientes com sintomas do vírus são submetidos ao teste gratuitamente. Mas a população também poderá solicitar o atendimento domiciliar pelos telefones 190, 192, 193 e 199. Os números foram anunciados ontem pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) como canais para contato com as oito equipes de saúde que serão montadas pelo governo para atender a população, além do Aeroporto Internacional de Brasília e da Rodoviária Interestadual.
Na rede privada, os convênios médicos se adaptam às novas normas determinadas pelo Ministério da Saúde no início da semana. No Sabin, os convênios do TJDFT, da Brasal Combustíveis, da Brasal Refrigerantes e Care Plus estão regulamentados. O Exame, por ora, oferece o serviço apenas particular, ao custo de R$ 280. No Sabin, o teste custa R$ 280 nas unidades físicas, e R$ 350 para coleta domiciliar, acrescido de taxa de R$ 40. Todos os testes são feitos mediante um pedido médico.
Não compartilhe notícias falsas
Recebeu alguma informação duvidosa sobre o coronavírus em redes sociais? Não compartilhe. Diversos canais de checagem estão disponíveis para apurar as informações. No site do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br), há uma aba para esclarecimento de notícias falsas, além do aplicativo Coronavírus-SUS. A Secretaria de Saúde do Paraná tem, no site do órgão, uma parte dedicada a desmentir desinformação. A Secretaria de Saúde de São Paulo criou um guia para download, com as dúvidas mais frequentes. No DF, a Secretaria de Saúde (www.saude.df.gov.br/coronavirus) publicou uma lista de perguntas frequentes sobre o tema. O Correio Braziliense disponibiliza também o Holofote, núcleo de checagem de fatos com apurações diárias (www.correiobraziliense.com.br/holofote).