Cidades

GDF busca passageiros do voo de mulher com teste positivo para coronavírus

Além de tentar identificar quem viajou com a moradora do Lago Sul cujo exame deu positivo para o Covid-19, a Secretaria de Saúde já colocou duas pessoas próximas a ela em isolamento domiciliar

A contraprova do exame que detectou o novo coronavírus em uma moradora de Brasília será realizada pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. As amostras clínicas da mulher de 52 anos serão encaminhadas pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal na manhã desta sexta-feira (6/3), e o resultado deve ficar pronto até domingo (8/3). A contraprova é um segundo teste que confirma ou não o resultado do primeiro, e só depois dela o Ministério da Saúde passa a contabilizar um caso. 

 

Sendo assim, o Distrito Federal ainda não aparece nas estatísticas nacionais de casos confirmados, o que não impediu, contudo, que a Secretaria de Saúde já adotasse medidas para evitar que o Covid-19 se espalhe a partir dessa paciente, que é moradora do Lago Sul e tem 52 anos. Segundo Eduardo Hage, infectologista da pasta, duas pessoas que tiveram contato direto com a mulher estão sendo monitoradas e foram colocadas em isolamento domiciliar. 

 

Além disso, há uma preocupação em identificar e acompanhar os passageiros que estavam nos voos que trouxeram a moradora do Lago Sul de volta a Brasília. Ela chegou no último dia 26 de uma viagem à Inglaterra e à Suíça. “Fizemos contato com parentes para identificar contatos próximos e pessoas com quem ela esteve durante a viagem ou na chegada ao Brasil. Além dos contatos, tentamos identificar todos os voos que envolveram o roteiro de viagem”, afirmou Hage.

 

O especialista explicou que, apesar de a paciente apresentar sintomas semelhantes aos provocados pelo novo coronavírus durante a viagem, as tripulações não alertaram as autoridades sanitárias sobre uma possível infecção, o que levaria à adoção de uma série de procedimentos de prevenção. Agora, portanto, a Secretaria de Saúde está em contato com os governos dos demais locais por onde a paciente passou para conseguir a lista completa de passageiros.

 

Internada na UTI

 

A paciente que pode ser o primeiro caso confirmado de novo coronavírus em Brasília deu entrada, na quarta-feira (4/3), no Hospital Daher, no Lago Sul, após apresentar piora nos sintomas que começou a sentir durante a viagem. Ela ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até que um exame realizado por um laboratório particular deu positivo para o Covid-19, na quinta-feira (5/3). Após esse primeiro resultado, decidiu-se por sua transferência para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), o que ocorreu por volta das 20h30.

 

Em nota, o Hospital Daher informou que ela seria transferida para uma das unidades de isolamento da Secretaria de Saúde devido ao rigor necessário para o combate à epidemia. O Correio apurou que familiares chegaram a recusar o encaminhamento da mulher para a rede pública e tentaram transferi-la para outra instituição particular, o que não ocorreu.

 

A paciente permanecerá, a princípio, na UTI do Hran. Caso seu quadro clínico apresente melhora, ela poderá ser autorizada para continuar em acompanhamento domiciliar. Quando chegou ao hospital do Lago Sul, a paciente estava frágil, apresentando astenia (perda de força física), prostração, inapetência, tosse predominantemente com secreção e dispneia (falta de ar) aos mínimos esforços.

 

Compra de materiais


O secretário de Saúde do Distrito Federal, Osnei Okumoto, afirmou que o GDF reforçou os estoques de insumos na rede hospitalar. Segundo ele, houve a compra de 2 mil óculos de proteção, 10 mil máscaras do tipo N95, 20 mil capotes (vestimenta) e 100 mil máscaras cirúrgicas. “O ministro (da Saúde) fez um pronunciamento dizendo que estão adquirindo insumos necessários para o atendimento. Hospitais pelo país que tiverem necessidade receberão esses itens”, disse Okumoto.

 

Outra medida adotada foi uma reunião entre equipes da secretaria, do Aeroporto de Brasília e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para coordenar ações de prevenção de acordo com o protocolo internacional estabelecido para a epidemia do novo coronavírus. O secretário-adjunto de Saúde, Ricardo Tavares, destacou que, caso algum passageiro apresente sintomas da doença durante a viagem, ele será encaminhado para atendimento hospitalar assim que desembarcar. "É preciso deixar isso claro para a população. Não é porque a pessoa vem de um voo internacional que precisa necessariamente passar por um médico. Se não, criamos uma espécie de barreira sanitária", ressaltou.

 

Oito casos no Brasil

 

O Ministério da Saúde só passará a considerar o caso da paciente brasiliense se a contraprova do Adolfo Lutz confirmar o resultado feito pelo laboratório particular. Em coletiva na quinta-feira, o secretário de Vigilância em Saúde do órgão federal, Wanderson Kleber de Oliveira, informou que, até agora, há oito casos confirmados no país:  seis em São Paulo, um no Rio de Janeiro e outro no Espírito Santo. Dois dos novos casos de São Paulo são de pessoas próximas ao primeiro paciente do país, o que faz com que o Brasil já tenha um caso de transmissão local

Como se manifesta

 

Confira as reações do coronavírus no corpo humano

Sintomas mais comuns
» Febre
» Cansaço
» Tosse seca

Outros sintomas
» Dores
» Congestão nasal
» Coriza
» Dor de garganta
» Diarreia

 

» Em geral, 80% dos pacientes costumam se recuperar sem precisar de tratamentos especiais, mas uma em cada seis pessoas infectadas pelo vírus apresenta sintomas mais sérios, que incluem dificuldade de respirar. Idosos ou diagnosticados com doenças crônicas correm mais risco de lidar com um quadro agudo da doença. Em caso de febre, tosse e dificuldade para respirar, é necessário buscar atendimento médico.

Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS)