Cidades

Brasília ainda não tem casos de transmissão local do novo coronavírus

Moradora do Lago Sul internada na UTI do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) é a primeira paciente com a doença na capital, segundo o Ministério da Saúde. O quadro clínico da mulher de 52 anos é considerado grave. Ela respira por aparelhos

Correio Braziliense
postado em 08/03/2020 06:00

A paciente de 52 anos está isolada na UTI do Hran desde sexta-feira à noite: paciente tem doença crônica e voltou ao Brasil após viagem pelo Reino Unido e pela SuíçaO Ministério da Saúde confirmou no sábado (7/3) o primeiro caso de infecção por coronavírus do Distrito Federal. A paciente é uma moradora do Lago Sul, de 52 anos. Em situação grave, ela está isolada na unidade de tratamento intensivo (UTI) do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), respirando com auxílio de aparelhos e sendo atendida por médicos de diferentes especialidades. Como ainda não há tratamento específico para infecções causadas pelo vírus, uma equipe multidisciplinar tenta controlar os sintomas, que vão desde perda da força física até tosse com secreção e falta de ar.

 

Testes realizados em um laboratório particular apontaram a doença na última quinta-feira. Porém, ainda era necessária a contraprova do Laboratório Adolfo Lutz, em São Paulo, divulgada por volta das 18h de ontem. O laboratório é um dos três institutos de referência nacional para o caso e analisou os materiais respiratórios coletados pela Secretaria de Saúde.

 

Com a confirmação, o DF tem ainda o primeiro caso de coronavírus do Centro-Oeste. No Brasil, são 19 quadros de infecção pela nova doença.

 

A moradora do Lago Sul ficou oito dias no Reino Unido, passou pela Suíça e chegou ao Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek em 26 de fevereiro. A Grã-Bretanha foi incluída pelo Ministério da Saúde na lista dos 38 países de risco da doença. Por isso, ela procurou o Hospital Daher, no Lago Sul, uma semana depois e passou por exames.

 

O que preocupa o órgão federal e a Secretaria de Saúde do DF é que a paciente se encaixa nas definições de risco. Ou seja, ela faz parte de grupo mais sensível à piora no quadro de infecção devido a outros diagnósticos. A paciente apresentava, antes da contaminação, uma doença crônica ainda não especificada pela Secretaria de Saúde. Pessoas com diagnósticos como asma ou diabetes ou idosas estão mais suscetíveis a óbito após a infecção do coronavírus.

 

Letal

Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o vírus se mostra potencialmente mais mortal em quem tem doença crônica e naqueles com mais de 65 anos, principalmente. Especialistas dizem ainda que a letalidade do coronavírus é maior do que algumas infecções que tiveram cenário de pandemia. “Há três principais motivos para preocupação com o coronavírus. A letalidade é um deles. O vírus produz mais mortes do que o H1N1, por exemplo”, explica Cláudio Maierovitch, coordenador do Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde da Fiocruz Brasília.

 

Os outros fatores que explicam o temor pela Covid-19, de acordo com Cláudio, são a transmissibilidade e a falta de tratamento. “É uma doença que se dissemina rapidamente, ainda mais transmissível que o coronavírus que circulou no mundo entre 2002 e 2003. E ainda não temos medidas como vacinas para esse vírus. Não há nada em específico que possa ser feito contra ele”, afirma o especialista.

 

No caso da paciente internada no Hran, houve um quadro fora do padrão. Cláudio detalha que nem toda infecção pelo coronavírus deixa o paciente em estado grave. “O ciclo de uma doença infecciosa mostra que a pessoa pode adoecer ou não. O corpo produz anticorpos e outros tipos de reações imunológicas que podem eliminar esse agente. Quem consegue, fica curado. Mas não sabemos ainda quanto tempo a pessoa vai ficar protegida contra esse vírus, se ela adquire imunidade ou não”, pontua.

 

Cenário do DF

Segundo o mais recente boletim sobre o coronavírus no DF, divulgado ontem, 30 pacientes estão com suspeita de infecção na capital e aguardam análise do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). O número caiu entre os dois últimos informes. Na sexta-feira, eram 36 casos em investigação esperando resultados. Desde o começo das avaliações, outros 19 chegaram a apresentar sintomas, mas foram descartados e passam bem.

 

Mesmo com a confirmação da doença da paciente do Hran, Brasília segue, até então, sem casos de transmissão local da Covid-19. Ou seja, ainda não há moradores que adquiriram o vírus na capital, sem viagens para outras unidades federativas ou países. Esse fato contribui para o controle da doença.

 

A situação no Centro-Oeste

 

Distrito Federal

1 pessoa infectada por coronavírus

30 casos suspeitos de infecção

19 casos descartados desde o começo dos boletins

 

Goiás

0 infectados por coronavírus

4 casos suspeitos de infecção

12 casos descartados desde o começo dos boletins

 

Mato Grosso

0 pessoas infectadas por coronavírus

6 casos suspeitos de infecção

1 caso descartado desde o começo dos boletins

 

Mato Grosso do Sul

0 pessoas infectadas por coronavírus

6 casos suspeitos de infecção

11 casos descartados desde o começo dos boletins

 

Fonte: Ministério da Saúde

 

Amostra refrigerada

A coleta de amostra é indicada sempre que ocorrer a confirmação de caso suspeito. Ela deve seguir o protocolo de Influenza na suspeita de coronavírus 2019. A amostra deverá ser encaminhada com urgência para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), em caixa térmica com gelo reciclado, que conserva a temperatura entre 2ºC e 8°C. A amostra precisa ser mantida refrigerada e processada dentro de 24 horas a 72 horas da coleta, até chegar ao Lacen. Após esse período, recomenda-se congelar a amostra a pelo menos -20°C, até o envio ao laboratório, assegurando a manutenção da temperatura.

 

Fonte: Plano de Contingência para Epidemia da Doença pelo Coronavírus 2019 do Distrito Federal

 

Cuidados

 

Limpe as mãos regular e minuciosamente, com água e sabão ou com produtos de higiene à base de álcool

 

Mantenha distância de pelo menos um metro de pessoas espirrando ou tossindo

 

Evite tocar regiões como olhos, nariz e boca

 

Para tossir ou espirrar, cubra a boca e o nariz com a parte interna do cotovelo dobrado. Caso use lenços para esse fim, descarte-os em seguida

 

Caso se sinta mal, mantenha-se em casa. Se apresentar sintomas graves (como febre, tosse e dificuldade de respirar), procure um médico

 

Só use máscaras se estiver com sintomas relacionados ao coronavírus ou cuidando de alguém que esteja com a doença. O item só pode ser usado uma vez

 

Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS)

 

*Colaborou Jéssica Eufrásio 

 

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