Denúncias de falta de equipamentos no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e das condições de isolamento da unidade tornaram-se motivo de preocupação para acompanhantes, pacientes e funcionários. Tanto que o Ministério Público e a Câmara Legislativa pediram explicações sobre a situação do local onde está a paciente internada com a Covid-19.
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara, por exemplo, recebeu denúncias sobre a falta de observância dos protocolos de contingência da doença no Hran. Com oito assinaturas, os parlamentares protocolaram ontem o pedido de requerimento de uma Comissão Especial de fiscalização e acompanhamento do plano da Secretaria de Saúde e convocaram a presença do secretário da pasta, Osnei Okumoto, a fim de esclarecer os relatos. Em um dos documentos, a denúncia anônima relata que a paciente diagnosticada com o vírus teria entrado em contato com outras 35 pessoas e que uma delas teria participado do show da banda Maroon 5, no Estádio Nacional Mané Garrincha.
A Promotoria de Justiça da Saúde (Prosus) requisitou à Secretaria de Saúde uma cópia do Plano de Contingência para os casos suspeitos, prováveis e confirmados de coronavírus. A pasta tem 10 dias úteis para enviar o documento. Além disso, o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) deverá encaminhar ao órgão informações sobre a doença no DF.
O Correio apurou que, segundo um servidor, falta Equipamento de Proteção Individual (EPI), principalmente máscaras específicas para lidar com pacientes diagnosticados e com suspeita de coronavírus. “Recebemos uma orientação para usar uma máscara por plantão. Manipulamos muitos pacientes para fazer exames e precisaríamos de equipamentos à vontade”, queixou-se. De acordo com o funcionário, ninguém se sente seguro nos atendimentos. Além disso, a reportagem teve acesso a um alerta registrado no prontuário de um paciente. Segundo o comunicado, uma radiografia de tórax deixou de ser realizada, porque faltavam máscaras e material para coleta do painel viral.
Um vídeo cedido à reportagem também mostrou as instalações onde estão a paciente com a Covid-19 e os casos suspeitos. Eles dividem andar com pacientes de outras patologias, separados só por uma divisória improvisada no corredor. A mãe de Tais Freitas de Lima, 31, encontra-se nesse pavimento. A mulher tem câncer e passou por uma cirurgia. “Eles proibiram até as nossas visitas. Apenas o acompanhante pode ficar lá”, criticou. De acordo com Tais, a mãe dela está com imunidade baixa e se sente insegura em dividir o mesmo piso que pessoas diagnosticadas e com suspeita de coronavírus. “A única orientação que recebemos é de não sair do quarto e manter a janela aberta, para que tenha ventilação. Sentimos é que todos estão despreparados”, explicou.
O Correio entrou em contato com a Secretaria de Saúde e questionou a falta de insumos e as condições de isolamento, porém, até o fechamento desta edição, não recebeu resposta da pasta.