Cidades

Após morte de ex-diretor, CEF 410 terá psicólogos na volta às aulas

Escola reabre as portas nesta segunda-feira (10/2), após morte por envenenamento do ex-diretor Odailton Charles. Secretaria de Educação vai disponibilizar profissionais para prestarem apoio a professores e estudantes

Equipes de pedagogos e psicólogos acompanharão os professores e estudantes do Centro de Ensino Fundamental 410 Norte no primeiro dia de aula, que será nesta segunda-feira (10/2), segundo informou a Secretaria de Educação. Os alunos retornam à escola em meio às investigações da morte do professor Odailton Charles de Albuquerque Silva, 50 anos, que morreu envenenado, possivelmente na instituição, segundo a Polícia Civil. Os profissionais foram designados pela Coordenação Regional de Ensino, pela Subsecretaria de Gestão de Pessoas e pela Diretoria de Saúde ao Estudante.

De acordo com a pasta, a equipe ficará responsável por dar suporte à gestão escolar ao longo de todo o dia. Durante a última semana, serão promovidas rodas de conversa e haverá atendimento psicológico aos docentes da unidade. A instituição vive um grande drama após a morte do ex-diretor. Do lado de fora da escola, uma faixa preta foi colocada no portão, com a mensagem: “CEF 410 N em luto”.

Odailton Charles passou mal depois de visitar a unidade em 30 de janeiro. O episódio foi relatado pela própria vítima em um áudio, no qual afirma ter sido mal recebido na escola e ter sofrido um mal-estar depois de tomar um suco de uva oferecido por uma colega de trabalho. Ele foi levado ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde morreu na terça-feira, depois de passar cinco dias internado. A versão, no entanto, é contestada pela direção da escola. Em nota, a instituição ressaltou que não foi oferecida nenhuma bebida ao professor e que ele teria consumido apenas água, por vontade própria. A diretoria acrescentou que, em nenhum momento, o docente teria ficado sozinho com a suposta servidora que teria oferecido o suco.

O caso é investigado pela 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte). Na perícia ficou confirmado o envenenamento por aldicarbe, substância presente em raticidas, como o chumbinho. Os investigadores pediram uma análise para confirmar a presença de suco de uva, mas não foi possível determinar se o professor tomou o líquido. A hipótese, contudo, não está descartada.

Corrupção

A polícia investiga se um suposto esquema de corrupção na unidade escolar tem relação com a morte do professor. Em um áudio enviado pelo WhatsApp para um amigo, Odailton Charles afirmou que buscaria documentos na instituição em 30 de janeiro e, em seguida, abriria uma denúncia contra a Coordenação Regional de Ensino. Na mensagem, ele disse que tinha provas para denunciar “irregularidades” no CEF 410, como documentos particulares, extratos bancários e áudios.

A reportagem apurou que, no ano passado, o CEF 410 Norte recebeu da Secretaria de Educação dois repasses financeiros, por meio do Programa de Descentralização Financeira e Orçamentária (PDAF): o primeiro, em 14 de maio, no valor de R$ 27,7 mil; o segundo, de R$ 16,2 mil, liberado em 19 de dezembro. A pasta, no entanto, não informou como o dinheiro público foi gasto e afirmou que, em janeiro deste ano, a escola passou por manutenções, como a instalação elétrica da sala de informática, troca de piso em algumas salas e na direção, manutenção de todos os banheiros, reparos no aparelhos de ar-condicionado, pintura interna das salas, instalação de ventiladores no pátio da unidade e reparos na parte elétrica.

O Correio apurou que neste sábado (8/2) a polícia não colheu depoimentos e que, a partir desta segunda-feira (10/2), começará a ouvir servidores, funcionários e três policiais militares que passaram na escola em 30 de janeiro, além da equipe do Corpo de Bombeiros que socorreu Odailton ao Hran.