Vídeo que circula nas redes sociais mostra duas transexuais sendo agredidas por um motorista de Uber no DF. As duas passageiras são as manicures Melissa de Menezes Sousa, 20 anos, e Érika Muniz, 21. O caso ocorreu por volta das 11h30 desta quinta-feira (6/2). De acordo com Melissa, a atitude do motorista foi motivada por transfobia.
Elas registraram boletim de ocorrência na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrim). As duas também vão passar por exame de corpo de delito. Por meio de nota, a empresa responsável pelo aplicativo de caronas informou que o motorista foi suspenso e que não tolera discriminação.
As amigas estavam indo para casa, na Asa Norte, saindo do Edifício Via Brasil, na 710 Sul, e pediram um carro pelo aplicativo. “Quando o motorista chegou nos deu bom dia, nós respondemos. Em seguida, ele perguntou se teria como a gente se retirar, e nós perguntamos o porquê. Ele não falava. Foi quando começamos a dizer que íamos chamar a polícia”, lembra Melissa.
Foi então que, de acordo com ela, começaram as agressões. “Ele começou a me agredir, quando viu que eu estava filmando tirou meu celular e o jogou no chão, me tirou do carro. Durante o ato, ficava me chamando de viado, foi super transfóbico. E todo mundo ficava olhando, ninguém fez nada”, relata. “Uso Uber para todo lugar, isso nunca tinha acontecido”, lamenta.
O vídeo foi divulgado pelo deputado distrital Fábio Félix (PSol), que disse ter recebido a gravação por meio de coletivos LGBTs e, depois, as próprias meninas o procuraram. “A gente se colocou à disposição. Abrimos a Comissão de Direitos Humanos. Colocamos os funcionários da CLDF à disposição. Além disso, entramos em contato com a Uber para reportar o que aconteceu e já passamos todos os dados do motorista”, explica o deputado.
Ele alerta que qualquer pessoa que passe por uma situação parecida deve fazer a denúncia. “Eu recomendo ir à Decrim, que fica na sede da Polícia Cívil, e vir à Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que aqui tem funcionários capacitados para atender”, explica. “Infelizmente, isso vai continuar acontecendo. A Uber tem que dar formação e determinar regras de respeito à diversidade”, conclui.
Em nota, a Uber informou que já tomou ciência do caso e que o motorista já foi suspenso. “A Uber não tolera qualquer forma de discriminação em viagens realizadas em sua plataforma. Assim que recebemos a denúncia, suspendemos o motorista do aplicativo. Em casos dessa natureza, a empresa fica à disposição para colaborar com as autoridades e compartilhar informações sobre os envolvidos, observada a legislação aplicável”, diz a nota.
A transfobia é crime, com punição prevista de três a cinco anos de prisão. Em dezembro, um motorista da Uber também foi expulso da plataforma depois de se recusar a levar uma transexual no Rio de Janeiro.