Esta matéria foi publicada originalmente na edição de 24 de novembro de 1989 do Correio. Sua republicação faz parte do projeto Brasília Sexagenária, que até 20 de junho de 2020 trará, diariamente, reportagens e fotos marcantes da história da capital. Acompanhe a série no site especial e no nosso Instagram.
Frustração. Foi este o sentimento que tomou conta do público que lotou o Estádio Mané Garrincha, sábado à noite, ao término do show da Legião Urbana. O espetáculo que tinha tudo para se constituir no maior acontecimento musical e artístico do ano em Brasília, transformou-se num festival de violência, após a banda deixar o palco inesperadamente, abreviando ao máximo sua apresentação, sob a aparente justificativa de que estava sendo alvo de agressão por parte da platéia.
Na verdade, houve quem atirasse bombinhas de São João e outros objetos no palco, embora nenhum tenha atingido os integrantes da Legião, como no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, onde uma luta de cerveja chegou a ferir o braço do baterista Marcelo Bonfá.
O clima tenso, nervoso, de excitação, era facilmente constatável desde às 17 horas, quando foram abertos os portões para o acesso do público. A revista, que era feita individualmente, fazia com que as filas andassem morosamente. A presença das polícias de choque e montadas causava constrangimento.
Dentro do Mané Garrincha, a enorme expectativa aumentava ainda mais o nervosismo e a tensão. Muitos aproveitavam a chegada da noite e o frio que começava a ficar intenso para, agarradinhos, namorar. Havia, porém, os que, de forma nada pacífica, ficavam provocando confusão, à base do empurra-empurra.
Um momento extra foi a entrada no gramado de integrantes do Partido Comunista do Brasil (PC do B), portando uma enorme faixa na qual pregavam a saída do presidente José Sarney e do governador José Aparecido. Eles conseguiram caminhar cerca de 50 metros até que um oficial da Polícia Militar rasgou a faixa. O pessoal do PC do B ficou apenas com um pedaço de pano na mão.
Próximo ao palco, a situação era quase insustentável. Os seguranças eram insuficientes e a cerca protetora que foi colocada era facilmente transponível. Foi nesse local que se registrou o maior número de desmaios e muitas pessoas tiveram de ser carregadas, apresentando convulsões. Algumas até com certa gravidade.
Portões Abertos
Perto do show começar, sentindo a pressão da massa que estava ainda fora do estádio, com o ingresso na mão e sem poder entrar, a produção deu ordens para que os portões fossem abertos para todos. Para os que pagaram e para os que não pagaram. O gramado, que já estava lotado, ficou superlotado.
Retira no hotel, aguardando uma comunicação dos produtores, a Legião chegou ao Mané Garrincha um pouco depois das 22 horas (horário marcado para o início do concerto), mas não demorou a entrar em cena. Quando as luzes se apagaram e o foco do canhão pousou sobre o palco, anunciando a entrada de Renato Russo, Dado Villa-Lobos, Renato Rocha e Marcelo Bonfá, houve uma explosão de alegria.
Renato começou o espetáculo cantando Que País é Este. Aí o clima já era de delírio completo. No placar luminosos do estádio, lia-se: “Governo Sarney, tudo pelo social”, numa homenagem do diretor do Defer, Hezir Espindola, ao seu conterrâneo e amigo, presidente José Sarney. Com a atenção voltada para o palco, a maioria das 50 mil pessoas presente (novo recorde de público para promoções do gênero em Brasília), não tomou conhecimento da propaganda.
Discurso
Tudo transcorria com relativa calma durante a apresentação das três primeiras músicas (as outras duas foram Sexo Verbal e Quase sem Querer), até que, ao cantar Conexão Amazônica, Renato fez um veemente discurso antidroga, contando a história do Clube de Crianças Junk, jovens que aos 13 anos já cheiravam cola, até chegar aos 18 anos usando drogas pesadas. Para concluir, disse que “um morreu, dois pararam, três passaram no vestibular e se casaram. Mas teve um que ficou assim, oh!” e contorcendo-se todo, mostrou como ficou o jovem viciado.
