Cidades

Memória digitalizada

Projeto da UnB quer divulgar versão digital de toda tese e dissertação defendida na universidade desde a fundação




Resgatar memórias e compartilhar conhecimento. Esses são os principais objetivos do novo projeto da Biblioteca Central da Universidade de Brasília (BCE-UnB), que pretende digitalizar todas as teses e dissertações defendidas desde a fundação da universidade, em 1962, até 2006, ano em que a entrega do trabalho digital tornou-se obrigatório. No período anterior, cerca de 15 mil trabalhos dos programas de pós-graduação foram apresentados. O intuito é permitir que tanto a comunidade universitária quanto a população em geral tenha acesso às pesquisas realizadas por alunos de mestrado e doutorado. Todo o material será disponibilizado gratuitamente em uma plataforma digital. (veja em Como acessar as teses e dissertações da UnB).

A diretoria da BCE separou um espaço com máquinas e scanners, que funciona como laboratório, para a realização do trabalho. Os equipamentos foram oferecidos pela administração da UnB, e o projeto ainda conta com recursos da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF), alcançados por meio da aprovação de um edital. “A biblioteca está atuando no mundo digital na divulgação desses conteúdos. A ideia é facilitar o acesso para as pessoas não precisarem vir pessoalmente e acessar tudo por um dispositivo de forma rápida, confortável e segura e, assim, terem mais conhecimento”, explica o diretor da BCE, professor Fernando César Lima Leite.

Todos os trabalhos terão versão com acessibilidade para pessoas com deficiência visual e auditiva. Até o momento, foram digitalizados materiais da Faculdade de Ciências da Computação. Estão em andamento as teses e dissertações da Faculdade de Comunicação e Faculdade de Engenharia. Ainda não há prazo para a finalização das digitalizações, mas a equipe está animada e esperançosa para que tudo seja divulgado o quanto antes. “O intuito é lançar a plataforma no início do semestre, em março, mas é bastante coisa. Vamos alimentando o site aos poucos. Temos digitalizado de nove a 10 trabalhos por dia, mas vai andar mais rápido, porque uma das máquinas que ganhamos digitaliza 90 páginas por minuto. Então, quanto mais rápido, melhor”, ressalta o professor.

Ele destaca que o projeto pretende beneficiar a comunidade como um todo. Além das teses e dissertações, há outro projeto de digitalização dos demais materiais reunidos na BCE, como partituras, obras raras e manuscritos medievais. “São pequenos tesouros reunidos no mundo físico e que as pessoas precisam ter conhecimento que existem. A ideia de digitalizar é colocar na internet para oferecer mais material para novas pesquisas”, diz Fernando.

A bibliotecária Sueli Assis é uma das integrantes da equipe que digitaliza os materiais. Ela conta que são analisados documento por documento para saber em qual máquina deve ser escaneado. “Parece ser um trabalho fácil, mas não é. Essa análise leva tempo. Depois, ainda editamos as folhas, tiramos a sujeira, os amassados, para que facilite a leitura no meio digital”.

Dedicação

Além de bibliotecários, o projeto conta com o apoio de bolsistas — alunos da UnB selecionados para receber bolsa remunerada. A estudante de museologia Ana Elvira Valadares, 20 anos, lembra que viu cartazes espalhados pela UnB com a proposta do projeto e se interessou. “Achei muito legal, porque é uma área em que quero atuar. Em ciência de informação, fiz alguns projetos com plataformas digitais novas que estão aplicando nos museus do país todo e vi nesse projeto uma boa oportunidade”, revela.

Ao todo, seis bolsistas foram escolhidos. Ana disse que não falta trabalho e que existe uma parceria entre todos. “Às vezes, um fica sem scanner e pede para o outro. Não falta coisa para fazer. O que me motiva todos os dias é saber que tem gente levando conhecimento para pessoas que não podem vir aqui. Por isso, tenho interesse em mexer com museologia digital”, conta a estudante.

Para o aluno de biblioteconomia Marcus Augusto Guedes, 19, a experiência também é uma oportunidade de mostrar a amplitude da UnB e os projetos realizados pela biblioteca. “Ela é tão grande. Isso que fazemos é apenas um pedaço do que a gente pode fazer para ajudar, ainda mais na área digital, que é o futuro. E nos dá uma base do que podemos fazer na profissão”, afirma.

Autorização

Apesar do trabalho gratificante para quem participa, durante o processo a equipe encontra algumas dificuldades, inclusive jurídicas. Para divulgar os trabalhos defendidos antes de 2006, é preciso a autorização do autor. “Precisa da assinatura de um termo. E, como faz muito tempo, precisamos que essa informação chegue a todos. Aqueles que defenderam antes desse ano devem entrar em contato conosco (veja em Como entrar em contato com a Biblioteca Central da UnB)”, informa a coordenadora da Gestão de Informação Digital (GID) da BCE, Patrícia Nunes.

Ela ressalta que muitos trabalhos não são divulgados na íntegra, porque parte das obras tem direito autoral. “Quem for ler vai saber que existe determinada informação ali, mas não vai ter acesso ao texto na íntegra. Isso acontece mais com os textos atuais. A gente dá essa opção de divulgar completamente ou parcialmente. Os mais antigos, acredito que serão divulgados completos”, diz Patrícia.

Como acessar as teses e dissertações 
defendidas na UnB repositorio.unb.br

Como entrar em contato com a Biblioteca Central da UnB
Pelo e-mail projetodigitalizacaounb@bce.unb.br ou pelos telefone (61) 3107-2687 
ou (61) 3107-2688


» Desde a fundação da UnB até 2006, cerca de 15 mil teses e dissertações 
foram defendidas. O material será todo digitalizado.