Cidades

Economia começa a andar em 2020

Com o fim do recesso no Legislativo e no Judiciário, por exemplo, o setor de prestação de serviços, como bares e restaurantes, prevê crescimento de 5% a 10% no movimento, em relação a janeiro



Com a chegada de fevereiro, Brasília vai, aos poucos, recuperando a rotina. Ontem, Congresso Nacional e Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) retomaram as atividades parlamentares após mais de um mês de recesso. Também nesta segunda-feira, teve início o ano judiciário, com sessão solene no Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, especialistas e comerciantes estão otimistas para o crescimento econômico na cidade.

Segundo o presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes do Distrito Federal (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, há uma expectativa de aumento de 5% a 10% no movimento de bares e restaurantes, em relação a janeiro. “A rede hoteleira também tem impacto significativo, com a volta do Congresso Nacional. Em janeiro, é muito ruim para esse setor. Os empresários estão otimistas”, detalha.

Um deles é o maître Liomar Sousa, do restaurante Nau Frutos do Mar, no Lago Sul. Ele acredita que, em comparação com o primeiro mês do ano, deve haver um aquecimento econômico de 60% em fevereiro. “Sem os parlamentares, o movimento é bem fraco. Principalmente no primeiro bimestre” ressalta Liomar.

Na 402 Sul, funcionários do restaurante Lake’s estimam um crescimento de 70%. “A maioria dos nossos clientes são parlamentares. Eu diria que 75% deles. Então, há um impacto grande, porque não são só eles, mas advogados, governadores e empresários que os acompanham”, relata a recepcionista do estabelecimento, Telma Itacarambi.

Coordenador do programa de mestrado e doutorado em economia da Universidade Católica de Brasília (UCB), José Ângelo Divino explica que, como Brasília é uma cidade dependente do setor de serviços, o retorno ao trabalho dos parlamentares, acompanhados de familiares, assessores e demais membros dos gabinetes, gera uma demanda extra na economia local. “Durante o recesso, já que muitos são de fora, há uma queda na demanda.” A procura, a partir de fevereiro, no entanto, é maior no Plano Piloto. “É um número razoável de pessoas com renda diferenciada, então o impacto é, com certeza, importante.”

Hotéis

A rede de hotelaria do DF também é diretamente influenciada neste mês. A rede hoteleira Plaza, na Asa Norte, espera um crescimento de 39% em relação a janeiro. “No ano passado tivemos uma alta de 39% entre os dois primeiros meses. Este ano, estamos com a mesma projeção. Apesar de o impacto em relação aos parlamentares não ser alto, temos uma grande procura entre os empresários que vêm à cidade para congressos e reuniões”, conta o gerente comercial da rede, Saulo Borges.

Francisco Maia, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), explica que, em janeiro, a ocupação nesses empreendimentos é, em média, de 30%. Com o fim do recesso, no entanto, pode chegar, durante a semana, a 80% de lotação.

“Em Brasília, existe muito o turismo de negócios, ou seja, muitas pessoas vêm à cidade, a partir do momento que o Congresso começa a funcionar normalmente”, avalia. “Chegam, a todo momento, pessoas para reuniões, entidades que defendem interesses e querem acompanhar votações no plenário, grupos que se reúnem para eventos. Isso tudo contribui para a economia.”

Segundo ele, fevereiro é o mês aguardado pelos comerciantes. “O Rio de Janeiro tem festivais musicais, São Paulo tem feiras corporativas, Gramado (RS) tem o Natal, e nós, temos a abertura do Congresso Nacional. É o nosso grande evento”, compara.

Ponderação

Apesar do otimismo, no entanto, especialistas mantêm a ponderação. Ainda de acordo com Francisco Maia, em 2020, o primeiro semestre promete ser mais lucrativo do que o segundo. “É ano de eleições municipais, então, a partir das prévias dos estados, as pessoas saem para participar das campanhas nas suas cidades.” A partir do início da corrida eleitoral, a expectativa é de que muitos políticos retornem às respectivas bases, acompanhados das estruturas de apoio.

O economista do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF) Ronalde Lins explica que o impacto econômico em fevereiro não é tão grande. “É uma questão psicológica. Sim, a Câmara e o Senado voltam a movimentar o cenário, mas vamos lembrar de que o país não para durante o recesso”, ressalta. “O problema é que todos os setores estão parados. O comércio é mais influenciado porque o servidor almoça fora, passa no mercado e compra alguma coisa. Mas, com a volta do Congresso, a economia cresce mais no sentido macro, do que micro.”