Foi justamente nesse momento que, aproveitando-se de um vacilo imperdoável dos seguranças, um jovem subiu ao palco e agarrou o vocalista pelo pescoço. Imediatamente o retiraram. Mais tarde, alguém da comitiva dos legionários, querendo fantasiar (buscou recriar a imagem de uma fã dos Rolling Stones, que tentou atacar Mick Jagger com uma faca num concerto dos Rolling Stones, durante turnê pelos Estados Unidos, no começo dos anos 70), afirmava que o jovem que subira ao palco tinha uma navalha na mão. Mentira. Luis Fernando Artigas, um dos produtores do show, que ajudou a retirar o rapaz (ele se chama Silvestre, tem 19 anos, e disse que teve aquela atitude porque amava Renato Russo), negou isso.
Contornado o incidente, Renato prosseguiu interpretando Satisfaction (Rolling Stones), A Hard Day’s Night (Beatles) e Cajuína (Caetano Veloso). E segue o show. Em Ainda é Cedo, reverenciou alguns dos seus ídolos, introduzindo trechos de Stairway to Heaven, do Led Zeppelin; Mariana, do Sister of Mercy, e She Loves, dos Beatles.
Mas uma bombinha espoucou no palco e ele ameaçou parar o show. Mesmo assim, foi em frente com o megassucesso Faroeste Caboclo e a belíssima Tempo Perdido. Antes, porém fez uma irada advertência: “Que história é essa? Quem estava do lado viu. Então dá um esporro. Qual é? Não vai atingir a maioridade nunca? Vai ficar sempre nessa babaquice, é? A gente já está com a vida feita. A gente está numa boa. A gente trabalhou e chegou lá. FIcar tacando bombinha na Legião, dança! Ô cidade babaca! É por isso que a gente fica um ano e meio sem vir aqui”.
Revolta
Instaurou-se, então, um clima de revolta na platéia, que nem mesmo a interpretação da Faroeste Caboclo conseguiu aplacar. Era a insatisfação, misturada com revolta e frustração latente, quando a banda deixou o palco, depois de Será, a última música do curtíssimo show. Tudo isso cresceu e explodiu depois de 20 minutos de espera pelo bis. Como a Legião não voltou, muita gente, depois de derrubar a cerca protetora, deu início à tentativa de depredação dos equipamentos instalados no palco, só não a consumando em razão da ação da polícia, que prendeu alguns dos depredadores e afastou os outros à base do cassetete.
Parcela considerável do público manteve-se no estádio, ainda por mais tempo, na expectativa do retorno da Legião. Isso, porém, não aconteceu e a decepção se generalizou, ROberto de Paolli Menescal, 18 anos, desabafou: “Qual é a do Renato Russo?Eles não tem nada que ficar fazendo discurso, provocando as pessoas, que já estavam muito tensas. Foi uma coisa muito desrespeitosa da Legião para com a gente, fazer um show tão curto e não voltar para o bis”.
Guilherme Paulucci, 17 anos, tinha opinião semelhante: “O público estava, realmente, muito tenso, muito excitado, mas o Renato não entendeu isso, não soube encarar. E começou a agredir todo mundo, quando na verdade só uns poucos otários é que ficaram atirando coisas no palco”.
Sem esconder sua decepção Vanessa Mixirica, 15 anos, comentou: “Pô, qual é a deles. Eles nasceram aqui, cresceram aqui como grupo, sempre com o apoio da galera de Brasília e agora vem o Renato dizer que a gente não está com nada. Que a gente não tem nada a ver”. Junto com Vanessa estava Cinara Ferreira, 16 anos, que veio de Goiânia só para assistir ao show. Ela, também, demonstrava muita revolta: “A gente curte eles, faz o maior esforço, gasta a maior grana para vir de Goiânia assistir o show e acontece isso. Se eu pudesse ir lá no camarim, o Renato e os outros iriam ouvir poucas e boas, para eles aprenderem que não podem tratar os fãs assim”.
