Esta matéria foi publicada originalmente na edição de 4 de março de 1996 do Correio. Sua republicação faz parte do projeto Brasília Sexagenária, que até 21 de abril de 2020 trará, diariamente, reportagens e fotos marcantes da história da capital. Acompanhe a série no site especial e no nosso Instagram.
São Paulo - Foi do avião onde morreu que Dinho, líder dos Mamonas Assassinas, falou pela última vez com a namorada Valéria. “Eram 10h10 (22h10), ele me ligou de Brasília. Ele disse que o avião acaba de levantar vôo e que era para eu buscá-lo no aeroporto dentro de uma hora e dez minutos”.
Quase chorando, ela pediu calma aos fãs: “Tenho certeza que o que ele queria de todo mundo é que ninguém ficasse triste, chorando. Ser alegre, como ele sempre foi”.
Dinho recomendava a Valéria quando ia viajar: “onde quer eu vá você estará junto de mim. Eu acho que é assim que a gente tem que pensar. Cada um tem que ter ele dentro do coração. Em que lugar ele estiver. Pedir que ele tenha paz, porque foi uma coisa muito repentina, que ninguém esperava. É difícil…”
Dinho e Valéria ficariam quinze dias de férias na sofisticada estação de inverno de Aspen, nos Estados Unidos. Isso aconteceria logo que o cantor voltasse de Portugal, para onde deveria embarcar ontem. “Eu ficaria por aqui, esperando, porque meu visto ainda não tinha saído”.
Pitchula - Quem também ficou muito chocada com a morte de Dinho foi Mirela, namorada do cantor quando ele ainda não era famoso. A paixão foi grande. A música Pelados em Santos foi dedicada a ela. Um trecho fala em Pitchula, apelido de Mirela.
O namoro durou quatro anos, quando Pitchula tinha apenas 15. Eles se conheceram quando ela era produtora de um programa da TV Record, Sábado Show. Ele participava de um quadro do programa.
Mirela insistiu muito com Dinho para que a banda Utopia, à qual ele pertencia e que era um grupo de rock, partisse para uma experiência diferente. O conselho foi aceito e surgiu o Mamonas Assassinas.
Da fase de roqueiro Dinho deixou uma parte de seus cabelos para Mirela, que guarda o presente ainda hoje como uma relíquia.
Tanto Valéria como Mirela confessam que Dinho era muito ciumento. “Ele chegava a ser mais ciumento que eu”, diz Valéria.
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