Amigos próximos e familiares compareceram à cerimônia de despedida, que reuniu cerca de 100 pessoas na Capela 3. Márcio morava no Cruzeiro Velho, dividia a casa com a avó paterna e estudava rede de computadores em uma universidade particular da Asa Sul. Ele namorava Thais havia dois anos. A jovem, que presenciou o crime, ficou bastante abalada no velório.
Familiares manifestaram revolta com o socorro prestado ao jovem e com a falta de policiamento no local do crime. A ambulância do Samu não tinha equipamentos necessários, segundo relatos, e o socorrista não chegou a acompanhar a vítima não parte traseira do veículo. Além disso, o Hospital de Base do DF não tinha médicos disponíveis quando Márcio chegou. "O socorrista disse que era um corte besta. E, em vez de ir atrás, foi na frente. Isso é omissão de socorro. Houve zero assistência", criticou o pai do jovem, Márcio Ribeiro Rocha, 55.
O corretor de imóveis também reclamou da falta de segurança na região do Conic, onde festas são comuns aos fins de semana: "O Conic sempre foi uma espécie de gueto de Brasília. Hoje, o Estado quer revitalizá-lo, mas não dá condições para o cidadão de bem frequentar. Por que a polícia se ausenta de um lugar desses?", questonou o pai.
Abalada, a namorada de Márcio não concedeu entrevistas. No cortejo, ela distribuiu rosas brancas aos presentes, para que depositassem sobre o caixão de Márcio. A avó da vítima permaneceu na capela durante todo o velório. O pai do jovem passou mal e precisou se afastar no momento em que viu o filho ser sepultado. "É uma dor muito grande", desabafou, às lágrimas.
Dinâmica
O crime aconteceu depois de o casal deixar uma festa no Conic. Enquanto Thais esperava a chegada de um carro de aplicativo, Márcio fez amizade com um homem na saída do evento. Diante da dificuldade de encontrar um motorista que acertasse o endereço, os três caminharam até o terminal rodoviário. Imagens de câmeras na plataforma superior mostram Márcio e o recém-conhecido conversando, enquanto Thais os acompanha mais atrás, olhando para o celular.
Minutos depois, os dois homens parecem discutir, e Márcio é esfaqueado. Em seguida, outros dois suspeitos aparecem correndo para dar cobertura, e o trio foge, deixando o estudante para trás. Thais, que aguardava o carro a alguns metros de distância, teve o celular roubado e voltou ao encontro do namorado. Nesse momento, ela descobriu que Márcio estava ferido e tentou buscar ajuda.
Thais pediu socorro a um motorista de aplicativo, que parou no ponto de ônibus entre o Conic e o Conjunto Nacional, mas o condutor se recusou a levar Márcio no carro. Mas ligou para uma ambulância, que transportou a vítima para o Hospital de Base.