Este é mais ou menos o menos o sentimento de Ana Cláudia Barros de Lima, 20 anos: “O show foi legal, embora tenha sido muito curto. Ele apelaram. Deviam ter consideração com a grande maioria do público, que estava se comportando legal. A gente pagou caro, sofreu com empurrões, com a estupidez da polícia e dos seguranças. Portanto tinha o direito de ver um show completo. Nem Angra dos Reis eles tocaram!”
Nos bastidores, enquanto o pessoal da Cruz Vermelha (jovens estudantes de medicina e auxiliares que se ofereceram para atender as vítimas de violência) contabilizava mais de 100 atendimentos (a maioria entorses contusões mais leves), o empresário da Legião Urbana, Rafael Borges, justificava a atitude da banda: “Não vi nada de errado. Isso é rock’n roll. Os Sex Pistols faziam shows de 20 minutos e ninguém protestava”. Os produtores, que se eximiam de qualquer culpa pelo ocorrido, diziam que não podiam obrigar a Legião a voltar ao palco.
Quarenta minutos depois do encerramento do show, Renato Russo, Dado Villa-Lobos, Renato Rocha e Marcelo Bonfá deixaram o camarim. No corredor que dá acesso à entrada privativa do estádio, ainda os aguardavam alguns fãs, que os aplaudiram à saída. Negando-se a dar entrevista, Renato limitou-se a comentar laconicamente, antes de entrar no carro que os conduziu ao hotel: “Isso é reflexo da insatisfação geral do povo brasileiro.”
Promotores botam a culpa no astro
As declarações feitas por Renato Russo durante o show revoltaram o público brasiliense. A afirmação foi feita pelo diretor da empresa Agora Eles, promotora do evento, Luiz Fernando Artigas. Segundo ele, o povo não gostou do que ouviu e resolveu revidar jogando objetos no palco onde estava a banda.
“Sou amigo de Renato Russo há dez anos, não entendo por que ele agiu de maneira estranha no dia do show”, disse Artigas. O fato é que o cantor, inúmeras vezes, dirigiu frases provocativas à platéia. “Eu me dei bem na vida. Estou rico. E vocês? O que vocês são?” Renato Russo perguntava aos brasiliense. Repetia: “Vocês pagam ingresso para assistir ao show. Quem ganha sou eu”. Afirmações como estas e outras muito piores, contendo inclusive palavrões, foram dirigidas ao povo.
No início, os brasilienses ouviram tudo quietos. Mas a cada frase a raiva crescia e a multidão de mais de 40 mil pessoas se revoltou. Nesta hora, um deficiente físico, com muita dificuldade, subiu ao palco e se agarrou no pescoço do cantor, enlaçando-o de tal forma que foi difícil para a organização do show retirá-lo.
“Não sei o que aconteceu com Renato Russo. Não sei por que ele falou tanta coisa que não devia. Talvez ele tenha se emocionado pelo fato de ter saído de Brasília há muitos anos como um simples cantor e, agora, no seu retorno encontrar um público de 50 mil pessoas e estar famoso”, disse Artigas, perplexo com tudo o que aconteceu no estádio.
O certo é que o cantor conseguiu mexer com o orgulho dos brasilienses e provocou, com isso, reações inesperadas da platéia. Houve um fã que jogou um sapato no palco. O calçado acertou o violão que acompanhava Renato Russo de show em show. O estrago no instrumento revoltou o músico. Depois do golpe de sapato, começaram a surgir as bombinhas de São João, jogadas no palco sem nenhum constrangimento. E, antes que a situação piorasse, contar resolveu se retirar de cena.
“A banda tentou convencer Renato a voltar ao palco, mas ele se negou terminantemente”, disse Artigas. Quando o público percebeu que havia pago para ouvir somente dez músicas, começou a gritaria. “Funeral para o Legião, Funeral para o Legião”, gritava o povo.
Neste momento iniciou-se um grande tumulto. O público partiu para o palco a fim de quebrar tudo e atingiu, em parte, seu objetivo. Os policiais e os 300 seguranças particulares contratados tiveram que dar duro para evitar que uma tragédia maior acontecesse.
