O resultado do exame de coronavírus para o marido da paciente que está com Covid-19 deu positivo. As informações são de integrantes da Secretaria de Saúde. Trata-se do segundo caso da doença no Distrito Federal. A suspeita sobre a condição do advogado de 45 anos existia havia dias. Tanto que o Governo do Distrito Federal (GDF) recorreu à Justiça para que o homem passasse a obedecer ao protocolo de isolamento estabelecido pelo Ministério da Saúde. Ele deveria estar recluso em casa e passar por exames que comprovassem a patologia, mas se recusou a seguir as exigências das autoridades epidemiológicas e continuou a circular pela cidade.
Como o Correio apurou, o advogado desobedecia às orientações para não acompanhar a mulher, internada na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) desde quinta-feira. De acordo com a Secretaria de Saúde, o advogado havia feito o exame em um laboratório particular. Na segunda-feira, a pasta proibiu visitas à paciente com a Covid-19. A comprovação mostra que a Justiça e a Procuradoria-Geral do DF estavam certas em forçar o exame do homem. A decisão saiu ontem pela manhã, expedida pela juíza Raquel Mundim de Oliveira, da 8ª Vara de Fazenda Pública do DF, com base no entendimento de que um direito individual não se sobrepõe a uma questão de saúde pública. Agora, técnicos da Secretaria de Saúde vão avaliar a necessidade de internação ou apenas de uma quarentena domiciliar.
Antes do resultado, o secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, reforçou a necessidade de o caso ir à Justiça. “O problema é que, se tem a doença e pode contaminar, o sistema de saúde precisa saber. A decisão judicial está absolutamente correta, e as regras de isolamento domiciliar e de quarentena devem ser medidas adotadas”, comentou. O casal mora no Lago Sul, viajou para a Inglaterra e para a Suíça e voltou para Brasília em 26 de fevereiro.
Piora
No início da tarde de ontem, a companheira do advogado apresentou piora no estado de saúde. A paciente está com síndrome respiratória aguda severa, com agravamento do quadro respiratório, teve “um pico febril” e segue em situação grave. Além disso, a condição dela passou a ser considerada instável. A mulher está internada desde a última sexta-feira e continua com suporte ventilatório e hemodinâmico, que monitora pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória e saturação periférica de oxigênio.
A paciente tem comorbidades (quando duas doenças afetam alguém) que agravam o quadro clínico e está sob cuidados intensivos de uma equipe multidisciplinar e de suporte técnico-científico no Hran. Ela recebeu o diagnóstico da doença no Hospital Daher, no Lago Sul, e foi transferida para a unidade de saúde pública no dia seguinte. Em 26 de fevereiro, ela e o marido chegaram ao Distrito Federal após uma viagem à Suíça e ao Reino Unido.
Além do caso confirmado, o Distrito Federal tem 59 notificações de coronavírus em investigação, segundo levantamento do Ministério da Saúde, divulgado ontem. De acordo com o monitoramento, 55 registros foram excluídos, e 24, descartados por meio de exames. À reportagem, uma fonte do governo informou que um paciente internado no Hran passou por exame para atestar a presença da Covid-19, mas não teve acesso ao conteúdo da análise.