Outro bloco que celebrou a diversidade foi o Concentra Mas Não Sai. O evento acontece há 21 anos na CLN 404/405 Norte, e ontem começou cedo, às 15h, reunindo famílias de foliões. A dentista Ana Paula, 45, e o engenheiro civil Gabriel, 44, têm a tradição de ir à festa todos os anos com os filhos Iza, 10 e Marco, 7. Outra companhia que não pode faltar é a da cachorrinha Bisteca, a cachorrinha. Todos foram fantasiados como os personagens do desenho Caverna do Dragão, da década de 1980. “Todos os carnavais eu costuro fantasias para nós. Em anos anteriores, viemos de Super Mario, Minions e de Game Of Thrones. É uma alegria e nos divertimos bastante. O bloco é tranquilo e encontramos muitos conhecidos por aqui”, disse Ana Paula, moradora da Asa Norte.
Não à toa, que o Concentra também é conhecido popularmente como o bloco da Vizinhança. Vários moradores da região saíram das casas para festejar juntos. A celebração é histórica para alguns. As servidoras pública Andréa Pinheiro, 56, e Virgínia Camargo, por exemplo, são amigas desde 1977 e curtem o carnaval em companhia desde esta época. “Antigamente, curtíamos os famosos bailes dos clubes de Brasília, no Iate e no Minas. Desde então, não nos desgrudamos”, brinca Virgínia. Neste ano, a dupla foi ao bloco fantasiada de caveira mexicana. “Há quatro anos viemos para esse evento. É muito divertido, seguro e ótimo para quem quer vir com os filhos”, disse Andréa.
Moradores da 205 Norte, Clecy Alves, 86, e Benedito da Costa Alves, 90, foram atraídos a descer do apartamento por causa do churrasquinho. “Não temos costume de pular o carnaval, mas sempre que tem festa na quadra a gente vai para ver o movimento e apreciar as comidas”, diz Clecy. “ São canções muito animadas e bonitas”, revela Benedito.
Folia com fé
Religiosos também marcaram presença, de uma forma diferente. O grupo jovem da Igreja Batista Capital decidiu levar conscientização para a curtição. “É uma celebração complicada e boa parte das igrejas faz retiros para afastar os jovens. Remete a uma festa muito da carne, então decidimos ir para falar de Jesus”, avaliou Daniel Santana, 23, estudante e participante do projeto. Cerca de 40 jovens estiveram no bloco e ofereceram orações, água, brigadeiros e até tranças com glitter aos foliões.