O jornalista e ex-presidente da extinta Radiobrás Antônio Martins de Vasconcelos morreu na tarde de ontem, aos 78 anos. Há dois anos, ele lutava contra a esclerose lateral amiotrófica (ELA). Martins estava internado havia 23 dias e, após, ser liberado para o tratamento em casa, teve uma piora e apresentou um quadro de pneumonia, que o levou de volta ao Hospital DF Star, na Asa Sul. Por volta das 16h30, o jornalista teve uma insuficiência respiratória, que culminou em uma parada cardíaca.
Antônio Martins nasceu na cidade de Crateús, no oeste cearense. Em Recife (PE), foi seminarista, mas decidiu deixar de lado a carreira religiosa para aprofundar os estudos em jornalismo. Ainda no Nordeste, foi secretário de Comunicação de Pernambuco.
Durante o regime militar, foi colunista do jornal O Globo, onde trabalhou com o atual secretário de Cultura do DF, Bartolomeu Rodrigues. Antes de vir a Brasília, o cearense também assumiu uma coluna no Jornal do Brasil. No rádio, Martins se destacou por presidir, de 1987 a 1990, a antiga Radiobrás, hoje parte da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
De acordo com o secretário, o amigo deixa um valioso legado. “Ele foi uma figura importantíssima durante o governo Sarney, e para a história do rádio. Foi meu chefe no jornal O Globo e, quando estive no jornal O Estado de S. Paulo, me orgulhava por saber que ele havia emoldurado um artigo meu sobre a importância do rádio na comunicação. Minha geração de jornalistas está de luto”, afirmou Rodrigues.
Paulo Fona, amigo e ex-secretário de Comunicação dos governos Joaquim Roriz, Rodrigo Rollemberg e Yeda Crusius (RS), também lastimou a perda: “Martins era uma pessoa especial. Com seu jeito tranquilo e sensível, tinha a incrível capacidade de ouvir e de analisar a realidade política de maneira rápida e consistente. Vai deixar muita saudade”.
Outros jornalistas exaltaram o amigo e colega de profissão. “Antônio Martins, além de ter sido um amigo e irmão foi, acima de tudo, meu mestre. Ele me orientou a caminhar pela estrada da vida”, disse Ana Tavares, ex-porta-voz do governo Fernando Henrique Cardoso. “Martins foi exemplo para mim. Alguém que me abriu portas e, principalmente, indicou caminhos certos”, acrescentou Paulo Félix.
Para o filho e sócio da produtora de rádio Som&Letras, fundada por Antônio Martins, Heder Martins, a partida do pai vai deixar saudades. “Ele foi um homem único para a comunicação, para o rádio e para a família”, pontuou.
O jornalista deixa cinco filhos. De acordo com a família, o velório está marcado para hoje, a partir das 11h30, na capela especial do Cemitério Campo da Esperança. O sepultamento deve ocorrer às 15h.