Correio Braziliense
postado em 28/02/2020 04:17
Nos últimos tempos, estive muito ocupado com o trabalho e com um projeto. Não tive a chance de retornar ao projeto Feijoada com Samba, do Espaço Cultural do Choro. Mas, vou contar a minha experiência de assistir ao show com Tereza Lopes. A atração deste sábado é Cris Pereira.
Vamos à história.Ouvi falar que a Feijoada com Samba era um programa muito bom. Um amigo baiano malemolente bate ponto por lá quase todos os fins de semana. Porém, antes, ele passa na Feirinha da Torre para tomar um café. E, como se sabe, café de baiano é acarajé, iguaria que tem 323 calorias. Para queimar as calorias, ele segue a pé até o Clube do Choro. Fui lá conferir.
“Cadê Teresa?/Teresa minha nega/Gosto muito de você.../Cadê Teresa?”. O samba de Jorge Benjor foi a senha musical para a entrada de Teresa Lopes ao palco. Ela chegou e ocupou a cena com categoria, imediatamente. Mas, antes, circulava entre as mesas, na varanda. Ela é puro samba no ritmo de andar, na cadência, no afeto, no carisma e no senso de humor.
Teresa domina a tradição do gênero, imprime a sua voz e renova canções clássicas com a interpretação delicada. No início do show, ela avisou que o público poderia pedir algumas canções. Mas Teresa cantou um repertório de primeira linha, que passeou por Geraldo Pereira e Caetano Veloso, passando por Paulinho da Viola e Serginho Meriti: “Deixa a vida me levar/Vida leva eu”. O samba de verdade nunca foi datado, o samba é moderno e eterno.
O projeto transforma as varandas do Espaço Cultural do Choro em terreiro de samba. Sei que existem inúmeras maneiras de se divertir. Mas eu sou família: adoro ir ao Estádio Mané Garrincha e ver as mães e os pais com as crianças penduradas. Várias crianças e adolescentes com Síndrome de Down caíram na dança. O samba é democrático, é inclusivo.
A feijoada é de qualidade; e samba abre o apetite. Você pode ouvir, peneirar-se na cadeira, levantar-se, dançar em frente ao palco ou, simplesmente, ficar atento e contemplar silenciosamente. Ou, então, fazer tudo isso ao mesmo tempo. Quem criou o projeto foi Marília, filha do Reco do Bandolim. Aí, que samba bom! É um programa saboroso. Saí de lá mais alegre, energizado e leve.
Cheguei para o plantão no sábado, fiz a maior propaganda da Feijoada com Samba na redação. Um companheiro de trabalho ficou vivamente interessado. Todavia, ponderou que era exigente com gastronomia. Insistiu em se certificar se a feijoada era mesmo boa.
Positivo, confirmei, mas fiz questão de alertar que, em contrapartida, Reco do Bandolim, comandante do Espaço Cultural do Choro, também é exigente com os espectadores. Em todos os shows, repete o mantra: “Eu só gostaria de lembrar ao público que nos prestigia que o prato principal aqui é a música. Obrigado, e bom espetáculo”. A atração deste sábado é Cris Pereira.
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