Como o Correio apurou, o advogado desobedecia às orientações para não acompanhar a mulher, internada na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) desde quinta-feira. De acordo com a Secretaria de Saúde, o advogado havia feito o exame em um laboratório particular. Na segunda-feira, a pasta proibiu visitas à paciente com a Covid-19. A comprovação mostra que a Justiça e a Procuradoria-Geral do DF estavam certas em forçar o exame do homem. A decisão saiu nesta terça-feira (10/3) pela manhã, expedida pela juíza Raquel Mundim de Oliveira, da 8ª Vara de Fazenda Pública do DF, com base no entendimento de que um direito individual não se sobrepõe a uma questão de saúde pública. Agora, técnicos da Secretaria de Saúde vão avaliar a necessidade de internação ou apenas de uma quarentena domiciliar.
Antes do resultado, o secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, reforçou a necessidade de o caso ir à Justiça. “O problema é que, se tem a doença e pode contaminar, o sistema de saúde precisa saber. A decisão judicial está absolutamente correta, e as regras de isolamento domiciliar e de quarentena devem ser medidas adotadas”, comentou. O casal mora no Lago Sul, viajou para a Inglaterra e para a Suíça e voltou para Brasília em 26 de fevereiro.
Piora
No início da tarde desta terça-feira (10/3), a companheira do advogado apresentou piora no estado de saúde. A paciente está com síndrome respiratória aguda severa, com agravamento do quadro respiratório, teve “um pico febril” e segue em situação grave. Além disso, a condição dela passou a ser considerada instável. A mulher está internada desde a última sexta-feira e continua com suporte ventilatório e hemodinâmico, que monitora pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória e saturação periférica de oxigênio.A paciente tem comorbidades (quando duas doenças afetam alguém) que agravam o quadro clínico e está sob cuidados intensivos de uma equipe multidisciplinar e de suporte técnico-científico no Hran. Ela recebeu o diagnóstico da doença no Hospital Daher, no Lago Sul, e foi transferida para a unidade de saúde pública no dia seguinte. Em 26 de fevereiro, ela e o marido chegaram ao Distrito Federal após uma viagem à Suíça e ao Reino Unido.
Além do caso confirmado, o Distrito Federal tem 59 notificações de coronavírus em investigação, segundo levantamento do Ministério da Saúde, divulgado nesta terça-feira (10/3). De acordo com o monitoramento, 55 registros foram excluídos, e 24, descartados por meio de exames. À reportagem, uma fonte do governo informou que um paciente internado no Hran passou por exame para atestar a presença da Covid-19, mas não teve acesso ao conteúdo da análise.