Contudo, a aparelhagem usada pelo conjunto musical sofreu danos, “quebraram o pedestal do microfone jogando-o contra uma caixa de som”, disse Artigas. O diretor de Agoras Eles considera o público de Brasília muito violento. Ele disse que tudo deveria ter acontecido na mais perfeita ordem, porque todo o show foi preparado com antecedência e todos os detalhes foram estudados. O problema é que ninguém, nem a polícia, conseguia mais segurar o público. “Foi um milagre não ter acontecido o pior”.
Brasília correu risco de enfrentar novo badernaço
A polícia esteve a ponto de perder completamente o controle da situação, de tão grande que foi o tumulto. A afirmação é do delegado Antônio Antenor Siqueira, responsável pela 2ª Delegacia de Polícia localizada na Asa Norte. Segundo ele, poderia ter ocorrido algo muito pior caso a massa humana tivesse se dirigido para locais comerciais, porque havia o risco de haver quebra-quebra devido à revolta contra o conjunto.
A confusão fez com que os policiais trabalhassem incessantemente para tentar evitar que o povo quebrasse tudo o que havia por perto. Aconteceu, mesmo assim, um fenômeno semelhante ao badernaço que houve na Esplanada dos Ministérios em novembro de 1986. O povo, indignado, quebrou 14 ônibus da empresa Alvorada a pedrada.
“A madrugada de sábado para domingo foi um verdadeiro inferno na delegacia por causa desse show”, disse o delegado. Simplesmente foram detidas 50 pessoas por badernas, brigas, quebra-quebra e tumulto. Um dos detidos, Geraldo Pinto de Oliveira carregava um revólver calibre 22, mas sem balas dentro. Drogas como maconha, cocaína e outras do gênero não foram apreendidas mas, em compensação, a polícia recolheu cerca de 150 tubos de “loló”.
Segundo levantamento feito pelo Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros, 400 pessoas foram atendidas nas ambulâncias que estavam no Mané Garrincha. Havia quatro Unidades Táticas de Emergência (UTE) e mais um carro de busca e salvamento (ABS) do Corpo de Bombeiros, sem contar as ambulâncias da Cruz Vermelha.
O tenente André, do Grupamento de Busca e Salvamento, afirma que, dentro os 400 casos, cerca de 50 foram de pessoas que se machucaram muito, a ponto de serem encaminhadas para os hospitais da rede pública. “Houve muitos desmaios, o que é comum em shows. O problema é que muitos se feriram durante o tumulto e alguns até sofreram fraturas”, disse o tenente. Segundo ele, na tentativa de pular o fosso que separa as arquibancadas do gramado, muita gente caiu e fraturou pernas, braços e houve até um caso de fratura no crânio.
Cerca de 30 pessoas deram entrada, sábado à noite, no Hospital de Base apresentando ferimentos devido à confusão que houve no show. Foram registrados, também, casos de fratura. O número certo, no entanto, só poderá ser revelado hoje, após levantamento nos livros de cadastro no hospital.
Faroeste Caboclo
Faroeste Caboclo. Um balde de gelo numa noite gelada. Um show limite na história da Legião Urbana. Um show sem limites, sorvendo e sorvido no radicaos da cidade coca-cola. Dez anos de Renato Russo e seus legionários são um brinde demais pra essa cidade, que ainda não aprendeu a se suportar, tão caboclo é o seu faroeste, tão suburbana é a sua cabeça. Legião Urbana continua incomodando porque é o mais incisivo e extravasado espelho de uma demência que se faz no corpo da cidade. A poética deste rock virulento é a da afronta aos podres poderes e, convenhamos, logo em Brasília! A própria Legião faz flashes cruéis da cidade, reduzida aos seus clichês cotidianos de aeroporto de políticos ensandecidos, ponto de trânsito das corrupções e “Habitat” de uma juventude que vive acuada dentro de outra juventude - esta, a dominante, careta, encarnada por uma turma de boyzinhos imbecis. O próprio cenário pro rock’n’roll.
