O Correio apurou que o possível novo paciente da Covid-19 está internado no Hospital Santa Luzia, na Asa Sul. Trata-se do vice-presidente de embaixadas e consulados do Flamengo, Maurício Gomes de Mattos, que testou positivo para coronavírus nesta quinta-feira (12/3) — ele fez um segundo teste, que deu inconclusivo, e outro será realizado nesta sexta-feira (13/3). Na quarta-feira, Maurício deu entrada no Santa Luzia com pressão alta e foi impedido de retornar ao Rio de Janeiro. Motivo: apresentou sintomas do novo coronavírus na passagem pelo DF.
A diretoria do Flamengo mantinha o caso em sigilo. A preocupação do clube tinha a ver com ida recente dele à Espanha. Há 13 dias, Maurício acompanhou o presidente Rodolfo Landim e o vice-presidente de Comunicação e Marketing, Gustavo Oliveira, numa visita à Ciudad Real Madrid, o Centro de Treinamento do Real Madrid.
Na manhã dessa quinta, o Real Madrid confirmou que um atleta do time de basquete testou positivo para o coronavírus. Após a notícia, tanto o time principal de basquete quanto o de futebol entraram em quarentena. Os dois elencos compartilham instalações do centro de treinamento do clube, o mesmo local por onde passaram os dirigentes do Flamengo no fim de fevereiro. O CT Valdebebas foi evacuado e fechado. Os times de basquete e de futebol realizam treinamentos na Ciudad Deportiva.
Ao longo do dia, a reportagem entrou em contato com pessoas próximas ao dirigente. Uma fonte disse que Maurício Gomes de Mattos estava em Brasília com a mulher, a passeio, e desconversou sobre a internação. Respondeu que não estava sabendo. O Correio entrou em contato com o dirigente várias vezes, mas ele não atendeu às ligações nem respondeu mensagens. Outro entrevistado confirmou a internação, disse que o paciente estava bem e revelou que ele havia chegado recentemente de uma viagem internacional a serviço do Flamengo.
Os dois casos da Covid-19 confirmados no DF são de um casal morador do Lago Sul. A mulher, de 52 anos, está internada com quadro pulmonar grave na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). O marido dela, um advogado de 45 anos, segue em isolamento domiciliar. Eles voltaram para a capital federal em 26 de fevereiro, após uma viagem à Suíça e ao Reino Unido.
A mulher recebeu o diagnóstico em 4 de março no Hospital Daher, no Lago Sul. No dia seguinte, foi transferida para a rede pública de saúde. Por ter tido contato com a paciente, o marido dela precisaria ficar em casa e passar por exames para detectar a doença. Entretanto, o GDF recorreu à Justiça para que ele cumprisse as medidas e recebesse a confirmação da Covid-19.
Escolas fechadas
Em edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), o Executivo local publicou um decreto, válido por cinco dias, suspendendo aulas e proibindo eventos com grande público e aglomerações, como shows e competições esportivas. Cumprindo a determinação, instituições de ensino das redes pública e privada amanheceram com os portões fechados. Mais de 500 mil alunos das 683 escolas do GDF ficaram sem atividades.A reportagem esteve em alguns centros de ensino. O Jardim de Infância da 102 Sul ficou trancado. Na porta, um comunicado informava o teor da decisão do Executivo e o período sem aula. De acordo com a pasta, a reposição dos dias letivos perdidos pelos estudantes será definida na próxima semana.
No Colégio Dom Bosco, na 702 Sul, a informação sobre a interrupção das atividades foi divulgada para os pais na noite de quarta-feira. O coordenador pedagógico, Fernando Pinheiro, informou que a orientação inicial é de aderir à norma. “Estamos aguardando um posicionamento do (departamento) jurídico para definir se vamos parar por cinco dias, ou se voltamos antes”, explicou. Claudiney Sousa Fernandes, 42 anos, foi surpreendido quando levou a filha para a aula em uma escola particular da Asa Norte. “Dormi cedo ontem e não vi nada relacionado a essa determinação”, contou.
Universidades privadas também paralisaram as aulas. O Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), o Centro Universitário de Brasília (UniCeub), a Universidade Católica de Brasília (UCB) e a Universidade Paulista (Unip) amanheceram nesta quinta-feira (12/3) com os espaços fechados. A Universidade de Brasília (UnB) recuou e também suspendeu as atividades, mas apenas a partir desta sexta-feira (13/3).
Concurso adiado
As provas do concurso para escrivão da Polícia Civil do DF, que ocorreria no próximo domingo, estão suspensas. O comunicado foi divulgado pelo Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), instituição responsável pelo certame. Até o momento, não há nova data definida.O adiamento afetou centenas de inscritos, inclusive quem vem de outras unidades da Federação para fazer a prova. É o caso do advogado Paulo Aquino, 35, e do policial Maxuell Matos, 34. Os dois moram em Teresina e desembarcaram na capital federal nesta quinta-feira (12/3). Na cidade, aproveitaram para conhecer o local onde fariam o exame. Antes do anúncio oficial, os dois estavam apreensivos com a possibilidade do adiamento. “Se isso acontecer, será um prejuízo. No nosso caso, que temos família aqui em Brasília, não será tanto, mas para quem veio e ainda vai pagar a hospedagem, é uma despesa a mais”, disse Paulo.
* Estagiário sob supervisão de Guilherme Goulart