As cenas de horror presenciadas pelos moradores da QR 425 de Samambaia seguem vivas na memória. Desesperadas, mais de 50 pessoas ajudaram no combate ao incêndio da casa da família de Romaria. “Estava chovendo, mas consegui sentir o cheiro de queimado e comentei com o meu marido que algo estava errado. Quando saí na rua, percebi a fumaça e fiquei desesperada. Comecei a gritar, pedindo ajuda. Pouco tempo depois, vi Romaria e a chamei. Ela caiu no chão”, contou a vizinha Alessandra Zeferino da Costa, 35.
De acordo com a mulher, todos começaram a pegar baldes para conter o fogo. “Daniel pulou o muro por dentro da minha casa e abriu o portão. Pouco tempo depois, entrou no meio das chamas e saiu com o Adryan nos braços. Os dois estavam completamente queimados”, relatou. Em seguida, a criança foi levada à casa de uma vizinha. “Tínhamos chamado os bombeiros, mas demoraram muito. Todo mundo estava com baldes, pegando água da enxurrada da rua e jogando na casa. Não gosto nem de lembrar”, disse.
Outra vizinha, Mayara Reis, 25, contou que a família de Romaria se mudou há cerca de um mês para a residência. “Estava tomando banho e, quando saí do banheiro, percebi a fumaça. Só vi o pai saindo com o menino de casa e falei para trazê-lo (Adryan)”, afirmou. Segundo a mulher, Adryan estava consciente quando saiu da casa. “Ele só se queixou de dor nos pés, que estavam muito machucados. Sempre me oferecia os bracinhos e chorava muito. Depois disso, quero me mudar daqui. Toda vez que vejo a casa lembro do que aconteceu.”
“O nome tragédia não chega perto do que a gente vivenciou”, ressaltou Katiane Diniz, 28. Ela mora no fim da rua onde aconteceu o incêndio e disse que o cheiro forte de fumaça chegou à residência dela. “Todos tentamos ajudar de alguma forma. Quando as crianças vivas tinham saído, vimos Daniel indo à casa da família dele, que fica aqui perto. Parecia que ele sabia que não aguentaria e estava indo se despedir”, relembrou.