Sábado à noite, superquadras e satélites armando bandeirinhas e fogueiras, uma multidão de adolescente se dirigindo a pé para o estádio Mané Garrincha, era a própria noite de /”estava à toa na vida, o meu amor me chamou, pra ver a banda passar, cantando coisas de amor”. Eu havia deixado no Rádio Center uma banda de feras marcianos, mas ainda desconhecidos e “desprestigiados” pela grande indústria, exatamente o ponto-zero em que se encontrava Legião Urbana há dez anos atrás. E eles tocavam num misto de deboche e mágoa com esse lugar reacionário: “Você pensa que dá pra fazer rock’n’roll sem se…” O resto dos leitores podem rimar. E dirigindo-me para o show do Legião a sensação era outra: essa das grandes noites do show business, em que se aguarda um acontecimento pleno. Milhares de automóveis estacionados, filas assustadoras e aprisionantes e, dentro do estádio, a galera inflamada, colorida, devidamente aplicada por todos os meios de informação para o show do ano.
Mas o show terminou em “Tédio com um T bem grande pra você”. O público não engoliu a arte e a arte recusou-se a ser devorada. Nunca Brasília havia batido um recorde tão excepcional em se tratando de produto cultural gerado em suas próprias entranhas. O Legião se fez fora daqui, evidentemente. Ninguém é profeta em sua terra. Surgiu como um canal de contestação musical e poética de um fôlego incomum até mesmo em todo o País. Jogou Brasília pelos ares, literalmente. Hoje é uma das únicas bandas que sabem fazer música popular nova no País. Rock’n’roll basicamente e desses quê, mesmo originados na explosão punk, não deixa de citar Rolling Stones, Beatles e Caetano Veloso. Aliás mais que qualquer outro grupo musical dos anos 80, o Legião teve essa rara felicidade de estar sempre e imediatamente se reciclando e jogando novos dados na fogueira. O lirismo contaminado de “Angra dos Reis” é um belo exemplo - uma desilusão sensual e sensacionalista pra todo esse cenário de armas nucleares, tóxicos, politicagens e repressão.
E a big-música Faroeste Caboclo é a mais crítica das crônicas de Brasília como a morada dos idiotas de toda espécie, coroando o comportamento político de um país que vai “faturar milhões quando vendermos todas as almas dos nossos índios em um leilão”.
Mas voltando ao show. Seriam necessários mil olhos para que tudo se viesse e se pudesse contar. Milhares de versões sobre um só acontecimento: o ato do vocalista e band leader Renato Russo ao retirar-se do estádio, negar-se a continuar o show, em protesto às ondas enfurecidas de pequenos grupos violentos. Um discurso-performance de Russo sobre a dependência das drogas atingiu em cheio a fragilidade de certos adolescentes que alguns subiram ao palco para enfrentar-se fisicamente com o próprio ídolo. Afora a idiotice, foi uma cena dramática de impacto: o fã atacando o próprio ídolo, de quem sabe todas as músicas na ponta da língua. Mas ouvir verdades não é fácil. E Renato Russo domina a platéia. Alguém atirou uma “bomba” no palco. Foi o bastante. O clima de apagou. Ele gritou com os babacas. Cantou toda a saga do Faroeste Caboclo, tentou a calma e entrou em “Será”. De repente, deu de costas para toda aquela multidão de feras consumidoras. Definitivamente, a questão é complexa. O estádio passou mais de 15 minutos estatelado, sem saber reagir. Ia embora? Ficava? Protestava. A “baixaria” começou. Já se sabia que a Legião tinha dado o fora. Com o rabo entre as pernas, a cidade abandonou o gramado e as arquibancadas.
E as correrias dos policiais, os cães, os comentários explodiram. Idiota. Canalha. Palavrões, protestos e adesões ao ídolo. A sensação de ir a Roma e não ver o Papa, de ir pra cama e não estar acompanhado. Enfim, dessa Brasília não esquece. O Renato Russo tem coisas interessantes a dizer. Cada fã que veio da Ceilândia, do Lago Sul, do Cruzeiro, e até das cidades vizinhas, tem também o que dizer. Um show-lição. Um show problema. Essa é uma norma do público em Brasília. Agem corretamente os artistas, os empresários, os produtores, os seguranças? Essa rapaziada toda só tem mesmo vocação para a esculhambação? Imbecilidade tem a ver com rock’n’roll? Que danação é essa?
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