Cidades

Homenagens a Dom Bosco

Para celebrar o dia do copadroeiro de Brasília, o santuário que leva o nome do santo organizou, ontem, uma missa


Amado pela juventude, sonhador e criador do sistema preventivo de educação, São João Bosco tem um legado de muito valor para a capital federal. “O brasiliense faz parte do sonho do santo. Agradecê-lo com essa festa é de extrema importância”, ressalta o padre Jonathan Costa, responsável pelo Santuário Dom Bosco, cartão-postal da cidade, na 702 Sul.  Ontem, o local organizou diversos eventos à comunidade e homenageou o santo representante dos jovens e de Brasília, cidade da qual é copadroeiro (com Nossa Senhora Aparecida).

A festa começou às 7h com uma missa e uma benção especial aos enfermos. Às 8h30, mochilas de alunos foram abençoadas. No começo da noite, a programação seguiu com a celebração da família salesiana e, às 19h30, houve encerramento solene.

Na missa da manhã, presidida pelo padre Márcio Teodoro, parte dos fiéis receberam a benção no centro da igreja, enquanto outros entoavam cânticos. Na celebração dedicada a crianças e adolescentes, o espaço foi tomado pela juventude, assim como queria Dom Bosco. “O grande legado que o Santo deixou é o sistema preventivo, que tem uma grande preocupação com o nível intelectual dos alunos, em dar suporte para que o estudante tenha sucesso nas escolhas”, relatou Neusa Rosa, 59, diretora escolar.

Maria Cecilia Silva, 62 anos, moradora do Núcleo Bandeirante, segue os ensinamentos de Dom Bosco há 15 anos, mas teve a oportunidade de conhecer o santuário ontem. “Aqui é tão lindo, é a primeira vez que entro. Estou muito feliz, ainda mais nesta data especial, na qual o festejamos”, enalteceu.

Segundo os fiéis, as lições do sacerdote transformam a vida dos cristãos. Nicolas Barbosa, 21, morador de Ceilândia, é missionário salesiano e participou das comemorações em homenagem ao dia de São João Bosco. “Depois que o conheci, minha vida mudou completamente. Antes, eu era uma pessoa radical, não queria fazer nada”, contou.

Profecia

Brasília foi profetizada pelo santo cinco anos antes de morrer e 77 anos antes da construção da nova capital do Brasil. Pelo tal feito, tornou-se o copadroeiro da cidade. O Santuário de São João Bosco representa o elo entre a visão dele e os planos de Juscelino Kubitschek.

O sonho profético relatado no livro Memórias Biográficas de São João Bosco, de João Batista Lemoyne, ocorreu em 30 de agosto de 1883. Na visão, ele sobrevoa o oceano até as Cordilheiras dos Andes e vê, entre os paralelos 15 e 20, uma civilização surgir em torno de um lago. “Nós, fiéis, enxergamos aí uma previsão do futuro”, explica o padre Jonathan Costa.

Segundo ele, a Ermida Dom Bosco fica exatamente no paralelo 15.  O santo viu também a civilização prosperar. “O desenvolvimento da região de fato ocorreu. Muitas pessoas vieram a trabalho, e indústrias surgiram. Dom Bosco conseguiu ver o invisível”,  diz.

Educação

De acordo com o padre responsável pelo santuário da 702 Sul, o caminho pastoral de Dom Bosco surgiu quando, em um sonho, ele viu-se a brigar com outros meninos. Um homem, então, aproximou-se e disse para educar, não com pancadas, mas com amor. “Muitas crianças saíam do campo, a maior parte órfã, partiam para grandes cidades em busca de emprego e acabavam na rua passando fome, vivendo no crime ou como mão de obra barata por pessoas exploradoras”, contextualiza Jonathan.

Dom Bosco fundou a Congregação Salesiana e tinha o objetivo de ministrar ensinamentos profissionais para seus discípulos, como explica o padre Márcio Teodoro. “Dom Bosco também buscou educar o jovem para o mundo, na carreira profissional.”

Sheyla Abreu, 40, mora no Guará e conta que sua filha Ayla Abreu, 11, foi educada pelo sistema preventivo de educação. “Quando procurei escola para a minha filha, o meu maior critério é que precisava ser cristã, justamente por acreditar nessa educação para os jovens. São valores morais e não só conteúdo acadêmico” ressalta.

A opinião é compartilhada por Cristiane Gonçalves Cabral, 40, moradora de Ceilândia. O filho dela, Fred Nei Gonçalves, 9, só pôde estudar no colégio particular por conta de descontos gerados pelo sistema preventivo de educação. “Sempre quis matricular meu filho em uma escola cristã, contudo, não tenho condições financeiras. Com a bolsa de estudo, foi possível. Acho que vai ser bom para o desenvolvimento dele, para construir um grande caráter”, almeja.

*Estagiários sob supervisão de Marina Mercante