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Bloco das Montadas conquista o bicampeonato do Troféu #CBFolia

Bloco das Montadas é eleito pela segunda vez consecutiva o melhor bloco do carnaval do Distrito Federal. Bloco do Seu Júlio foi o vice-campeão, e em terceiro lugar ficou o Concentra Mas Não Sai

A 5ª edição do #CBFolia elegeu o Bloco das Montadas como o melhor bloco de carnaval do Distrito Federal de 2020. Pelo segundo ano consecutivo, os componentes atenderam os critérios da comissão julgadora, que levou em consideração animação, estrutura, sustentabilidade e respeito ao próximo. A disputa acirrada ainda levou ao pódio, em segundo lugar, o bloco Seu Júlio, que tinha ficado com o bronze em 2019, e no terceiro lugar, o tradicional Concentra Mas Não Sai, com 20 anos de folia brasiliense. Os finalistas foram anunciados nesta sexta-feira (8/3), no auditório do edifício-sede do Correio Braziliense


Com apenas três anos de existência, o Bloco das Montadas começa a misturar tradição com diversidade. A festa ocorreu no domingo de carnaval, no Setor Bancário Norte, e reuniu cerca de 60 mil pessoas, de acordo com os organizadores. Com o tema, Brasília, uma cidade montada, o bloco trouxe atrações nacionais como o Candy Bloco, uma banda carioca que transforma hits do pop em músicas de carnaval, e a Mulher Pepita, uma cantora trans muito conhecida do público LGBT.

“A gente quis brincar com o nome do bloco, com a questão da montação, já que somos todas drags, e Brasília, que também acaba sendo uma cidade montada. A decoração foi toda branca em homenagem aos monumentos da cidade, e em um determinado momento a gente pixava essa parte branca com as drags colocando cor na cidade”,  relembrou Mary Gambiarra, 30 anos, diretor artístico do bloco.

A diversidade e a inclusão também estiveram nos bastidores de criação do bloco. De acordo os organizadores, foram mais de 200 empregos diretos, além de 20 trans e drags que trabalharam como intérpretes de libra. Para Ruth Venceremos, 35, diretor-geral, o prêmio é resultado de muito trabalho para as comunidades envolvidas. “Para a gente é uma honra participar de mais uma edição desse prêmio, porque a comunidade LGBT está escanteada das políticas públicas. Então, ter esse reconhecimento de um jornal como o Correio Braziliense ajuda a dar visibilidade para a comunidade LGBT”, agradeceu.

Segundo lugar


O troféu de prata foi dado ao bloco mais tradicional de Planaltina, que neste ano, reuniu cerca de 40 mil pessoas. "Seu Júlio", presidente do bloco e quem dá o nome à folia, se emocionou ao receber o prêmio. “Fazemos um trabalho de formiguinha, ao longo de 11 anos. Em 2020, até a semana de carnaval, estava incerta a nossa saída por falta de recursos. Mas vendo minha agonia, os empresários se juntaram para ajudar e o bloco saiu. Agora, nós vamos trabalhar para ano que vem, subir mais um degrau e conquistar o primeiro lugar de melhor bloco do DF”, planejou Júlio Paixão, 59.

Neste ano, o Bloco do Seu Júlio teve um homenageado especial, o professor Mário Castro, 71, conhecido dos moradores de Planaltina como o autor da Via Sacra, historiador, grande influenciador da cultura e escritor. Para ele, foi uma honra participar do evento, que pela manhã contou com atividades para as crianças, e durante a tarde teve muita música para os adultos, sem nenhuma ocorrência policial registrada. “Eu acho que essa premiação significa que Planaltina, que é a mãe de Brasília, está sendo contemplada com uma coisa que ela esperou desde 1892, quando Luiz Cruls esteve nessa região demarcando o Distrito Federal”, ressaltou. 

Festa tradicional de 20 anos é reconhecida


Terceiro colocado do #CBFolia, o Bloco Concentra Mas Não Sai foi reconhecido pelos seus 20 anos de carnaval brasiliense. A tradicional festa, que ocorre nas entrequadras 404/405 Norte, se destacou pelo  clima familiar e, mais uma vez, pela segurança. Cinco mil pessoas participaram da folia, que neste ano homenageou a rainha do samba Beth Carvalho, e também contou com referências aos 60 anos de Brasília.

De acordo com Dilson Rosa, 50 anos, presidente do bloco, é inevitável identificar o crescimento da festa e a preocupação em mantê-la com segurança. “Quando a gente começou, era pra ser a concentração de um bloco muito maior, mas tudo ficou tão bom que a gente simplesmente não saiu. Era só uma mesa de bar com 30 pessoas, e hoje em dia a gente fecha a quadra”, comentou. 

Segundo ele, a indicação para o prêmio do Correio foi uma boa surpresa e o reconhecimento de uma festa que deve continuar sendo para a vizinhança. “Ficamos maravilhados com a indicação. Isso é o reconhecimento do nosso intuito de manter uma festa tranquila e familiar. Neste ano, nós não tivemos auxílio financeiro do governo, então toda a estrutura foi garantida com ajuda dos comerciantes e moradores da região, ou seja, a vizinhança abraça o bloco”, afirmou. 

Pé no chão

 

O subsecretário de Difusão e Diversidade da Secretaria de Cultura, Pedro Paulo, esteve presente na premiação e avaliou a festa brasiliense. “Foi um carnaval com o pé no chão, onde a maior parte dos blocos foi contemplada pelo Fundo de Amparo à Cultura (FAC). O governo montou uma plataforma com artistas da cidade, o que tornou o carnaval bem melhor, mais popular, com índice de criminalidade baixíssimo. Um carnaval de 60 anos, um presente para Brasília”, comemorou.